Capítulo 3

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POV Narrador

— Você poderia me dar licença por um minuto, Hadise? — Hande pediu, tentando manter a calma, embora a chefe parecesse não a ouvir. — Hadise! — Chamou novamente, desta vez com um tom mais firme.

— O quê? — Hadise ajeitou os óculos, fechando a boca que havia ficado entreaberta desde que Kerem saíra da sala. Ainda perplexa com o ocorrido, ela tentou se recompor. Aquele fotógrafo de quinta categoria tinha um tipo de charme que a morena desconhecia, mas que definitivamente queria arrancar com um soco. — O que foi, Hande?

— Poderia me dar licença por um minuto? — Hande repetiu, forçando um sorriso simpático que disfarçava o turbilhão de fúria crescendo dentro dela.

— Claro, preciso resolver algumas coisas de qualquer maneira. — Hadise desviou o olhar, ocupando-se em arrumar a pilha de papéis sobre a mesa. Aquela poderia ser a futura mesa de Hande, se dependesse da sua vontade.

— Obrigada. — Hande agradeceu rapidamente, levantando-se com firmeza.

Ela ajeitou o vestido acinturado e caminhou com passos determinados atrás de Kerem. Aquilo não ficaria assim — se não ela não se chamasse Hande Erçel.

— Caner, você viu o Bürsin? — Perguntou ao colunista esportivo, que estava concentrado em sua mesa improvisada no centro da redação. Ele era conhecido por não perder nada do que se passava ao redor.

— Está na copiadora, foi imprimir o cronograma das sessões da semana. — O moreno respondeu sem sequer levantar o olhar, como se não se importasse com a urgência de Hande. Ela sempre o achou um pouco estranho, e naquele momento teve certeza disso.

— Hã, obrigada. — Disse baixo, mas apostava que ele tinha ouvido.

A copiadora não ficava longe dali. Hande dobrou três corredores até chegar à pequena sala. O barulho das máquinas em funcionamento criava um ambiente caótico, e por isso a sala geralmente permanecia fechada. Ela encostou-se no batente, respirando fundo, tentando reunir todo o equilíbrio para não voar em cima de Kerem naquele instante.

A porta se abriu, e lá estava ele, com seu sorriso debochado e olhos brilhando de satisfação.

— Erçel! — Kerem exclamou, surpreso, mas claramente se divertindo com a raiva visível no rosto da morena. — Estamos nos esbarrando bastante hoje, não acha? — Ele cruzou os braços sobre o peito, destacando os músculos definidos que se apertavam sob a camisa preta.

— Infelizmente, trabalhamos no mesmo lugar. — Hande o empurrou de volta para dentro da sala, fechando a porta com força atrás de si. Kerem arregalou os olhos por um breve instante, claramente tentando adivinhar se Hande o atacaria ou o agarraria ali mesmo. Pela intensidade no olhar dela, apostava na primeira opção.

— Por falar em trabalho, e-eu realmente preciso ir... — Tentou sair, mas Hande bloqueou o caminho, seus braços pequenos e decididos impedindo qualquer movimento dele.

— Você não vai sair daqui. — Hande disse, sua voz firme e inabalável enquanto se aproximava ainda mais. — Não até me explicar que palhaçada foi aquela na sala da Hadise. — Seus olhos faiscavam de raiva enquanto encarava Kerem.

— Ela me ofereceu o cargo, e eu aceitei. — Ele deu de ombros com arrogância.

— Você sabia que esse era o MEU cargo, Bürsin. — Ela enfatizou, a voz carregada de frustração.

— Seu? — Kerem soltou uma risada sarcástica. — Eu não teria tanta certeza assim. — Ele se aproximou ainda mais, seu tom desafiador aumentando a tensão.

— Você não tem capacidade para ocupar um cargo desses, Bürsin. — Hande o avaliou de cima a baixo com desdém. — Você é só um fotógrafo. — Suas palavras foram como veneno, provocando a ira de Kerem, que num movimento rápido a puxou pela cintura, sentando-a sobre uma das máquinas de cópia.

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