Capítulo 15

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POV Narrador

Kerem não precisou responder Hande. Se ela queria um fim, teria um. Ele observou enquanto a morena deixava a casa de Ceylan e, sem demora, fez o mesmo, indo direto para o escritório da estilista. Não havia trabalho agendado para aquele dia, apenas no seguinte, quando aconteceria o encerramento do evento com o grande desfile da nova coleção de Atinç.

Chegou ao prédio sem dificuldades e, com um simples passe, entrou na sala de Ceylan. O espaço era amplo, bem iluminado e, para sua surpresa, até aconchegante.

— Não achei que fosse mesmo aparecer — disse Ceylan, levantando-se da cadeira imponente.

— Eu geralmente cumpro o que prometo — Kerem sorriu enquanto caminhava até ela, que agora se apoiava na mesa. Sem perder tempo, ele a puxou, colocando-a sobre o móvel e se posicionou entre suas pernas, erguendo a saia dela com agilidade.

— Geralmente? — provocou Ceylan com um sorriso malicioso.

Kerem retribuiu o sorriso e rapidamente desabotoou a blusa social da estilista, removendo-a. Ele admirou o corpo dela, ainda impressionante, mesmo com a idade. Mas então, o pensamento inevitável de Hande lhe atravessou a mente, e ele hesitou por um segundo, encarando Ceylan.

— O que foi?

— Nada... — ele murmurou, voltando a se concentrar na tarefa.

Ceylan manteve o sorriso e o acariciou com os dedos.

— Você é realmente bom no que faz, Kerem Bürsin.

— Eu sei.

— E convencido.

— Eu me esforço

Ceylan deu-lhe um tapinha provocador. Enquanto ajustava sua roupa, caminhou até o outro lado da sala, pegando um portfólio de um cofre.

— O que é isso? — Kerem perguntou ao vê-la entregar uma folha.

— O que você tem procurado — ela respondeu, sorrindo com compreensão. — Sei que está atrás de algo, e estou te dando isso de bom grado por ser o mais sutil que já apareceu em todos esses anos. E o melhor na cama, claro.

O coração de Kerem acelerou enquanto ele examinava o croqui perfeitamente desenhado e assinado por Ceylan.

— Isso é...?

— Um modelo da minha próxima coleção. Não sei o que exatamente você procura, mas isso daria uma matéria e tanto. Tenho certeza de que onde quer que trabalhe, isso te renderá uma promoção.

— Ceylan, eu...

— Não precisa se justificar. Sei que, no fundo, você gostou do que tivemos, mas não sou ingênua. Muitos já transaram comigo por algo assim, ou até por menos. Espero que saiba o que fazer com isso.

— Saberei — ele afirmou, ainda incrédulo com o que estava acontecendo. Era mais do que esperava.

***

Hande estava apreensiva. Era o último dia do evento, a última chance de se aproximar de Ceylan Atinç. Precisava dar o melhor de si para conseguir a entrevista que tanto desejava.

Ela entrou no salão com confiança, respirou fundo enquanto procurava Kaan. Ao longe, avistou Kerem com uma taça de champanhe na mão, conversando com Serenay. Ele estava impecável em um terno perfeitamente ajustado, lindo.

Ela balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento, e voltou a procurar Kaan com os olhos. Ele a viu primeiro e, com um sorriso aberto, caminhou até ela, segurando sua mão e depositando um beijo galanteador.

— Você está deslumbrante, Cherry — ele comentou, admirando-a. Hande usava um vestido longo na cor marsala, com duas fendas laterais que destacavam suas pernas. O decote, nas costas, era complementado por um coque despojado.

— Obrigada, Kaan — respondeu com um sorriso controlado.

Eles caminharam até a primeira fila reservada para a imprensa. O desfile começaria em breve, e Hande estava atenta a cada detalhe. Enquanto Kerem fotografava do outro lado, ela mantinha o foco em Kaan, sua única chance de aproximação com Ceylan. Sabia que o plano não havia funcionado bem da última vez, mas não tinha outra opção.

As modelos entraram na passarela, carregando as últimas peças da coleção. Quando todas se alinharam, segurando os candelabros, as luzes baixaram, mergulhando a sala em escuridão. Momentos depois, um único holofote iluminou o centro da passarela, revelando Ceylan Atinç. A estilista não disse uma palavra, mas o público imediatamente se levantou para aplaudir.

Ao fim do desfile, Hande se aproximou da estilista.

— Sua coleção está divina, Senhorita Atinç — elogiou Hande ao lado de Kaan.

Ceylan olhou para ela de cima a baixo, avaliando-a sem disfarçar o desdém.

— Kaan, querido, mande-me as fotos o mais rápido possível — disse Ceylan, ignorando Hande.

— Hoje mesmo estarão no seu e-mail — Kaan respondeu.

Ceylan lançou um último olhar a Hande antes de se afastar.

— Cuidado com quem você anda nesse meio — disse, com um sorriso irônico, antes de partir.

— Que mulherzinha insolente — murmurou Hande, enquanto Kaan ria da situação. Ele sugeriu que fossem a um lugar mais tranquilo, mas Hande, precisava de um drinque, recusou educadamente e se dirigiu ao bar mais próximo.

***

O Tous Les Jour Pub era acolhedor, com música ao vivo baixa e uma iluminação suave. Hande se acomodou no balcão, sabendo que, após alguns drinks, estaria desabafando com o barman.

— E além de ele ser um maldito gostoso, está mais perto de conseguir o emprego do que eu! — reclamou ela, virando mais um gole da bebida colorida.

— Injusto, né? — murmurou o barman, enquanto atendia outra cliente que havia acabado de se sentar ao lado de Hande.

— Eu mereço esse emprego! Batalhei tanto para chegar até aqui, e agora aquela vaca da Ceylan simplesmente ignora tudo isso! A mulher ao lado olhou diretamente para Hande, que, sem perceber, continuou. — "Cuidado com quem você anda" — imitou Hande, tentando reproduzir o tom de Ceylan.

— Sabe, nem só você começou de baixo... — disse a mulher ao lado. Hande apertou os olhos, tentando focar na figura. Era Ceylan Atinç, sentada ali, ao lado dela.

— A vida não é justa. Se quer algo, lute até o último momento. Foi assim comigo. Passei por cima de muita gente? Sim! Mas valeu a pena. E você? Vai lutar ou desistir? — Ceylan a desafiou com um olhar penetrante. — Por que não pega sua caneta e anota sua entrevista?

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