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– Alice, Alice... – Sinto um leve cutucão no ombro e abro os olhos devagar, encontrando Lily ao meu lado.

– O que foi agora? – murmuro, sem nem me mexer.

– Posso dormir com você? – Ela está de pijama, abraçando seu ursinho de pelúcia. Seus olhos grandes e assustados me dizem o suficiente.

Esse é um ritual nosso. Às vezes, quando Lily tem pesadelos, ela vem pedir abrigo na minha cama, e eu nunca nego. Por mais insuportável que ela possa ser em certos momentos, é apenas uma garotinha assustada, e no fundo, sua presença me ajuda a afastar meus próprios pesadelos.

Levanto a coberta, e ela se deita ao meu lado, agarrando minha cintura. Em poucos minutos, ambas somos tomadas pelo sono novamente.

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Já é quase meio-dia quando termino de revisar as informações que encontrei na dark web. Uma negociação está marcada para esta tarde, em plena luz do dia. Algo não bate, ou eles são completos idiotas ou estão armando algo bem maior.

Enquanto desço para a garagem, sinto a presença de Alex.

– Pra onde está indo? – Ele pergunta, firme, com os braços cruzados.

– Vou até a casa da Emily. – Falo sem muita cerimônia, já com a janela do carro abaixada. Emily é filha de uma das empregadas daqui. Nós nos tornamos próximas quando sua mãe precisou trazê-la para o trabalho, e nossa amizade cresceu desde então.

– Saia do carro. – A voz dele ganha um tom imperativo, sua cara não está nada boa.

Respiro fundo. Não posso perder tempo com ele agora. O relógio já corre contra mim.

– Desculpa, Alex, mas eu preciso ir. – Falo alto, para que ele me ouça acima do ronco do motor.

Ele dá um passo à frente, postando-se em frente ao carro, firme como uma rocha.

– Não vou deixar você continuar com isso. – Ele está sério, a expressão endurecida.

Seguro o volante com força, contendo a raiva que ameaça explodir.

– Não dificulte as coisas, Alexander. – Minha voz sai mais fria. – Eu vou continuar, e você sabe disso.

– Alice, por favor... Isso é loucura. Não é sua responsabilidade vingar seus pais. – Ele tenta soar compreensivo, mas isso só aumenta minha raiva.

– Ah, é? E de quem é então? Sua? – Saio do carro e me posiciono de frente para ele, sentindo o sangue ferver. – Todos esses anos, Alex. Todos esses anos eu não vi você mover um dedo sequer para encontrar quem fez aquilo. Sempre ocupado com seus negócios, seu trabalho, protegendo a SUA família. Você não liga para o que aconteceu comigo! – Grito, o controle já me escapando, ele ne olha um pouco assustado por minha explosão. – E sabe o que mais? Acho que você só cuidou de mim por obrigação. Mas adivinha? Não precisa mais! Eu não preciso de você!

Entro no carro, minha visão turva de raiva. Alex me encara, imóvel, ainda tentando processar minhas palavras. Dou uma acelerada, avançando alguns centímetros. Ele não se mexe. Continuo olhando fixamente para ele, até que, finalmente, ele dá um passo para o lado.

Sem hesitar, acelero com tudo, deixando-o para trás.

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Chego ao local 30 minutos antes do combinado. O lugar é um prédio abandonado nos subúrbios, grande e deserto. Deixei o carro longe, para não levantar suspeitas.

Entro silenciosamente, procurando um ponto estratégico para me esconder. O prédio tem um grande átrio central, cercado por andares decadentes. Me posiciono atrás de um balcão antigo de atendimento, ouvindo o som distante de um carro se aproximando.

Como sempre, chego antes, observo e espero. Tento fazer meu trabalho de forma limpa, sem derramar sangue. Mas a verdade é que, quando chegar a hora, vou saborear o sangue daqueles que destruíram minha família. Vou torturá-los. Um por um. E eles sentirão cada gota da minha dor.

Ouço passos. Dois homens entram no prédio. Espio pelas frestas do balcão, mas consigo ver apenas seus sapatos. Me aproximo mais da beirada e dou uma espiada cautelosa.

Loro sono in ritardo? (Eles estão atrasados?) – Uma voz grave e impaciente pergunta.

, signore. (Sim, senhor.) – Responde outro homem, visivelmente nervoso.

Agora consigo ver os rostos. Um deles, para minha surpresa, é o mesmo homem que vi na casa de Alexander. Ele está irritado, a postura rígida e autoridade clara. Tenho que admitir achei bem, atraente

Ahh dios mio, no que eu tô pensando. Foco Alice.

Maledizione, questa è l'ultima volta che faccio affari con irresponsabili! (Maldição, esta é a última vez que faço negócios com irresponsáveis!)
– Ele rosna, frustrado.

Minutos depois, outro carro chega. O som de portas se abrindo ecoa pelo espaço vazio, e um homem sorridente aparece.

– Vincenzo D'Martel! – Ele entra de braços abertos, forçando uma expressão amigável. – Mi scusi per il ritardo, sapete come sono le cose! (Me desculpe pelo atraso, sabe como são as coisas!)
– Ele solta uma risada nervosa.

Vincenzo o encara com frieza.

La prossima volta che mi fai aspettare, ti taglierò le gambe e te le metterò al collo. (Da próxima vez que me fizer esperar, vou cortar suas pernas e pendurá-las no seu pescoço.) – Sua voz sai fria como gelo.

O homem muda de postura imediatamente, assumindo um ar mais sério.

– Aqui está a mercadoria. – Diz ele, entregando uma maleta para um dos capangas de Vincenzo.

Em troca, ele recebe outra maleta, provavelmente cheia de dinheiro. Ele abre, com um sorriso satisfeito.

– Sempre um prazer fazer negócios com você. – Tenta estender a mão para Vincenzo, que o ignora completamente e se dirige para a saída.

Eu recuo devagar, tentando me afastar sem fazer barulho. Mas, por puro azar, meu pé esbarra em uma pilha de papéis. Eles caem, espalhando-se pelo chão em um mar de poeira antiga. Sinto uma pontada de pânico quando uma fina régua desliza e bate no chão. A quantidade de poeira faz meus olhos arderem, e antes que eu consiga controlar, espirro.

Chi c’è ?! (Quem está aí?!)
– A voz de Vincenzo soa próxima, severa e em alerta, e eu paraliso.

Para piorar a situação, sinto algo subindo pelo meu pé. Quando olho para baixo, vejo uma aranha gigante, marrom. Meu corpo trava, congelado de medo. Aranhas! Justo aranhas! O trauma de ver meu tio quase morrer de uma picada me traumatizou, isso me impede de reagir neste momento.

Droga!

Vincenzo se aproxima, e não consigo me mover.

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Espero que gostem do capítulo.
Não revisei, então desculpem qualquer erro.
Pode ser que a história da aranha seja um pouco...Anh...digamos ridícula, mas eu n pensei em outra coisa😅 ( então relevem por favor ).

Contínua...

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