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O mesmo bicho continuava subindo pela minha perna. Eu sentia a presença do homem cada vez mais perto, até que ele finalmente me viu. Seus olhos se fixaram em mim e sua mão ergueu a arma na minha direção. Mas eu nem me movi. Meus olhos estavam fixos no verdadeiro inimigo: a aranha.

- Chi sei tu?! (Quem é você?!)- Ele pergunta, com uma voz grave e ameaçadora.

Eu não respondo, apenas continuo encarando a aranha, o medo crescendo dentro de mim. Sinto o cano da arma fril encostar na minha cabeça e, mesmo assim, permaneço imóvel. Meu coração estava disparado, mas não por causa da arma.

- Tira... - murmuro, quase inaudível. Loucura? Sim. Mas naquele momento, a única coisa que eu queria era aquela aranha longe de mim.

- Che cosa sta succedendo? (O que está acontecendo?)- Vincenzo aparece, sua voz cortante como lâmina.

Ele se aproxima, o meu algoz, e eu penso, tinha que aparecer uma aranha logo agora?!. Respiro fundo, tentando reunir a coragem que me resta. As folhas de papel em minhas mãos tremem. Conto mentalmente. Três... dois... um...

Dou uma pancada na minha perna, mas a aranha escapa, correndo para longe. O alívio momentâneo é interrompido pelo som metálico da arma ainda apontada para mim. Respiro fundo, sabendo que a situação só piorou.

Ainda com o rolo de papel na mão, num gesto desesperado, golpeio a arma que o homem segurava. Ele a solta, e num piscar de olhos, eu já o derrubei com uma rasteira. Me levanto e corro para a saída, desviando dos outros homens que vinham atrás de mim. Eram pelo menos cinco, cada um armado.

Um deles me alcança e puxa meu cabelo. Instintivamente, torço seu braço para trás e o derrubo com um chute nas pernas. Outro me acerta um soco no rosto. A dor é aguda, mas minha mente está focada. Pego seus braços e dou uma cabeçada nele, que parece doer mais em mim do que nele. No entanto, uma voadora bem aplicada o derruba no chão. Eu corro, meus pulmões queimando com o esforço.

Mas então, chego num beco sem saída. Não há para onde ir. Merda! Estou cercada. Um grupo de homens de um lado, outro do outro. Eles formam uma linha, e no meio, Vincenzo surge, vindo direto até mim. Tento passar por ele, mas ele me impede, agarrando meu braço firmemente.

Nossos olhares se cruzam, e por um instante, o tempo para. Ele é lindo, mas não de um jeito comum. Seus olhos são um abismo escuro, apesar de serem de um azul esverdeado claro, são profundos e perigosos. Seu cheiro de café e chocolate preenche o ar, e eu me perco naquele momento. Mas então, um tiro ecoa, e a realidade me atinge novamente.

Tento me soltar, mas o aperto de Vincenzo é implacável.

- È meglio che tu collabori! (É melhor você cooperar) - Ele rosna, a voz grave e sensu-, quer dizer autoridade!

Arrepiada pela intensidade , eu me viro para protestar, mas ele me imobiliza com um só braço. Sou pequena demais para lutar contra ele, e ele sabe disso. Prende minhas mãos atrás de mim, me segurando como se eu fosse um brinquedo fácil de controlar. Por um momento esqueço, que sei lutar.

- Chi sei e cosa ci facevi lì? (Quem é você e o que estava fazendo lá?) - Ele sussurra em meu ouvido, fazendo um arrepio perigoso correr pela minha espinha.

- Isso não é da sua conta - eu respondo, mantendo a voz firme.

Vincenzo suspira com impaciência e, com um movimento rápido, aperta um ponto em meu pescoço. Sinto a minha consciência se esvaindo.

Figlio di puttana!

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VINCENZO

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