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-Vicenzo-

O relógio marcava 8h em ponto. Eu odiava atrasos, então estava no meu escritório, sentado em minha cadeira de couro preto com os cotovelos apoiados na mesa enquanto observava a porta com calma, refletia sobre como poderia abordar o assunto com Alexander.

O silêncio preenchia a sala, interrompido apenas pelo som sutil do vento que entrava pela janela entreaberta. Alexander não se atrasaria; ele não era esse tipo de homem. Ambos sabíamos a importância dessa reunião.

Logo, a porta se abriu e ele entrou com passos firmes. Seu olhar, como sempre, era direto, como se estivesse pronto para atacar, mas sua postura era de alguém que estava aqui para negociar, não para começar uma briga. Ele sempre teve essa característica. Serenidade por fora, tempestade por dentro. E, nesse momento, eu sabia que a tempestade estava ligada a Alice.

— Vincenzo, — ele disse com um leve aceno de cabeça, seu tom formal, demonstrando calma.

— Alexander, — respondi no mesmo tom, gesticulando para ele se sentar na cadeira diante de mim.

Dois líderes sentados frente a frente, ambos conscientes de que nenhum de nós cederia facilmente.

Ele se acomodou sem quebrar o contato visual. O clima na sala era pesado, mas isso não me incomodava. Eu sabia que Alexander era tão astuto quanto eu. E, se ele estava aqui, era porque precisava de algo, assim como eu.

— Sabe por que te chamei aqui hoje, não sabe? — comecei, observando cada movimento dele, desde a tensão que se instalava em sua mandíbula até o modo como ele relaxou na cadeira.

Alexander não respondeu apenas assentiu, cruzando os braços, e me encarando friamente.

— Não imaginava que seria capaz de sequestrar minha sobrinha Vicenzo — Ele disse, a voz neutra com leve tom de raiva, mas controlada.

— Não precisa ficar irritado. — Eu me inclinei para frente, descansando os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos. — Alice está sob a minha proteção agora. E por proteção, quero dizer... controle.

Seus olhos endureceram ao ouvir isso, mas ele não disse nada. Alexander sempre foi bom em manter as emoções sob controle, mas eu sabia que, no fundo, ele estava irritado. Alice significa muito para ele, mesmo que ele tentasse disfarçar.

— Quero que entenda algo,  — continuei — Alice agora será minha esposa.

A expressão dele mudou apenas um pouco, mas foi o suficiente para perceber que ele não gostava da ideia.

—Você não está interessado em Alice... está interessado no que ela pode te oferecer — Ele falou, a voz carregada de raiva

Eu sorri. Ele estava certo, claro. Eu não precisava esconder isso.

— Que bom que você já sabe o meu plano — me inclinei mais um pouco para frente. — Não leve para o pessoal, é tudo estritamente profissional.

Ele fica em silêncio. Ele a queria de volta, isso era óbvio, mas não era apenas por amor ou preocupação, dava pra perceber que tinha algo a mais ali, só não sei o que.

— Por que? Por que a Alice?, você pode muito bem encontrar outra mulher pra os seus planos — Ele se levanta, indo até a janela mantendo uma postura rígida. Eu continuo sentado.

— Estou disposto a fazer um acordo. — Digo, relaxando os braços e mudando de posição, uma mudança que indicava, que não teria brigas. — Mas vamos deixar claro o que cada um vai ganhar com isso.

Ele reflete por um tempo,olhando para a paisagem lá fora, o clima estava calmo, um vento tranquilo balançava as folhas das árvores, e o sol iluminava parte da sala, mas nem mesmo o brilho do sol, era capaz de iluminar aquele ambiente marcado por sombras e morte.

— Faça sua oferta.— Diz tranquilo, e eu sorrio internamente, era isso o que eu queria.

— Eu ofereço o controle sobre o futuro de Alice. Ela vai se casar comigo, vai se tornar parte da minha família, e em troca, você garante que seus homens não interfiram nos meus negócios. — Fiz uma pausa para ver sua reação, mas Alexander continuou impassível. —garanto que Alice estará segura e que seu nome não será manchado em qualquer movimento que eu faça. Ela ainda será respeitada, como a sobrinha dos Sota e você continuará a ter acesso às informações que conseguir, desde que não interfira nas minhas operações.

Alexander me encarou por um momento, pensativo. Ele sabia que o que eu estava oferecendo era justo, mas não o bastante, para entregar sua sobrinha assim. Ele precisava de mais, precisava de uma segurança.

— E o que garante que você não irá machuca-la ou mata-la? — Ele perguntou, a voz dura.

Eu dei um leve sorriso.

— Porque isso seria burrice, Alexander. Se eu fosse contra você, acabaria criando uma guerra entre nossas família, e nenhum de nós quer isso. Ambos sabemos que isso causaria uma grande revolução e mortes desnecessárias. E você que  conhece Alice melhor do ninguém, sabe que aquela mulher não iria se deixar ser morta facilmente. — Digo a última parte dando um sorrisinho de lado, lembrando de como lutou comigo.

Ele também deu um sorriso, porém que logo some.

Não éramos inimigos, mas tampouco éramos aliados de confiança. Estávamos quase em pé de igualdade, ambos precisando de algo que o outro poderia oferecer. E agora, esse acordo seria o ponto de equilíbrio entre nós.

— Aqui estão minhas condições, — ele disse, quebrando o silêncio. — Eu aceito não interferir nos seus negócios, e aceito que se case com ela, desde que Alice permita e continue intocada. Nada de abusos, nada de ameaças físicas. Ela será sua esposa deve mante-lá em segurança e protege-la, com sua própria vida se for preciso. Se eu souber de qualquer coisa que coloque a vida dela em risco, esse acordo acaba, e você sabe o que isso significa.

Eu assenti, compreendendo. Ele tinha razão em se preocupar. Alice era uma mulher forte, mas vulnerável, ( caso contrário ela não teria sido sequestrada por mim) manter a paz entre nós exigiria esse cuidado. Eu é que não vou querer armar uma guerra contra Alexander Sota.

— Você tem minha palavra. Alice ficará em segurança. — digo, com firmeza. — Garanta que seus homens mantenham distância dos meus territórios. Nenhuma interferência, nenhum cruzamento de fronteiras. E, claro, quando precisar de apoio estratégico, você terá o meu.

Alexander se aproximou da mesa novamente e eu me levantei ficando de frente para ele, sinalizando que a conversa estava terminada. O encarei com a mesma intensidade que ele me encarava. Era um acordo de iguais, e ambos sabíamos que o equilíbrio dependia desse momento.

— Estamos de acordo. — Ele disse, estendendo a mão.

Apertei a mesma com força.

— Estamos de acordo.

Ele se virou e saiu da sala, sem olhar para trás.
Eu tinha o que queria. O casamento com Alice não era o fim, mas o início de um jogo de poder maior. Afinal sempre foi assim. A máfia não passa de um grande, perigoso e mortal jogo de poder.

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Espero que gostem do capítulo, não sei se ficou bom, mas espero que sim( eu particularmente gostei)
Desculpem qualquer erro, e me desculpem se tiver muitas palavras repetidas.
Obrigado (⁠ ⁠˘⁠ ⁠³⁠˘⁠)⁠♥

Continua...

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