Capítulo 11 - preparação

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Blue Sugg

Dois meses. Sessenta dias de silêncio absoluto. Para eles, talvez parecesse que eu havia desaparecido, fugido para longe depois de deixá-los no limite. Mas, na verdade, eu estava aqui, em meu loft, a única fortaleza segura que ainda restava para mim. Ninguém sabia da sua existência. Nenhum deles, pelo menos.

Eu tinha plena consciência de que eles também estavam se preparando. Afinal, deviam ser inteligentes o suficiente para considerar a possibilidade de que eu pudesse voltar com ações ainda maiores e mais perigosas do que as que já havia cometido.

A única pessoa que entrou neste espaço durante esse tempo foi Clark, meu parceiro de trabalho, o único que eu confiei o suficiente para compartilhar um fragmento do que estava prestes a acontecer. Embora ele não soubesse de todos os detalhes, sabia o suficiente para me ajudar nos treinos, sem fazer perguntas. Mas aqui entra um adendo importante: continuo não confiando plenamente, ele ainda tem algumas atitudes e falas que me causam desconfiança. Porém, ele era a única opção palpável para me ajudar.

Os dias no loft foram monótonos para alguém de fora, mas para mim, eram essenciais. Cada segundo de silêncio era uma preparação cuidadosa, cada hora dedicada a afiar minhas habilidades, tanto físicas quanto mentais. Clark e eu passávamos horas na academia, suando em meio aos sacos de pancada e no ringue de boxe. As aulas de luta eram intensas, cheias de provocação e suor, e a adrenalina corria livremente em mim toda vez que trocávamos golpes. Clark era bom, mas eu precisava ser melhor.

Eu não podia me dar ao luxo de falhar.

O boxe, o jiu-jitsu, a luta corpo a corpo... cada movimento, cada técnica, tudo fazia parte de um plano maior. Eu precisava de resistência, precisava de força. Mas acima de tudo, precisava de controle. Não poderia deixar que minha raiva me dominasse quando a hora chegasse. O controle seria o que me salvaria — o que me permitiria vencer.

Clark me desafiava sem piedade e eu agradecia por isso. Seus socos eram precisos e quando me derrubava, ele sempre tinha um sorriso satisfeito no rosto. Eu odiava perder, mesmo nos treinos, mas isso apenas alimentava meu desejo de melhorar.

— Você está cada vez mais forte, Blue — ele disse certa vez, enquanto me ajudava a levantar do chão depois de uma luta particularmente intensa. — Mas ainda está deixando sua raiva te controlar e isso pode ser a sua fraqueza.

Apertei os dentes, sentindo o gosto metálico do sangue na boca. Ele estava certo, mas eu não podia evitar. Cada soco, cada chute, era uma lembrança do que Lincoln, Dylan e Asher fizeram. Eles não tinham ideia do que haviam provocado, do tipo de monstro que despertaram. E, quando eu estivesse pronta, quando o Halloween chegasse, eles veriam do que eu era capaz.

O treinamento com armas também se tornara uma rotina. Passávamos horas na sala de tiro, o som dos disparos ecoando como música em meus ouvidos. O cheiro de pólvora se impregnava na minha pele enquanto ajustava minha mira, cada bala perfurando os alvos com precisão. Eu visualizava seus rostos toda vez que puxava o gatilho. Lincoln, Dylan, Asher. Eu sabia exatamente onde cada tiro precisaria acertar. No coração. Na cabeça. E em outros pontos estratégicos apenas para causarem dor. Ombro. Perna. Braço.

Era uma dança. Uma sinfonia de violência cuidadosamente orquestrada.

Clark, com seus olhos atentos e precisos, sempre me observava em silêncio. Eu sabia que ele não fazia perguntas porque confiava em mim ou tentava confiar. Ou talvez porque entendesse que o que eu estava prestes a fazer ia além de vingança. Era algo mais profundo, algo que me consumia.

— Você está pronta para o que está por vir? — ele perguntou um dia, após um treino pesado. Eu havia acabado de nocautear um saco de pancada com um chute que fez a corrente metálica ceder.

Maldição da meia-noite | Dark Romance & Harém Reverso 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora