Alianças Perigosas

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Carolina sentia o ar frio de Paris enquanto caminhava pelas ruas cinzentas em direção à penitenciária onde Alexandre estava preso. As folhas de outono cobriam as calçadas e o vento carregava o eco distante dos carros. Ela caminhava lentamente, cada passo marcado por uma determinação gelada. O silêncio da cidade refletia seu estado interior; sua mente estava focada, livre de distrações, enquanto pensava em sua próxima jogada. Alexandre ainda era útil, mesmo preso. E agora, ele estava em uma posição onde poderia ser manipulado — algo que Carolina sabia fazer bem.

Após meses de planejamento minucioso e cuidadosa execução, Carolina conseguira colocar Alexandre de volta na prisão. Mesmo com sua fuga anterior, o destino de Alexandre parecia selado, mas agora ela sabia que precisava dele novamente. Rafael e Julia estavam à solta, escondidos no Leste Europeu, e Carolina precisava de todas as informações possíveis para acabar com eles. Alexandre conhecia Rafael e, além disso, havia um vínculo profundo com Julia que Carolina não havia completamente entendido.

Ao chegar à entrada do presídio, os guardas fizeram a verificação habitual antes de deixá-la entrar. Ela estava vestida de forma discreta, uma simples jaqueta preta e óculos escuros, mas havia algo em sua postura que denunciava o poder que exercia em todas as situações. Quando os portões metálicos se abriram com um ranger estridente, Carolina entrou no corredor sombrio que levava à sala de visitas.

Os passos dela ecoavam nas paredes de concreto. Carolina olhava para frente com firmeza, sentindo a tensão crescente a cada segundo. Quando ela finalmente alcançou a sala de visitas, um guarda a guiou até uma mesa. Ela se sentou calmamente, o rosto inexpressivo. Não demorou muito para que Alexandre fosse trazido do lado oposto, algemado, com um olhar exausto, mas ainda assim carregando o mesmo ar de arrogância que o definia.

Ele foi conduzido à mesa e, ao ver Carolina, seu sorriso esboçou algo entre ironia e desprezo.

— Ah, Carolina. Não achei que teria o prazer de sua visita novamente. — Alexandre se recostou na cadeira, cruzando os braços.

Carolina não demonstrou nenhuma emoção. Seus olhos estavam fixos nele, avaliando cada gesto.

— Eu não vim aqui para brincar, Alexandre. Vim porque preciso de informações. — Sua voz era calma, mas havia uma frieza cortante em suas palavras.

Alexandre arqueou uma sobrancelha.

— Informações? E por que eu ajudaria você? Você me colocou aqui, lembra?

Carolina inclinou-se levemente para frente, sem quebrar o contato visual.

— Porque você odeia Rafael e Julia tanto quanto eu. Porque no fundo, você quer se vingar deles. E eu posso ser a chave para isso.

Por um momento, o sorriso arrogante de Alexandre desapareceu. Ele sabia que Carolina tinha razão. Rafael havia tentado matá-lo, Julia o havia traído, e agora ele estava preso, impotente. A ideia de ajudá-la não era absurda; na verdade, era exatamente o que ele queria. Ele estava em uma situação em que sua única arma era a informação, e Carolina estava lhe oferecendo uma oportunidade.

— Continue, estou ouvindo — disse Alexandre, agora com um olhar mais sério.

Carolina sabia que precisava jogar suas cartas com habilidade. Alexandre era manipulador e esperto, mas ela havia se tornado muito mais calculista desde a última vez que estiveram frente a frente.

— Rafael é perigoso, mas ele tem fraquezas. Você o conhece melhor do que ninguém. Preciso saber onde atacar, onde ele vai ceder. — A voz dela não tinha qualquer vestígio de emoção, era pura determinação.

Alexandre suspirou, como se estivesse ponderando a situação. Ele conhecia Rafael intimamente, sabia de suas inseguranças e falhas, mas revelar isso para Carolina seria um ato de traição final — e, de certo modo, uma rendição.

Sombra de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora