—Quando é o seu aniversário? —O garoto perguntou ao meu lado, arrumando os cachos enquanto observava o sol de pondo no mar.
—Aniversário? Sério? —Estalei a lingua e parei de despedaçar a flor em minha mão. —Não acho que essa seja uma pergunta realmente importante.
—Qual é?! Você me disse que eu poderia conversar com você abertamente quando estivéssemos sozinhos! —Agni protestou pela minha insistência em não responder nenhuma pergunta pessoal, mesmo dizendo para ele que poderia perguntar qualquer coisa. —Anda! Não custa nada responder.
Revirei os olhos, deixando os restos da flor caírem na areia fria da praia. Levei algum tempo para responder.
—Primeiro dia da primavera. —Respondi. —Eu sei, é muito irônico... Meu nome ser uma flor e eu ter vindo ao mundo junto com a estação... —Parei de falar quando ouvi ele reclamar de dor, fechando os olhos com força e tocando a testa com as duas mãos. —Agni?
Alguma coisa cruzou os olhos dele quando eles se abriram, e ele reclamou ainda mais, enterrando os dedos nos cabelos e tentando não se contorcer.
—Dor de cabeça de novo? Lembrou de alguma coisa? —Segurei os seus ombros, o olhando com preoucupação. —O que foi dessa vez?
Ele abriu os olhos de novo, mas não conseguiu encontrar os meus.
—Minha irmã...—Ele sussurrou, tremendo levemente as mãos que ainda estavam em seus cabelos. —Eu ouvi a risada da minha irmã...
∞
Eu não consegui dormir nenhuma noite depois do encontro como aquele caçador de recompensas. Toda vez que eu fechava os olhos as lembranças daquela noite aterrorizante em que ele me perseguiu vinham a tona e faziam meu corpo inteiro entrar em estado de alerta. Eu sentia a cicatriz do meu torço ardendo como na noite em que ele me queimou, e minhas narinas ainda conseguiam sentir o cheiro de carne queimada e sangue.
Foi sem sombra de dúvidas uma das únicas vezes que eu senti um medo bruto e puro desde que aprendi a dominação de sangue.
Yuki foi meu salvador naquela noite, ele apareceu completamente do nada pelas árvores e me levou para longe.
Eu podia jurar que o pelo dele brilhava naquela noite, mas Agni disse que foram apenas as alucinações que vieram junto com a dor.
—Quer dizer que depois de tudo que o Roku e o Sozin passaram juntos, mesmo depois de Roku mostrar misericórdia... O Sozin o traiu assim? —Katara perguntou ao meu lado, completamente chocada com a história que Aang havia nos contado de seu sonho na noite anterior.
—Deve ser costume da Nação do Fogo trair as pessoas assim. —Soltei me encostando mais em Agni, afiando meu mais novo punhal que ganhei de Piandao.
—É como se essas pessoas nascecem más. -—Toph murmurou.
—Não... Tá errado. —Aang se pronunciou, se levantando da pedra que estava sentado. —Não acho que esse foi o ponto que o Roku quis me dizer depois de me mostrar toda a sua história com ele...
—Então qual foi? —Sokka perguntou sentado em uma pedra mais alta que de todos nós.
—Roku era da Nação do Fogo, assim como Sozin, não é? A história deles prova que qualquer um e capaz de um bem maior e de uma grande maldade. Todos. Incluindo o Senhor do Fogo e a Nação do Fogo. —Prestei mais atenção no que ele dizia, juntando alguns pontos em minha cabeça e sentindo um emaranhado de sentimentos começar a crescer dentro de mim.— Todos merecem uma segunda chance. E eu também acho que tem a ver com amizades.
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𝐌𝐲 𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤𝐧𝐞𝐬𝐬 𝐿𝑖𝑣𝑟𝑜 3 (Zuko - Female reader)
Fiksi Penggemar"Eu tinha uma passagem só de ida ao lugar onde todos os demônios vão Onde o vento não muda E nada na terra pode crescer Sem esperança, apenas com mentiras Mas eu sobrevivi. Ainda estou respirando. Eu estou viva."