FELIPE.
Paro o carro em frente ao casarão que a Débora está morando, que também é o mesmo que ela já morou quando mais nova com sua família. Espero ela chegar até aqui para irmos para a festa que já está acontecendo e que eu deveria estar lá, já que a Júlia estava estranha demais nestes últimos dias, então eu não poderia contar tanto com a presença dela para resolver algum b.o que surgir por agora.
- Desculpa ter que te fazer vir até aqui me buscar. - diz, sem olhar pra minha cara.
- Hm, de boa. - dou a volta no carro e entro para poder ir, esperando que ela faça o mesmo. Mas ela está me olhando. - Entra, Débora.
Presto atenção no que usa; vestido preto muito colado, o cabelo ruivo com cachos e a maldita boca carnuda com um batom vermelho.
- Você diz não querer me ver, mas vem me buscar. Contraditório, não? - ela quebra o silêncio depois de minutos aqui dentro desse espaço que parece abafado. - Podendo ter pedido qualquer outra pessoa.
Sim, ela só pediu para alguém vir buscá-la... Eu poderia ter pedido para qualquer pessoa, mas não sei que porra pensei em só vir. Foda-se também.
- Eu era o único livre. - mentira. Eu estava resolvendo merdelê, tinha o Pedro, o Rafael, a galera noosa. Mas eu quis vim. - Curtiu a Itália?
- Como sabe que eu estava lá?
- Porque talvez tu trabalha pra mim? Também porque cê sempre foge e, se esqueceu, aquele dia lá em casa bem disse que iria ir para lá.
- Tem razão, eu sempre fujo... - sussurra, quase inaudível. Se eu não estivesse prestando atenção, provavelmente nem teria ouvido.
- Sim, sempre foge. Vai que você fugia do nosso casamento também caso não tivesse ido embora.
Que porra eu tô falando? O tratamento que ela merece é de silêncio. O pior desprezo é não ouvir a voz de quem tanto quer.
- Irônico, não? Eu já ter fugido de um.
- Então você já teve outro além de mim e que também fugiu dele? Nossa, você sempre me surpreende!
- Se você soubesse que fui forç... - interrompe sua própria fala. - Esquece. Você não quer saber da minha vida, né? Que diferença vai fazer essa informação.
Toda. Eu quero saber o que tanto fez nesses quase cinco anos fora.
- Irrelevante.
- Sim, irrelevante. - estala a língua no céu da boca.
Silêncio demais, finalmente. Ninguém diz nada, além da música que toca. Mas foi eu começar a prestar atenção na melodis que sua mão vai para os botões da mídia do carro mudando a música.
- Larga a porra desses botões, Débora.
- Por que você não cala a tua boca? - retruca, passando diversas músicas.
- Eu posso parar o carro bem aqui nessa estrada e seguir sozinho pra festa.
- Então para, Felipe! Joga pro primeiro acostamento que ver, me deixa lá e vai sozinho pra festa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PODE FICAR
Fanfiction"Você faz parte do meu mundo, meu tudo em questão de instantes...Vê se fica, vou sem brigar. Cê ainda é meu lar, confesso que dói saber se o tempo é otimizado entre se martirizar e tentar esconder. O que é tudo isso para você?" 🤍🌙