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FELIPE.

E eu fiquei de intrometido aqui mesmo, tentei ir embora, mas quem disse que eles deixaram? Porra nenhuma, sabem que bebi e a capacidade de fazer merda aumenta, então tô aqui até agora e já são perto das onze.

- Vocês acham que ela merece uma chance? - lanço essa pergunta depois de um longo tempo calado e eles me olham. - Não, não tipo chance de um relacionamento, mas de uma conversa.

- Eu não sei. - Júlia responde, bebendo do vinho branco que tá na mesa.

- Não, não quando você ainda tá inquieto com a presença dela.

- Mas preto, se ela realmente for ficar aqui a conversa vai precisar acontecer. - chama a atenção dele e ele me passa o baseado. Única coisa que coloco na boca além do álcool. - Agora ela vai fazer parte do corpo da empresa, se o Felipe concordar, claro.

- Eu não sei, eu não quero correr esse risco. - jogo a cabeça pra trás, confuso. - Ela já tentou essa conversa comigo duas vezes e eu fugi dela todas as vezes, só que agora eu não sei.

- Felps, não vou esconder isso. Mas hoje eu conversei com ela. - olho diretamente pro rosto dela e o Lucas levanta pra pegar mais cerveja pra nós. - Depois da reunião, eu nem ia, mas ela insistiu muito e eu cedi. E de verdade? Não sei quais são as intenções dela, mas a Débora não vai embora tão cedo, não antes de resolver o que tem aqui, no caso você. Ela carrega uma culpa nas costas, eu senti isso nos poucos minutos.

- Você não tem que se envolver numa situação que não é sua, problemão. - meu amigo repreende ela. Sua mão encosta na minha, envolvendo-as. - Felipe que tem que ditar se ele quer ou não.

- Eu sei, mas eu não estou forçando nada. A única coisa que eu quero que entenda é que se ela for fazer parte da empresa, eles vão ter que deixar a diferença de lado e conviver juntos. Vai ter que resolver esse problema passado.

- A real é que ela é muito boa no que faz, eu vi a apresentação do trabalho e vi também que ela tem um perfil ótimo pro que procuramos, o Rafael escolheu bem. Única dificuldade é a presença dela.

- Eu não sei, sinceramente. - Júlia responde. - Você tem que seguir o que irá te fazer bem, a conversa vai ser essencial pra acabar de vez com isso, só que antes precisa da certeza.

- A certeza é que ela vai falar que os pais morreram e que aqui não pertencia mais a ela. - jogo o último gole pra dentro e levanto da mesa procurando minha carteira e minha chave do carro. - Tô indo, valeu pelo tempo aí.

Dou um abraço na Júlia e depois no meu irmão, saindo e com esse papo na mente. Não sei o que fazer, papo reto. Cabeça tá a milhão, mas a última coisa que quero é ter que encarar ela em uma conversa, não sei do que sou capaz.

LETÍCIA.

Olho para a mensagem que aparece na tela acesa do meu celular. Fecho o computador e penso mil vezes antes de abrir. Que pé no caso, sinceramente.

Fazem, sei lá? Duas semanas? Acho que é isso, duas semanas desde que conheci pessoalmente aquele advogado, tal de Thiago, e todo aquele acontecimento do dia.

E, desde então, ele tenta muito me levar para um restaurante, inclusive agora ele está perguntando se estou livre. Só que no fim eu sempre dou um pé atrás, mas hoje vou acabar com isso. Não aguento mais isso de mensagens, poxa, quero só paz.

PODE FICAROnde histórias criam vida. Descubra agora