ciúmes

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Rodrick:
Eu não sabia o que tinha de errado comigo. Quer dizer, eu sempre fui tranquilo, do tipo que não se importa muito com o que as pessoas fazem da vida delas. Mas, quando o assunto era S/n, parecia que tudo em mim mudava. A gente era só amigos, nada além disso. Eu nem sabia quando tinha começado a sentir diferente, mas o fato é que, agora, eu não suportava vê-la com outro cara. Era como se... sei lá, como se ela fosse minha de alguma forma, mesmo que eu nunca tivesse tido coragem de dizer isso em voz alta.

Foi num desses dias que a gente estava na escola. Eu vi S/n conversando com um garoto qualquer, nem lembro o nome dele. Ele estava rindo de alguma coisa que ela disse, e aquilo me incomodou mais do que deveria. Eu podia sentir o sangue esquentar e a minha mandíbula travar. Quem ele achava que era? Chegar assim, todo sorridente, e falar com ela como se tivesse o direito?

Ela estava linda naquele dia, o cabelo caindo sobre os ombros, aquele sorriso que ela dava quando estava se divertindo de verdade. Eu já tinha visto ela sorrir assim para mim, mas naquele momento, ela estava sorrindo pra ele, e isso me incomodava.

Fiquei de longe, encostado no meu armário, fingindo que estava mexendo no celular. Eu observava eles, tentando entender por que isso me incomodava tanto. A verdade era simples, mas admitir isso pra mim mesmo parecia a coisa mais difícil do mundo. Eu gostava de S/n. Gostava mais do que um amigo deveria. Talvez sempre tivesse gostado, só que eu me recusava a admitir. E agora, vendo ela rindo e conversando com aquele cara, a ficha estava caindo com força.

Minha cabeça estava cheia de pensamentos idiotas. — Será que ela gosta dele? — — Será que eles vão sair juntos? — — E se ela começar a namorar ele? — Só a ideia de ver S/n com outro me deixava louco. Mas que direito eu tinha de sentir isso? Nós éramos só amigos, afinal de contas. Não tinha como exigir nada. E era aí que a raiva e a frustração vinham.

Eu não consegui segurar. Quando ele se afastou, eu fui até ela. — Ei, quem era aquele? — perguntei, tentando soar casual, mas sabia que minha voz tinha saído meio irritada.

Ela me olhou surpresa, como se não entendesse por que eu estava perguntando isso. — Ah, só um garoto da minha turma. A gente estava conversando sobre um trabalho. —

— É? — respondi rápido demais. — Parecia que ele estava muito interessado no trabalho, né? —

Ela franziu a testa, meio confusa. — Rodrick, o que tá pegando? —

Eu não sabia o que dizer. Minha mente gritava para eu não parecer um idiota ciumento, mas minha boca não acompanhava. — Nada. Só... achei estranho. Só isso. —

S/n me encarou por um tempo, como se estivesse tentando ler minha mente. Ela sempre foi boa nisso, em me entender sem eu precisar falar muito. — Você tá agindo esquisito — ela disse, com aquele tom que usava quando sabia que eu estava escondendo algo.

— Esquisito? Eu? — Dei uma risada nervosa, cruzando os braços. — Não tô agindo esquisito. —

Ela balançou a cabeça, como se não estivesse comprando a minha desculpa. — Se você diz... —

Fiquei ali, parado, enquanto ela dava de ombros e voltava a arrumar as coisas na mochila. Eu não sabia o que me deixava mais frustrado — o fato de ela não perceber que eu estava morrendo de ciúmes ou o fato de eu não ter coragem de dizer o porquê.

Talvez um dia eu tivesse coragem de contar para ela. Mas, por enquanto, eu ficava ali, observando e segurando essa sensação horrível de que S/n, a minha S/n, estava escapando de mim.

𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔/𝑹𝒐𝒅𝒓𝒊𝒄𝒌 ENCERRADOOnde histórias criam vida. Descubra agora