O Jardim das Flores
(Do ponto de vista de Rodrick)
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Eu não sou do tipo que tem essas ideias brilhantes ou super românticas, mas naquele dia, enquanto ouvia s/n reclamar sobre um trabalho de história na escola, uma lembrança antiga me acertou como um soco no estômago. O Jardim das Flores. O lugar que minha mãe costumava levar eu e o Greg quando éramos mais novos.
Ela parecia tão tensa, tão presa na rotina. Eu decidi que ela precisava de um tempo fora. Eu sabia que ela ia reclamar. Ela sempre reclama, mas, no fundo, ela confia em mim. E bom, eu gosto disso.
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— Rodrick, o que você tá fazendo? — ela perguntou, franzindo a testa quando parei o carro em frente à escola.
— Salvando você da monotonia — respondi, com um sorriso convencido.
— Eu tô no meio de uma aula importante, sabia? — Ela cruzou os braços, mas não tentou sair do carro. Isso era um bom sinal.
— Você precisa relaxar, s/n. Confia em mim, tá?
Ela revirou os olhos.
— Confio, mas acho que vou me arrepender.
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O trajeto até o jardim foi tranquilo. Eu deixei o rádio tocar nossa música favorita, batucando no volante, enquanto ela olhava pela janela, meio intrigada. Eu percebia o olhar curioso dela de vez em quando, mas ela não perguntou nada. Isso só me deixou ainda mais ansioso pra ver a reação dela.
Quando chegamos, parei o carro em frente ao campo. A grama estava alta, e as flores espalhadas pareciam ainda mais bonitas do que eu lembrava.
— Onde estamos? — ela perguntou, saindo do carro com uma expressão confusa.
— O Jardim das Flores — respondi, enfiando as mãos nos bolsos enquanto olhava em volta. — Minha mãe costumava me trazer aqui quando eu era criança. Eu achava que seria... sei lá, legal te mostrar.
Ela olhou ao redor, e vi os olhos dela se iluminarem. Foi como se todo aquele peso que ela carregava tivesse desaparecido por um momento.
— Rodrick... — ela começou, a voz mais suave do que o normal.
— Fala, eu sou um gênio, né? — eu brinquei, caminhando até ela.
— Não vou admitir isso — ela disse, mas o sorriso entregava tudo.
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Caminhamos pelo campo, e eu percebi que ela tocava as flores com cuidado, como se fossem feitas de vidro. Não resisti e agarrei a mão dela.
— Você sabe que não precisa ser tão delicada, né? São só flores — eu disse, rindo.
— E você sabe que não precisa ser tão bruto o tempo todo, né? — ela respondeu, me dando um empurrão leve no ombro.
Eu puxei ela pra mais perto, passando o braço pelos ombros dela. Ela encostou a cabeça no meu peito, e fiquei ali, sentindo o cheiro das flores misturado ao perfume dela. Era... confortável.
— Minha mãe dizia que esse lugar era mágico — comentei, quebrando o silêncio. — Ela dizia que as flores têm um jeito de fazer as coisas parecerem menos complicadas.
— E você acreditava nisso?
— Não... até agora.
Ela levantou a cabeça pra me olhar, e o jeito que os olhos dela brilhavam me fez sentir como um completo idiota apaixonado.
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A gente acabou sentando no meio do campo, e ela se deitou com a cabeça no meu colo. Enquanto eu mexia no cabelo dela, senti um aperto no peito. Era estranho, mas bom.
— Você é um idiota, sabia? — ela disse de repente, sem abrir os olhos.
— Por te trazer aqui?
— Por me fazer gostar disso.
Eu ri, inclinando a cabeça pra frente até o rosto dela estar bem perto do meu.
— Admite logo que eu sou incrível.
Ela abriu os olhos e me encarou, mas não disse nada. Em vez disso, ela puxou minha camisa e me deu um beijo.
Foi... diferente. Não só pelo lugar, mas porque, pela primeira vez, eu senti que tinha acertado em cheio.
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Na volta, ela estava mais leve, mais sorridente. Acho que, de alguma forma, aquele lugar fez por ela o que fazia por mim quando eu era criança.
E, bom, foi um pouco mágico, sim.
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Desculpa pela demora vai sair 2 okk
