A tarde estava calma, e o quarto de Rodrick tinha aquela bagunça peculiar que já era tão familiar para mim. O sol entrava pela janela, iluminando o rosto dele de um jeito que fazia meu coração apertar. Ele estava sentado na beira da cama, mexendo distraidamente em uma palheta que sempre carregava no bolso. O cabelo dele, aquele emaranhado perfeito e único, parecia mais bagunçado do que o normal, mas isso só o deixava ainda mais lindo.
Eu estava sentada ao lado dele, observando cada detalhe. Meu olhar pousava no jeito que os dedos dele brincavam com a palheta, na curva leve dos lábios, e na expressão que parecia um pouco distante. Rodrick, quieto? Não era típico.
— Tá tudo bem, meu amor? — perguntei, inclinando minha cabeça para o lado enquanto acariciava de leve o braço dele.
Ele olhou para mim, e por um segundo, pensei que fosse dar aquele sorriso torto que sempre derretia meu coração. Mas ele apenas deu de ombros, desviando o olhar.
— Tô bem, babe.
Era o jeito dele de tentar encerrar o assunto, mas algo me dizia que não era verdade. Eu segurei a mão dele, entrelaçando nossos dedos, e dei um leve puxão para que ele me encarasse.
— Rodrick, você tá quieto demais. Isso não é normal. O que tá pegando?
Ele suspirou, soltando a palheta sobre o colchão e passando a mão pelos cabelos bagunçados. O gesto me fez sorrir internamente, porque ele fazia isso sempre que estava nervoso ou tentando se organizar por dentro.
— Eu só... — Ele hesitou, o que não era típico dele. — Às vezes, eu sinto que sou insuficiente pra você.
Minha respiração travou por um momento. Rodrick? Insuficiente? Isso não fazia sentido. Ele era a pessoa que sempre me fazia rir, que tinha uma energia que iluminava até os meus dias mais escuros. Ele não era do tipo que se abria, e ouvir aquilo me deixou surpresa.
— O quê? Por que você tá dizendo isso, amor? — perguntei, meu tom carregado de preocupação enquanto apertava a mão dele.
Ele finalmente olhou para mim, e havia algo nos olhos dele que me desmontou. Uma vulnerabilidade que ele escondia tão bem.
— Eu queria ser mais, sabe? Um namorado mais presente. Tipo, ser mais gentil, mais legal, mais... carinhoso com você. — Ele passou a mão pelo rosto, frustrado. — Você merece alguém que te leve flores, que seja mais estável. Às vezes, sinto que eu só tô aqui... sendo eu.
Eu ri. Não de deboche, mas porque aquilo era tão longe da verdade que meu peito doía.
— Rodrick, olha pra mim.
Segurei o rosto dele entre minhas mãos, fazendo com que ele me encarasse de perto. O calor da pele dele sob meus dedos me deu uma sensação de conforto, e eu passei o polegar sobre a maçã do rosto dele, tentando mostrar que estava ali, completamente.
— Você é o último romântico da Terra, sabia? — falei com um sorriso suave.
Ele franziu o cenho, confuso.
— Que? Como assim?
— Eu amo tudo em você, Rodrick. — Inclinei-me um pouco mais, mantendo nossas testas coladas. — Amo o jeito que você me olha como se eu fosse a única pessoa no mundo. Amo suas roupas, seu cabelo incrivelmente bagunçado e incrivelmente lindo. Amo o som da sua risada, o jeito que você fala besteira só pra me fazer sorrir. Você acha que ser você não é suficiente? Pra mim, é mais do que o suficiente. É perfeito.
Os olhos dele se suavizaram, mas ele ainda parecia hesitante.
— Mas eu nem sei fazer essas coisas de romance direito, babe. Tipo... flores, declarações bonitas, essas paradas.
Eu ri de novo, mais calorosa dessa vez, e me movi para abraçá-lo. Passei meus braços ao redor do pescoço dele, sentindo o calor do corpo dele contra o meu. Ele retribuiu o gesto, apertando minha cintura com força, como se tivesse medo de me soltar.
— Eu não quero flores, Rodrick. Quero você. O jeito que você me chama de "babe" como se fosse a coisa mais natural do mundo. O jeito que você faz meu coração acelerar só de entrar no quarto. — Inclinei-me para murmurar no ouvido dele. — Quero você exatamente assim.
Ele suspirou, aliviado, e relaxou nos meus braços. Depois de um tempo, murmurou:
— Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo, babe.
Afastei-me só o suficiente para olhar para ele de novo, deslizando minha mão pelos cabelos dele, bagunçando ainda mais, porque sabia que ele gostava disso.
— E você é o amor da minha vida, seu último romântico.
Rodrick sorriu, finalmente, e foi o sorriso torto e lindo que eu tanto amo. Ele me puxou para mais perto, beijando o topo da minha cabeça e depois meus lábios, como se quisesse confirmar tudo o que eu tinha dito.
E ali, naquele quarto bagunçado, no meio de um dia comum, eu tive certeza de que nós dois éramos tudo o que precisávamos.
