Rodrick:
Eu nunca fui o tipo de cara que sabe lidar com ciúmes. Acho que, pra mim, o negócio sempre foi meio preto no branco: ou alguém tá comigo ou não tá. Mas quando comecei a namorar a s/n, tudo mudou. Eu nunca tinha sentido esse nível de insegurança antes. Talvez porque ela fosse… bom, ela. Bonita pra caramba, esperta, engraçada. Era fácil entender porque outros caras ficavam interessados.
Mas eu nunca pensei que ele seria o problema.
Tudo começou numa tarde de terça-feira. Eu tava largado no sofá da garagem depois de um ensaio da banda. A s/n tava na faculdade e tinha comentado de um trabalho em grupo que precisava terminar. "Vai ter um cara lá, mas é só trabalho," ela disse, casualmente, enquanto mexia no cabelo e tentava escolher um casaco antes de sair.
— Qual o nome dele? — perguntei, tentando parecer desinteressado.
— Lucas. — Ela deu um sorriso pequeno e colocou o casaco. — Ele é legal. Só amigo, tá?
Eu só murmurei um "aham" enquanto olhava pra frente. Mas por dentro, meu estômago deu um nó.
Alguns dias depois...
Eu tava esperando a s/n no estacionamento da faculdade dela. Ela tinha me pedido carona porque o carro tava na oficina. A gente tava planejando sair pra comer depois. Mas o que eu não esperava era ver ela saindo do prédio… rindo com o Lucas.
Ela tava rindo daquele jeito que eu achava que era só meu. E o jeito como ele tava olhando pra ela? Não precisava ser nenhum gênio pra saber o que ele tava pensando.
Quando ela me viu, o sorriso dela ficou ainda maior e ela correu até mim. Eu me levantei e abri os braços pra abraçá-la, segurando ela pela cintura.
— Oi, meu amor. — Ela me beijou na bochecha, mas eu tava olhando pra ele. Lucas. Ele tava ali, parado, sorrindo educadamente, mas meio sem jeito.
— Esse é o Rodrick — ela disse, animada, apontando pra mim. — Meu namorado.
Lucas estendeu a mão, mas eu nem me mexi. Só levantei uma sobrancelha.
— Beleza, cara? — falei, seco.
Ele deu um sorriso meio amarelo, abaixando a mão.
— Bom… já vou indo. Até mais, s/n.
Eu não respondi. Só fiquei olhando ele ir embora.
— Que foi isso? — ela perguntou, rindo um pouco e me encarando.
Eu não respondi de imediato. Só peguei na mão dela e puxei pra mais perto.
— Ele sempre te olha assim? — perguntei, direto.
Ela franziu a testa, confusa.
— Assim como?
— Como se ele fosse o cachorrinho e você o bife de carne mais suculento do mundo.
Ela riu de novo e passou os braços pelo meu pescoço.
— Você tá com ciúmes, Rodrick?
— Não é ciúme — menti, segurando a cintura dela mais firme. — É só... instinto. Esse cara claramente quer mais do que só "ser amigo".
Ela revirou os olhos, mas tinha um sorriso nos lábios.
— Para. Ele é só um colega. Você sabe que eu só tenho olhos pra você, né?
Eu não respondi de cara. Só olhei bem nos olhos dela e deslizei a mão até o queixo dela, inclinando o rosto dela pra mim.
— Espero mesmo que tenha — murmurei antes de beijá-la.
Mais tarde, no restaurante...
A gente tava sentado numa mesa perto da janela, dividindo uma porção de batatas fritas. Ela tava contando sobre o trabalho que tinha feito com o Lucas, mas eu mal tava ouvindo. Minha mente ainda tava presa na imagem dele olhando pra ela.
— Rodrick, você tá me ouvindo?
— Tô — menti, mexendo na batata.
Ela riu de leve e encostou o pé no meu debaixo da mesa.
— Para de ficar emburrado. Já falei que ele não é ameaça.
Eu bufei.
— Se ele chegar perto de novo, eu vou deixar claro que você é minha.
Ela inclinou a cabeça e me olhou com aquele sorriso dela, cheio de afeto e um pouco de provocação.
— Ah, é? E como você pretende fazer isso?
Eu me inclinei, passando a mão pelo joelho dela debaixo da mesa, subindo devagar.
— Quer mesmo saber?
Ela corou um pouco e riu, empurrando meu ombro.
— Você é impossível, Rodrick.
Mas naquele momento, com ela rindo e as mãos dela segurando as minhas, eu percebi que não importava quantos "Lucas" aparecessem. Ela era minha, e eu faria questão de que todos soubessem disso.
