Rodrick:
Na manhã seguinte, eu estava um desastre. Dormir quase não rolou, e a única coisa na minha cabeça era a S/n. Eu não podia deixar as coisas terminarem daquele jeito. Simplesmente não podia. Eu sabia que tinha errado, e dessa vez, eu ia consertar. De qualquer jeito.
Cheguei na escola mais cedo do que o normal, e fiquei esperando. A cada segundo, a tensão só aumentava, e eu não conseguia parar de pensar no que ia dizer. No fundo, eu não era o cara mais articulado quando se tratava de falar sobre sentimentos, mas, cara, eu precisava tentar.
Assim que vi S/n andando pelo corredor, senti meu estômago dar um nó. Ela estava conversando com uma amiga, mas dava para perceber que ela não estava 100%. Eu respirei fundo e fui atrás dela. Talvez eu devesse esperar um momento melhor, mas o desespero falava mais alto.
— S/n! — chamei, a voz saindo um pouco mais alta do que eu planejava. Ela parou, virou-se, e eu vi aquela expressão dela, meio irritada, meio surpresa. A amiga dela lançou um olhar estranho e saiu, deixando a gente a sós no corredor.
— O que você quer, Rodrick? — Ela cruzou os braços, claramente ainda chateada.
Eu senti a pressão subindo. Não podia vacilar agora.
— Eu... Eu preciso falar com você. Sobre ontem. — As palavras saíram de uma vez, como se eu estivesse explodindo por dentro. — Olha, eu sei que eu fui um idiota, tá? Eu entendo que você tá brava, e você tem todo o direito de estar.
Ela ficou me encarando em silêncio, sem esboçar muita reação. Aquele olhar dela só me deixava mais nervoso.
— Só que... cara, eu realmente não queria que isso acontecesse. Eu não queria que você se sentisse de lado. Eu sei que eu não sou o melhor em mostrar o que sinto, e que às vezes a banda parece ser tudo o que eu penso, mas você... você importa. Muito.
Ela arqueou a sobrancelha, ainda com os braços cruzados. Era o típico olhar dela, desafiador, como se estivesse avaliando cada palavra.
— Rodrick, a questão não é só a banda — disse ela, balançando a cabeça, frustrada. — É que você nunca me coloca em primeiro lugar. E eu estou cansada disso.
Eu passei a mão pelos cabelos, claramente desesperado. Eu não sabia como fazer ela entender, mas precisava tentar. De algum jeito.
— S/n, por favor, me dá mais uma chance. Eu sei que eu sou um cabeça dura, mas... eu não quero te perder. Eu preciso de você. Eu vou mudar, sério. Eu vou tentar ser melhor, tá? Prometo que vou me esforçar mais. — Minha voz quase falhou no final, porque, sinceramente, eu estava apavorado com a possibilidade de perdê-la de vez.
Ela me olhou por alguns segundos, e eu vi seus olhos suavizando um pouco, mas ainda havia dúvida ali. O silêncio parecia durar uma eternidade.
— Eu não quero mais desculpas vazias, Rodrick — disse ela, finalmente, com um tom mais suave, mas ainda firme. — Eu quero ver você fazer isso. Palavras não vão ser suficientes dessa vez.
Eu balancei a cabeça rapidamente, concordando, quase aliviado por ela ainda estar disposta a ouvir.
— Eu sei, eu sei. Eu vou mostrar, tá? Não vou só falar. Eu vou provar. Você vai ver.
Ela respirou fundo, ainda me encarando como se tentasse decidir se acreditava em mim ou não. Eu estava praticamente prendendo o ar, esperando pela resposta dela.
— Tá bom, Rodrick. — Ela suspirou, deixando os braços caírem ao lado do corpo. — Mas essa é sua última chance.
O alívio me atingiu como uma onda. Eu mal conseguia acreditar que ela ainda estava me dando uma oportunidade. Eu queria abraçá-la ali mesmo, mas me contive. Era claro que ainda tinha muito trabalho pela frente.
— Obrigado, S/n — falei, quase sem fôlego. — Eu juro que não vou estragar dessa vez.
Ela apenas assentiu, virando-se para ir embora, mas eu vi um leve sorriso no canto dos lábios dela. Talvez, só talvez, as coisas pudessem ficar bem de novo.
E eu não ia decepcioná-la.
