Rodrick
Cara, nunca pensei que eu fosse me encontrar numa situação dessas. Eu, Rodrick Heffley, o cara que sempre esteve no controle — ou pelo menos fingindo estar — me vi de pernas bambas por alguém. S/N.
Ela apareceu como quem não quer nada, mas deixou um estrago na minha cabeça. A garota mais fora da curva que eu já conheci. Ela é engraçada, direta, linda… mas tem uma regra clara: nada de relacionamento sério. Eu sei disso porque ela deixou bem claro desde o começo. E sabe o que é pior? Isso só me faz querer ela ainda mais.
---
Era sexta à noite, eu estava ensaiando com a minha banda na garagem. Ela apareceu do nada, do jeito dela, jeans rasgado e aquele sorriso de quem sabe o poder que tem.
— "E aí, rockstar? Vocês estão mais ou menos hoje," ela provocou, se encostando na porta da garagem.
Eu ri, tentando não parecer tão afetado.
— "A gente tá só aquecendo. Você devia entrar e aprender alguma coisa sobre música de verdade," eu retruquei, enquanto tentava parecer despreocupado.
Ela entrou e sentou no sofá velho da garagem, cruzando as pernas. A cada comentário que ela fazia sobre como "minhas batidas precisavam de mais alma", eu só queria largar tudo e puxar ela pra mais perto.
Depois do ensaio, ela ficou pra conversar. Sempre ficava. Não era incomum a gente se perder em longas conversas sobre nada, mas naquela noite, eu decidi arriscar.
— "S/N, por que você tá sempre por aqui se não quer nada sério?" Eu perguntei, cruzando os braços, mas mantendo o tom leve.
Ela suspirou, mexendo no cabelo.
— "Porque você é divertido, Rodrick. E eu gosto disso. Mas eu não quero me prender. Simples assim."
Foi como levar um soco, mas eu não ia desistir tão fácil.
---
Algumas semanas depois…
Depois daquele dia, eu comecei a mostrar que não era só "diversão". Não foi algo planejado; foi instintivo. Em um dos nossos encontros, a gente foi ao parque. Estávamos sentados na grama, e ela, sem perceber, encostou a cabeça no meu ombro. Meu coração deu um salto, mas fingi normalidade.
— "Tá confortável aí?" brinquei, olhando pra ela.
Ela deu uma risadinha.
— "Bem mais do que achei que seria. Não conta pra ninguém."
Meu instinto foi segurar a mão dela, mas hesitei. Só que aí, como se ela soubesse o que eu tava pensando, ela entrelaçou os dedos nos meus. Um gesto simples, mas, cara, aquilo parecia uma vitória.
---
Mais um dia, mais incertezas
Um dia, enquanto ela me ajudava a carregar uns equipamentos pra um show da banda, eu parei e fiquei olhando pra ela.
— "O que foi?" Ela perguntou, arqueando a sobrancelha.
— "Eu só… tô tentando entender você. Entender nós."
Ela bufou, mas com um sorriso de canto.
— "Rodrick, eu já disse. Eu não quero compromisso."
— "E se eu disser que eu só quero o que você quiser? Não tô aqui pra te prender, S/N. Só… não quero perder isso que a gente tem."
Ela ficou em silêncio, o que me deixou ainda mais nervoso. Então, ela fez algo inesperado: se aproximou e passou a mão pelo meu rosto.
— "Você é tão bobo, sabia? Mas eu gosto disso em você."
O toque dela me deixou paralisado, mas antes que eu pudesse reagir, ela riu e entrou na van.
---
O ponto de virada
Depois do show, eu a puxei pra um canto mais tranquilo. Meu coração tava acelerado, mas eu precisava dizer.
— "Eu não vou te pedir nada. Só queria que você soubesse que… eu gosto de você. Muito."
Ela ficou me olhando, sem piscar, e por um segundo achei que tinha estragado tudo. Mas então, ela deu um sorriso meio tímido.
— "Você é insistente, hein?"
— "Só quando vale a pena."
Ela deu um passo à frente, e antes que eu percebesse, ela passou os braços pelo meu pescoço. O beijo foi a confirmação que eu nem sabia que precisava.
---
Final feliz? Quase.
Com o tempo, ela foi cedendo, aos poucos. Não houve promessas, nem rótulos, mas ela começou a aparecer mais, a ficar mais presente. E um dia, enquanto estávamos deitados no sofá, ela soltou, quase casualmente:
— "Talvez eu esteja reconsiderando essa coisa de 'não querer nada sério'."
Eu fingi que não ouvi.
— "O quê? Não ouvi direito, repete aí."
Ela me deu um tapa no braço, rindo.
— "Para, idiota."
E ali estava: o começo de algo que, talvez, fosse sério. E cara, valeu cada segundo de espera.
