Ah, cara, o Natal é sempre uma parada meio estranha pra mim. Tipo, todo mundo tá nesse clima todo brilhante, com neve falsa, sorrisos falsos, e presentes... Ah, os presentes. Nunca sei o que dar pra ninguém, quanto mais pra minha namorada, s/n.
Era um dia antes da véspera e eu tava na cozinha. Minha mãe tava lá, toda animada enrolando biscoitos naquelas formas de árvore.
– Ei, mãe, o que eu dou de presente pra s/n? – perguntei, fingindo que não me importava muito, mas a verdade era que tava ficando meio nervoso.
Ela parou, olhou pra mim como se eu fosse idiota e disse:
– Por que você não pergunta pra ela?
– E perder o impacto? Nem pensar. – Revirei os olhos e voltei pro meu quarto.
Mas, sério, aquilo ficou na minha cabeça. Decidi ir até o shopping. Achei que ia ser moleza, mas, cara... Não tinha nada lá que fosse a cara dela. Pensei em uma camiseta de banda – talvez Metallica ou Iron Maiden –, mas, sei lá, não parecia certo. Acabei indo embora de mãos vazias e meio frustrado.
Cheguei em casa tarde e fui direto pro meu quarto. Meu celular vibrou, era s/n.
– Vai me buscar amanhã? – ela perguntou.
– Claro – respondi, como se fosse óbvio, mesmo sabendo que ia dormir tarde.
A manhã seguinte
Quando acordei, já era quase meio-dia. Meu quarto tava uma zona, mas ignorei isso e me troquei rápido. Coloquei uma calça preta larga, minha camiseta do Slipknot, e um colar com um “R” que minha mãe tinha me dado uns dias atrás. Escovei os dentes, e até eu fiquei surpreso por estar fazendo um esforço.
No caminho pra casa dela, parei numa loja de arte, mas de novo... Nada parecia certo. Quando cheguei lá, ela abriu a porta com aquele sorriso dela. Tava usando uma calça larga e uma regata azul-marinho, e, claro, já veio me beijar na entrada.
– Entra rápido, meus pais ainda tão dormindo – ela sussurrou, puxando meu braço.
Ela tava andando de um lado pro outro, falando sobre a festa de Natal que a gente ia à noite. Eu tava meio distraído, só concordando com a cabeça.
– Ei, senta aqui – ela apontou pra cadeira da penteadeira. Quando sentei, ela olhou pra mim com aquele olhar atento.
– Você se arrumou? – perguntou, levantando a sobrancelha.
– Nem tanto. – Dei de ombros, mas ela riu.
– A gente devia se arrumar junto, na sua casa, antes de ir pra festa. – Ela colocou as mãos nos meus ombros, me olhando no espelho.
– Tanto faz – murmurei, mas, por dentro, eu tava achando a ideia... sei lá, legal.
Antes da festa
De noite, a gente tava no meu quarto. Ela tava sentada no chão, com um espelho portátil na mão, passando alguma coisa nos olhos.
– Você é péssimo nisso – ela disse, rindo, enquanto eu tentava colocar meus sapatos e acabava bagunçando tudo.
– É por isso que eu não faço esse tipo de coisa – rebati, jogando meu tênis no chão.
Ela levantou, veio até mim e começou a ajeitar a gola da minha camisa sem pedir.
– Você é tipo... um caos ambulante, sabia? – falou, mas com aquele tom carinhoso.
Eu só olhava enquanto ela passava um dedo no meu colar.
– Esse colar combina contigo – comentou.
– Combina mais contigo – respondi sem pensar muito, e ela riu, corando um pouco.
Na festa
A festa tava cheia. S/n tava me arrastando pra lá e pra cá, rindo, cumprimentando todo mundo. Ela não me deixou beber – disse que alguém precisava ficar sóbrio. A meia-noite chegou rápido, e as pessoas começaram a se abraçar e a gritar “Feliz Natal!”.
S/n se virou pra mim, ficando na ponta dos pés pra me dar um beijo. Foi simples, mas, sei lá, senti um calor estranho no peito. Antes que ela pudesse dizer algo, tirei um embrulho do meu bolso.
– O que é isso? – ela perguntou, curiosa.
– Só abre – falei, tentando parecer despreocupado, mas meu coração tava acelerado.
Ela abriu o embrulho e viu o colar com o “R”. Ficou em silêncio por um segundo, depois riu daquele jeito fofo.
– É tão... você. – Ela colocou o colar imediatamente. – Obrigada, eu amei.
A gente ficou junto o resto da noite, meio longe da multidão. Eu não sou bom com palavras, mas naquele momento, só de olhar pra ela, percebi que, de alguma forma, tinha acertado no presente.
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1/9 da maraton
