CAPÍTULO 3

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B E A T R I Z  M O O R E

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B E A T R I Z  M O O R E

Olho em volta, o ambiente é deslumbrante. Uma sala vasta, com grandes e majestosos quadros de arte que adornam as paredes, cada um mais impressionante que o outro. Os sofás de couro negro brilham sob a luz suave dos elegantes lustres de cristal, que, apesar de serem exuberantes, parecem pendurados por um fio frágil, ameaçando despencar a qualquer instante. No centro, uma lareira imponente em mármore aquece o espaço, à frente uma mesa de vidro refinado, refletindo o brilho do fogo.

Enquanto ainda absorvo cada detalhe da grandeza ao meu redor, uma voz feminina ecoa pela sala.

— Noah! Filho, você demorou. Disse que ficaria apenas alguns minutos fora. Vamos, quero conhecer seu novo apartamento — A mulher, impecavelmente vestida e com uma elegância que só o tempo aperfeiçoa, avança em direção ao "filho". Ela o abraça com familiaridade, ignorando completamente a minha presença.

Com mais de 45 anos, sua beleza ainda era inegável, uma daquelas pessoas que envelhecem como se o tempo fosse apenas um detalhe.

— Mãe, essa é a Beatriz.

— Estão namorando? Noah, seus relacionamentos nunca duram mais do que dois meses. Não acredito que está investindo nisso. — A voz da mulher cortou o ar com uma frieza inesperada, o julgamento impiedoso escorrendo de suas palavras como veneno. Meu corpo reagiu de imediato, e o impulso de gritar "não" quase explodiu da minha garganta. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Noah se adiantou.

— Não! Não estamos namorando, por Deus, mãe! — Ele ergueu as mãos como quem tenta afastar uma catástrofe. — A Bea é minha sobrinha. Eu... Eu encontrei minha família biológica.

Ele sorriu, mas sua revelação pairou no ar como uma bomba prestes a detonar. A mulher, incrédula, levou a mão à testa, o rosto pálido como se o chão estivesse se abrindo sob seus pés. Ela piscou rápido, em choque, e por um instante o silêncio se espalhou pela sala como uma onda sufocante.

E eu estava ali, paralisada. As bochechas queimavam, uma mistura de humilhação e desconforto me prendendo no lugar como se o peso da situação me esmagasse. Eu queria reagir, queria desaparecer, mas estava completamente travada, sem sequer conseguir respirar direito.

Ela começou a falar com ele como se ele fosse uma criança, dizendo que ela estava feliz por ele mas sentia que estava perdendo-o aos poucos. Após alguns minutos, ela chama a empregada e pede para a mesma fazer chá. Ela nem sequer olha em meu rosto, finge que não estou aqui.

— Não pensou em me contar? — ela pergunta, enquanto serve três xícaras de chá fervendo, algo que insistiu bastante para que aceitássemos.

— Mãe, você está sempre tão ocupada... não quis te incomodar com mais um problema — ele responde, lançando um olhar rápido para mim. Eu me pergunto o que estou fazendo aqui, assistindo a essa reunião de família entre duas pessoas que mal conheço. Realmente deveria ter ficado em casa.

— Aqui, querida — diz ela com a voz doce, estendendo-me uma xícara. No momento em que tento pegá-la, ela inclina levemente a xícara, derramando o chá quente em cima de mim.

— Ai! — Meu grito corta o ar, abafando suas desculpas apressadas. Rapidamente, arranco a blusa que gruda na minha pele, queimando e fazendo a dor se espalhar pelo meu peito e barriga, que já estão avermelhados e ardendo.

— Droga! Mãe! Chama a Letícia, rápido! — Noah exclamou, vendo o meu estado. A dor é insuportável e eu mal consigo respirar. Ele se aproxima, preocupado, tentando me ajudar. — Está muito feio! Vem comigo — murmura, enquanto me puxa. Eu só consigo chorar e gemer de dor. Tudo arde tanto!

Em questão de segundos, sinto seus braços ao redor das minhas pernas e costas, me erguendo do chão. Ele me carrega, mas meus olhos embaçados pelas lágrimas não conseguem focar onde estamos indo.

Sinto o choque da água gelada contra minha pele, arrancando de mim um grunhido involuntário enquanto me agarro a Noah. 

Aquela mulher é o demônio! Ela derramou o chá de propósito para me machucar! Aos poucos, a água gelada começa a aliviar a dor e a ardência da queimadura.

— Está melhor? — ele pergunta, ainda me segurando dentro da banheira. O olhar de preocupação em seu rosto me faz sorrir de leve. Assinto com a cabeça, mas logo olho para baixo e percebo que estou apenas de sutiã. Não sei o que está mais vermelho agora, minha queimadura ou minhas bochechas.

— Noah? A Letícia disse para passar essa pomada na queimadura. Como ela está? — A voz de sua mãe surge na porta do banheiro, me fazendo lançar um olhar mortal em sua direção. Ela apenas sorri, como se estivesse se divertindo, o que só aumenta minha raiva.

Eu deveria ter ficado em casa! Repito isso mentalmente várias vezes, tentando aceitar a loucura da minha situação.

— Desculpa pela minha mãe... ela não fez de propósito — Noah murmura, enquanto me conduz para o quarto dele. Olho bem em seus olhos, e então ele se dá por vencido — Okay, talvez ela tenha feito de propósito.

— Claro! Ela não queria... — ironizo, olhando para as roupas e a pomada em cima da cama, esperando que ele saísse do quarto. — Vai ficar aí? — questiono, e ele se vira imediatamente.

Tento passar a pomada, mas minhas mãos ainda estão trêmulas,o que só piora a situação.

— Droga! — esbravejo baixinho, frustrada com minha própria incapacidade. Sinto o olhar de Noah de relance, e ele se aproxima.

 Sinto o olhar de Noah de relance, e ele se aproxima

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