B E A T R I Z M O O R E
— Eu sinto muito, Noah — falei, entrelaçando nossos dedos. Não posso dizer que entendo o que ele está sentindo, mas sei o que está pensando. Ele gostaria de ter conhecido os pais, gostaria de ter conhecido as irmãs. Mas seu destino foi brutalmente traçado por um louco que o tirou de sua família. Acredito que ele tem uma vida melhor do que teria se estivesse conosco desde sempre.
— Durante vinte e um anos a minha realidade era outra, eu acreditava que a minha família era a minha família. Mesmo sendo o único que não se aprecia nada com eles — ele sorriu amargamente, acenando para pedir outra garrafa de vinho ao garçom.
— Minha vez de perguntar — falei, tentando afastar o clima de velório. Ele então fixou seus olhos nos meus. — Quem é a morena das suas fotos? Sua noiva?
— Minha irmã adotiva, é a pessoa mais próxima de mim. Ela sabe todos os meus segredos e quando estou me afundando Isabelle me puxa de volta — ele fala e eu sustento seu olhar, espero que ele não pense que eu fiquei com ciúmes, apenas curiosa. — Você não tem namorado? — ele toma em um gole o líquido bordô em sua taça.
— Não, e nem quero. Depois de acompanhar de perto o relacionamento dos meus pais, e ver a ingratidão dele. Eu não quero ter ninguém. Relacionamentos são complicados, e uma hora ou outra um dos dois cansa e vai embora. Não estou preparada para deixar ninguém entrar na minha vida se essa pessoa for me deixar.
Após dizer isso, encarei a vista da cidade novamente. Querendo ou não, Noah entrou na minha vida. Entrou da forma mais intensa, sem nenhum aviso prévio. Mesmo querendo me afastar por conta de meus pensamentos confusos, eu não quero que ele vá embora. Não quero perder a única pessoa que parece se importar comigo no momento.
— Pretende morrer virgem então? — um sorriso travesso acendeu em seus lábios, automaticamente me engasguei com a bebida, tossindo muito, ficando sem ar. Eu não estava preparada para esse pergunta, ele podia ter feito ela antes de eu levar a taça até meus lábios. — Calma, Bea. Foi só uma pergunta inocente.
Não há nada de inocente nessa pergunta, nós não deveríamos nem estar conversando sobre esse assunto.
— Bom... — tomei um fôlego para falar algo tão pessoal. — Eu pretendo encontrar a pessoa certa para isso, eu não quero nunca me arrepender da minha primeira vez. Mesmo que seja um caso de uma noite só, eu só quero estar preparada e com a pessoa certa. — Noah bateu palmas, não consigo decifrar se ele está surpreso ou está debochando.
Nós passamos mais algumas horas bebendo e conversando, confesso que ele é uma das pessoas mais divertidas que eu já conheci. E também, uma das pessoas mais ousadas.
Notando minha embriaguez, o loiro anunciou que iríamos para casa. Pagou a conta e segurou minha mão, dei uma última olhada na vista do terraço. Sentindo meu peito se encher de alegria, eu poderia vir aqui todos os dias apenas para observar as luzes da cidade.
Ele me conduziu até as escadas, pousando suas mãos em minha cintura para me ajudar a descer.
— Se você cair eu vou rir muito, depois eu vou levantar você do chão mas primeiro eu vou rir muito — ele anunciou, me ajudando a descer lentamente degrau por degrau.
Nós entramos no carro. Ele pediu para que eu colocasse o cinto de segurança, mas a única coisa que eu fiz foi deitar minha cabeça no banco e fechar os olhos.
Senti Noah se mechet, senti sua respiração em meu rosto. Deixei meus lábios entreabertos, esperando que ele me beijasse. Noah colocou o cinto de segurança em mim e voltou ao seu lugar. Sinto meu rosto arder de vergonha, ele deve estar achando que eu estou podre de bêbada agora.
Nós chegamos em casa, Noah me conduziu até a sala. Deixando que eu me jogasse no sofá macio.
Tudo o que eu quero é um banho e minha cama. Mas estou tão exausta que poderia dormir aqui mesmo.— Eu avisei para parar de beber. — Noah cantarola ao me ver largada no estofado. — Como se sente? — Ele pergunta, com um sorriso malicioso esboçado nos lábios. Está se divertindo com a minha situação deplorável. Que idiota! Idiota gostoso...
— Levemente alcoolizada — anuncio, soltando uma risada logo em seguida. — Eu preciso tomar banho, me leva para o quarto? — pergunto, estendendo meus braços em sua direção. Ele me analisa por alguns segundos antes de me pegar no colo. Meus braços envolvem seu pescoço enquanto descanso a cabeça em seu peito, ouvindo seu coração acelerado e sentindo seu cheiro. Ele é tão perfeito!
— Já pode me soltar, Bea. — Ele avisa, após subir alguns degraus comigo em seu colo, fazendo-me abrir um dos olhos pesados que insistiam em fechar.
— Mas eu não quero, Noah —murmuro em uma voz tão baixa que nem sei se ele ouviu. Fecho os olhos, bocejando e me aconchegando ainda mais a ele.
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ILÍCITO
RomanceIlícito // condenado pela lei e/ou pela moral; proibido, ilegal. Quando Noah Thompson bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Beatriz vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimento...