CAPÍTULO 1

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E P Í G R A F E

"Às vezes no amor ilícito está toda a pureza do corpo e alma, não abençoado por um padre, mas abençoado pelo próprio amor."

— Clarice Lispector

B E A T R I Z  M O O R E

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B E A T R I Z  M O O R E

Encarei seus olhos azuis, era como se o céu estivesse refletido em seu olhar. Seus cabelos loiros estavam sendo bagunçados pelo vento.

— Oi — ele disse, abrindo um sorriso sincero e cativante. Não consegui dizer nada. Sua beleza acabou por me deixar inebriada.

— Quem é você? — perguntei, tentando soar o mais casual possível. Outro sorriso, dessa vez um sorriso sem graça, acompanhado de um “posso entrar”?

Olhei o loiro de cima a baixo, vestido de camisa social azul e calca social preta. No pulso um Rolex que provavelmente custa mais do que a minha casa.

— Eu sou da família. Vou explicar tudo. Só preciso que chame sua mãe e me deixe entrar, Beatriz. — Arqueei as sobrancelhas com certa curiosidade. Como ele sabe meu nome, se nunca vi esse homem antes?

Empurrei a porta, dando passagem para ele. Subi as escadas rapidamente, temendo por deixar esse homem dentro da minha casa. Bati na porta do quarto e chamei minha mãe, avisando que tinha um cara que queria conversar com ela.

— Ele é um drogado? — perguntou ela.

— Como vou saber? Eu nem conheço ele. — Descemos as escadas rapidamente, ele estava de costas segurando um quadro da minha família.

Logo, o rapaz se virou abrindo um largo sorriso.

— Lilian? — ele perguntou, se aproximando de nós duas. Ela balançou a cabeça em afirmação, perguntando se eles já se conheciam, pois ele era muito familiar. — Eu sou o Noah, Noah Thompson.

Porra, ele é o irmão dela.

— Isso é impossível! Noah foi sequestrado há 21 anos.

— Sim, eu sei. — Ele suspirou pesadamente, misturando dor e alívio. — Fui levado para outro país, onde os sequestradores planejavam me vender. Mas tudo deu errado para eles e acabaram sendo presos. A polícia me encontrou e me levou para um lar adotivo, onde fui adotado por um casal rico. Eles me deram uma vida confortável e há mais ou menos um ano me contaram que eu era adotado.

— Desde então você ficou procurando por nós? — minha mãe perguntou, encarei ela, vendo seus olhos marejados. Ela não pode estar acreditando nisso, não mesmo.

— Sim, meu pai é uma pessoa muito importante da alta sociedade e ele me ajudou a encontrar vocês — Noah disse, passando as mãos em seus cabelos loiros e bagunçados. Parece nervoso.

— Queremos um teste de DNA  — falei, logo sendo cutucada pela minha mãe. — O que? Nem conhecemos esse cara, como podemos acreditar no que ele diz? — Olhei para ele, que estava sorrindo. Encarei seu sorriso perfeito, com dentes brancos e alinhados. Ele é muito bonito.

— Tudo bem, faremos um... — Antes que Noah podesse terminar de falar, minha mãe o abraçou. Revirei os olhos, ela nem conhece esse cara!

— Você me dá um minuto, querido? Preciso conversar com Bea — avisou minha mãe, fazendo carinho no rosto dele. Ele balançou a cabeça em afirmação, e logo Lilian me arrastou para o andar de cima. — Ele pode ser nossa chance, Bea! Pensa um pouco. Nós estamos falidas, estamos na miséria. Seu pai nos abandonou, eu mal estou conseguindo colocar comida na mesa. Nós precisamos de ajuda.

— Então eu trabalho, mamãe. Não precisamos de um homem que nem conhecemos! — Meu tom de voz saiu um pouco alto, ela apertou meu braço.

— Eu tenho certeza que aquele rapaz lá embaixo é o meu irmão, e também tenho certeza de que ele é rico e vai fazer o possível para ajudar a família dele — disse minha mãe em tom baixo, me fazendo revirar os olhos. Não acredito que ela realmente está cogitando essa ideia.

Nossa situação não é das melhores. Meu pai foi embora cerca de dois meses, ele fugiu com minha tia. Eles estavam apaixonados, tiveram um caso durante três anos e quando minha mãe descobriu ele terminou o casamento e nos deixou na miséria. Minha mãe não trabalhava, então ficamos sem nenhuma fonte de renda. Ela começou a fazer faxinas para terminar de pagar a casa e colocar comida na mesa.

— Faça o que quiser — dei de ombros, achando ridículo tudo isso. Estamos nos virando, mesmo sem os luxos que tínhamos antes. Minha mãe é uma mulher soberba demais para aceitar a pobreza.

Nós descemos as escadas, ele estava sentado no sofá mexendo no celular. Ela sentou ao lado dele, abrindo um grande sorriso. Pegou o celular e mostrou a ele uma foto, era a foto do dia do seu aniversário de um ano. Uma semana antes dele ser sequestrado.

Minha mãe sempre me disse que sentia em seu coração que o irmão caçula estava vivo. Disse que um dia queria encontrá-lo. Mas agora que ela encontrou, ela parece estar mais interessada com o dinheiro dele, do que com ele.

— O que acha de passar uns dias aqui, até sair o resultado do exame? — ela perguntou, me fazendo arregalar os olhos. Mamãe só pode estar ficando doida.

— Eu acabei de comprar um apartamento na cidade, acho que...

— Por favor, Noah. Vamos recuperar o tempo perdido — Ela suplicou, segurando ambas as mãos dele. Suspirei pesadamente, não gostando nada dessa ideia.

Tenho vontade de deixar as palavras saírem, de dizer que ela só está se importando com o dinheiro de Noah.

Bufei, não acreditando que isso realmente estava acontecendo. Minha mãe pirou de vez, ela não está pensando com clareza.

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