B E A T R I Z M O O R E
— Deixa que eu te ajudo — diz suavemente, pegando o excesso de pomada do meu dedo. Ele me encara, esperando uma resposta. Dou um sorriso fraco e, com vergonha, afasto a toalha.
"Por Deus, Beatriz. Como você consegue passar tanta vergonha?" penso, sentindo Noah aplicar a pomada com delicadeza sobre as queimaduras.
— Se doer, me avisa — ele diz, enquanto eu apenas aceno com a cabeça. Meu rosto fica vermelho automaticamente quando seus dedos passam pelo meu peito, perto do meu seio.
— Ok, já está bom. Obrigada — murmuro, caminhando até a cama e pegando a camiseta que ele havia deixado para mim. Visto-a com cuidado, notando que parece mais um vestido.
— Vou pegar minhas coisas e te esperar no carro ± ele avisa, e eu olho para ele quase implorando em silêncio para que não me deixe sozinha na casa da mãe dele.
Merda! O que estou fazendo? Eu nunca deveria ter vindo para essa mansão maldita. Mas estou tão sozinha ultimamente. Amigos fazem falta, e a única pessoa que tenho é minha mãe. Ela é minha grande amiga e protetora, mas também é... bem, minha mãe. Não posso contar tudo a ela.
— A máscara dele vai cair a qualquer momento. Noah não é esse amorzinho atencioso que você está pensando — uma voz irritantemente ríspida ecoa pelo quarto, me fazendo dar um pulo. Me viro rapidamente e encaro a mulher elegante que está à minha frente.
— Não entendi... — tento disfarçar.
— Noah está empolgado com a ideia de uma família nova, mas, quando o conhecer melhor, verá que ele é arrogante, egocêntrico e bipolar. Só estou te avisando! — Ela diz com um sorriso forçado antes de sair, me deixando sozinha com meus pensamentos inquietos.
[•••]
Noah para o carro em frente à minha casa, quebrando o silêncio constrangedor que dominou o caminho.
— Eu não queria te arrastar pra isso, só achei que seria legal se nos conhecêssemos melhor — sua voz soa baixa, quase como um pedido de desculpas disfarçado.
— Tá tudo bem, Noah. Já passou, nem dói mais — murmuro, enquanto abro a porta do carro, mas sinto sua mão no meu braço e olho rapidamente para ele.
— Deixa que eu explico pra sua mãe... — ele oferece, me fazendo sorrir levemente antes de interrompê-lo.
— Dessa vez, vou deixar passar, só porque não foi de propósito — ironizo, e ele ri, concordando com a cabeça.
Entro em casa e, imediatamente, minha mãe me bombardeia com perguntas.
— Cadê suas roupas? Por que seu cabelo está molhado? Esses olhos inchados... O que aconteceu? Você estava bem quando saiu, aconteceu alguma coisa? — Ela me deixa congelada no lugar, sem conseguir responder.
— Nós tomamos um banho de piscina, e ela teve uma câimbra debaixo d'água. Acabou chorando — a voz brincalhona de Noah surge atrás de mim. Que mentiroso de primeira! Estou até com inveja agora.
— Ah, menos mal... — murmura minha mãe, me abraçando forte. Ela é superprotetora e sempre acha que algo de ruim pode acontecer comigo.
Seu celular toca e ela atende, tenho impressão de ter escutado ela chamar a pessoa do outro lado de Vivian, mas isso seria impossível. Ela nunca voltará a falar com minha tia novamente.
Calmamente saio do seu campo de visão, subindo correndo os degraus para chegar logo em meu quarto. Ouço Noah vir atrás, revire os olhos quando sinto sua mão encostar em meu braço.
— Acho que foi convincente, né? — ele diz em tom brincalhão, com um sorriso no rosto.
— Você é um bom mentiroso, vou te dar esse crédito — respondo, olhando sua mão em meu braço, lançando-lhe um olhar meio cético. — Mas eu ainda estou processando o que sua mãe disse antes. Que história é essa de "a máscara vai cair"?
Noah suspira, desviando o olhar por um momento.
— Minha mãe... ela é complicada. Ela acha que tem que me proteger de todo mundo, mesmo que eu não tenha pedido. Sabe? Ela tem uma imagem minha que... — interrompo o loiro.
— Ela trata você como se ainda fosse o bebê dela, e quando ela acha que alguém está "ameaçando" você, ela surta e faz de tudo para afastar a pessoa. Estou certa? — perguntei, logo dizendo a ele que minha mãe era exatamente igual.
— Temos mães controladoras, pequena — Noah disse, fazendo carinho em minha mão. Eu nem havia notado que sua mão ainda estava segurando a minha.
Forcei um sorriso e entrei em meu quarto, fechando rapidamente a porta. Tomo outro banho, observando as bolhas vermelhas que se formaram em minha pele clara.
Após o banho me deitei em minha cama, observando as paredes. Pensando em algo para escrever em minha tarefa de casa. Odeio fazer redações, não sou muito boa com as palavras.
Fiquei algumas horas deitada, e a única coisa que vinha a minha cabeça era Noah Thompson. Fechei os olhos, como se pudesse sentir novamente seus dedos passando pela meu peito e barriga, prendi o ar, abrindo os olhos e afastando os pensamentos. Não posso ignora-lo para sempre.
Calço minhas pantufas e desço as escadas com um bloco de folhas e uma caneta azul em mãos. Vejo Noah sentado na ponta da mesa enquanto minha mãe preparava o jantar; eles riem e conversam como se nunca tivessem se afastado de verdade.
— Mãe, preciso de ajuda — aviso a morena, interrompendo. Me sento e coloco os materiais sobre a mesa.
Minha mãe continua mexendo nas panelas sem se virar para mim.
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ILÍCITO
RomanceIlícito // condenado pela lei e/ou pela moral; proibido, ilegal. Quando Noah Thompson bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Beatriz vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimento...