B E A T R I Z M O O R E
— Não, não, não — falei, repetindo como um mantra. Olívia me olhou irritada, cruzando os braços na altura do peito. Ela não vai mesmo para a minha casa, ainda mais para dar em cima de Noah. Eu não o quero para mim, eu não tenho ciúmes dele. Mas eu quero Olívia longe dele, mesmo que isso pareça um pouco contraditório. — Eu estou cansada, Oli. Vamos deixar para outro dia, por favor — murmurei em tom de súplica, vendo ela concordar e anunciar que seu pai havia chegado. Graças a Deus!
Após ficar plantada na frente da escola por dez minutos, percebi que Noah não iria vir. Então comecei a andar para casa.
Eu não consigo entender exatamente o que se passa em minha cabeça em relação a Noah. Meu pai sempre foi um pai incrível, até ele se apaixonar por Clara. Ele me dava toda atenção do mundo e me mostrava como uma mulher deveria ser tratada, ele nunca deixava me faltar nada. Papai sempre dizia que eu só deveria me apaixonar por um homem que fosse digno do meu amor, alguém que faria de tudo por mim. Eu sempre fiz de suas palavras uma oração, esperando pela pessoa certa.
Eu não posso ser tão azarada ao ponto de meu coração bater mais forte logo por ele. Ele me fez sentir como se eu fosse única, como se alguém realmente se importasse comigo, apenas comigo.
A verdade é que estou tão fragilizada ultimamente, com tudo o que aconteceu em tão pouco tempo. Eu gostaria que minha mãe estivesse mais presente, mas com a traição ela se afastou para se curar. E quando precisei de Olívia, ela também se afastou.
O barulho de uma buzina me tirou de meus pensamentos. Olhei para o lado, vendo uma moto esportiva vermelha. Eu conheço essas tatuagens. Ele tirou o capacete, abrindo um largo sorriso. Me alcançando o capacete que estava em seu braço.
— Achou que eu não viria, bebê? — Noah perguntou, fazendo um sorriso involuntário aparecer em meu rosto.
— Cadê o carro? — eu quis saber, pegando o capacete. Colocando-o em minha cabeça, logo olhando para a moto. Sem ter ideia de como subir, ela é imensa.
— Fui visitar minha mãe e deixei o carro lá, estava com saudades dessa belezinha aqui — murmurou o loiro, fazendo carinho no tanque da moto. Porra, esse cara realmente tem muito dinheiro.
Me apoiei em seu ombro, subindo na moto com dificuldade. Minha bunda fica empinada assim que me debruço sobre ele para abraçá-lo, sinto que vou cair a qualquer instante.
Fecho os olhos assim Noah da partida, o barulho ensurdecedor preenche meus ouvidos. Estamos em alta velocidade, sinto o vento forte em meus cabelos.
Noah desliza a mão pela minha perna, onde segura firme na tentativa de me tranquilizar. Quando estava prestes a abrir os olhos, ele para a moto e avisa que chegamos.
Sinto o ar voltar aos meus pulmões. Desço rapidamente da moto, esperando Noah vir atrás. Entramos em casa, e dei um pulo ao ver uma mulher de idade preparando o almoço na cozinha.
— Bea, essa é a Tânia — Noah avisou. — Contratei ela para preparar nossas refeições e fazer as demais tarefas da casa.
— O que? Noah eu posso fazer isso! — falei, deixando transparecer o quanto sua atitude me deixou incrédula.
— Mas você não precisa fazer nada disso, você precisa focar nos seus estudos. E sua mãe precisa focar no trabalho novo dela. — Ele puxou uma cadeira para mim, apontando com a mão para que eu me sentasse. — Além disso, não é bom você chegar da escola e já ter almoço pronto? — ele esboçou um sorriso travesso, como se estivesse ganhando essa discussão.
O cheiro delicioso invadiu meu nariz, senti meu estômago roncar no mesmo instante. Realmente, estou morta de fome. Só não consigo acreditar que ele fez isso por mim, apenas para que eu esteja sempre bem alimentada e livre das tarefas de casa. Esse cara realmente existe ou ainda estou sonhando?
— Querida, se você não gostar, posso cozinhar outra coisa — a mulher avisou, colocando um prato de comida em minha frente.
— Por favor, Tânia. Não se incomode, está perfeito! O cheiro está matando — falei para a senhora que abriu um sorriso singelo.
Noah estava sentado ao meu lado, concentrado no celular. Com quem será que ele está falando? E por que eu me importo?
— Com quem está falando? — Acabei deixando as palavras escapar, vendo Noah abrir um sorriso antes de responder que estava falando com seu cunhado.
— Meu cunhado Asher, logo você irá conhecê-lo. Mas não se aproxime, ele é mulherengo ao último. E eu não quero ter que quebrar a cara do meu cunhado — ele falou isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. O cunhado dele traí a mulher e está tudo bem para ele? Que família estranha.
— Por que Isabelle e ele ainda estão juntos se ele traí ela? — questionei, enquanto o loiro voltava sua atenção para mim.
— É complicado, eles acabaram de ter um filho juntos. Minha mãe colocou tanta pressão psicológica em Isa para se casar com Asher que ela aceitou, e ele gosta do conforto e da vida luxuosa. Eles são a família perfeita de redes sociais apenas.
Isso é deprimente, eu não quero nunca me casar com alguém se não for por amor. Não quero engravidar de uma pessoa que a qualquer momento poderá me trair.
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ILÍCITO
RomansaIlícito // condenado pela lei e/ou pela moral; proibido, ilegal. Quando Noah Thompson bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Beatriz vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimento...