CAPÍTULO 9

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B E A T R I Z  M O O R E

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B E A T R I Z  M O O R E

— Para onde estamos indo? — pergunto ao vê-lo entrar na rua oposta à da nossa casa.

— Não íamos jantar? — ele pergunta, e eu concordo. Na verdade, eu queria ir para casa, me afastar dele, parar de pensar nele e gostar do cheiro dele. Eu tirar Noah Thompson da minha cabeça.

Assim que desço do carro, sinto Noah pousar sua mão aberta em minhas costas. Olho para ele, confusa, mas não recebo um olhar ou explicação. Ele me puxa para dentro do restaurante e me guia. O restaurante é bonito, com pouca iluminação e um clima romântico. Pessoas circulam, famílias brindam.

Subimos algumas escadas. Noah empurrou a grande porta de vidro, dando acesso ao terraço. Uau! A vista é realmente de tirar o fôlego, provavelmente deve ser a vista mais bonita que já vi em toda a minha vida.

Um espaço amplo ao ar livre, com muros baixos de vidro para nossa segurança. Uma mesa redonda no centro com duas cadeiras. Na mesa, algumas velas, pratos, talheres, taças e vinho. Tem até flores. Isso é um jantar romântico?

— Vamos jantar aqui? — pergunto, olhando para a linda vista da cidade. — Eu nunca tive um jantar assim com alguém antes.

— Na verdade, não era para ser romântico, era só um jantar. Sou amigo do dono deste restaurante, pedi para que fizesse uma reserva para dois e acho que ele pensou que eu fosse trazer alguma namorada — admite, puxando a cadeira para mim. Dou um sorriso fraco e me sento.

Confesso que fiquei frustrada, mas não sei o que eu estava pensando. Que meu tio iria organizar um jantar romântico para nós dois? Fui idiota a esse ponto? É, eu fui!

— Me conta um pouco sobre você, não sei quase nada — peço, inclinando-me um pouco para prestar atenção. Ele faz uma careta com meu pedido e se inclina também, debruçando-se na mesa.

— Vamos fazer o seguinte, quem fizer a pergunta, toma um gole — propõe, olhando para o vinho tinto. Isso não parece ser uma boa ideia.

— Sabe que eu não posso beber, não é? — questiono, e ele assente com um sorriso sacana.

— Sou seu responsável esta noite, Beatriz. Se você sair do controle, eu te coloco na linha — Noah falou, seu tom de voz baixo fez com que todo o meu corpo se arrepiasse. Há malícia em seu olhar, em sua voz, até mesmo na forma como ele respira. Sinto um sorriso involuntário esboçar em meus lábios, ao sentir nossos dedos se tocarem quando Noah me alcança uma taça do vinho tinto.

— Acho melhor você comer primeiro, para o seu estômago não ficar fraco — diz ele, e eu balanço a cabeça em concordância. Não quero ficar bêbada, pois nem sei o que farei se estiver, já que bebi apenas duas vezes em toda a minha vida.

Pego os talheres assim que o garçom coloca a comida em nossa mesa, vejo que Noah pediu a minha comida favorita. Mamãe deve ter dito a ele o quanto eu amava salmão grelhado. Comi um pouco e logo larguei os talheres na mesa, vendo ele me olhar atentamente.

Sei que vou ter que beber de qualquer jeito, então comecei com as perguntas.

— Por que escolheu viver comigo e com a minha mãe? — encarei seus olhos azuis, que pareciam escuros com a pouca iluminação da noite. — Ao invés da sua família que te criou — completo.

— Eles me cobram perfeição, e isso é desgastante. Fiquei curioso para saber como meus pais e minhas irmãs eram. Se tínhamos algo em comum, e talvez, quando as coisas ficassem difíceis... eu tivesse para onde correr. Pergunta respondida? — questiona, como se estivesse mudando de assunto. Reviro os olhos e tomo um gole da bebida amarga, que nem é tão amarga, mas não gosto.

— Já pode fazer a sua pergunta, não quero ficar bêbada sozinha — resmungo, fazendo-o rir. Não foi uma piada.

— Por que Clara e Vivian se afastaram completamente de vocês? Lilian parece ser a melhor pessoa do mundo.

Dei uma risada escandalosa, ele não conhece mesmo a irmã que tem. Minha mãe não é uma pessoa ruim, mas ela pensa demais nela mesma. E também, o dinheiro é o seu melhor amigo, desde que ela tenha dinheiro, tudo está perfeito em seu mundo.

— Vivian me bateu quando eu era criança, ela me bateu tão forte que ficou a marca em minhas costas. Minha mãe não aceita que nada aconteça comigo. Depois dela mesma, e do dinheiro, vem eu. E Clara se apaixonou pelo meu pai, então há alguns meses eles abandonaram a vida que tinham aqui e se mudaram para outra cidade. Deixando todos nós para trás.

Noah bebeu dois goles do vinho, escutando tudo com atenção. Ele parece estar assimilando ainda os fatos, como se estivesse chocado com a última parte. Eu sei, E difícil aceitar que meu pai deixou até a filha para trás, mas ele deixou isso bem claro quando disse que estava indo embora com clara.

— E meus pais, Bea? — questionou o loiro, seus olhos parecem nublados. Não somos a família perfeita que ele idealizou.

— Depois que você foi sequestrado, sua mãe entrou em uma depressão profunda. Ela se sentia culpada pelo seu sequestrado todos os dias, ela se afastou de todos por não aguentar o peso da culpa, então o vovô deixou dela e foi viver a vida dele, mas nunca abandonando as filhas. Até que há alguns anos ele morreu.

Noah levou a taça de vinho aos lábios e, em um único gole, esvaziou-a completamente. Seus olhos refletiam uma dor profunda, como se cada gota de vinho fosse uma tentativa desesperada de escapar da realidade que o sufocava.

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