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— E Mark? Eu nunca estaria no radar dele.
— Falso — ele retruca. — Mark não apareceu no Bailey's por
minha causa, Adeline. E ele não estava sentado onde pudesse ter uma
visão perfeita de você por minha causa. Eu não chamei a atenção para
você e fiz o meu melhor para mantê-lo distraído, mas não consigo
controlar o olhar errante de um homem. Mesmo que você seja uma
década mais velha do que o gosto normal dele.
Eu recuo, desgosto se enrolando profundamente ante sua
implicação.
— Você sabia que eu estava no Bailey's — digo. — E você sabia
que ele estava indo para lá? Então, por que não o redirecionar para outro
lugar?
Sua coluna se endireita.
— Você acha que eu possuo magia e posso influenciar um homem
a fazer tudo o que eu digo? Lamento informar que não posso.
Eu aperto meus lábios com a condescendência em seu tom.
— Eu tentei, mas Mark insistiu em ir ao Bailey's, e tentar forçálo a
ir para outro lugar só levantaria suspeitas. — Ele dá mais um passo para
perto de mim, apertando-me contra a parede do meu quarto. — E essa é
a última coisa que preciso quando a confiança de Mark em mim significa
salvar vidas. Porque você sabe o que eu posso fazer, ratinha? Eu posso te
proteger. E posso te ensinar a se proteger. Mas essas crianças e meninas
que estão sendo mantidas em cativeiro? Eles não têm esse privilégio
agora.
Meus olhos caem até os dedos dos pés, e tudo o que consigo sentir
é vergonha. Ele levanta meu queixo com o dedo, e estou muito perdida
em pensamentos para lutar.
— Você pode ficar com raiva e frustrada com sua situação. Você
pode até ficar com raiva por eu te perseguir. A vida lhe tira o poder
muitas vezes, mas o que você pode controlar é apontar a culpa na
direção certa. Não coloque as más intenções de Max e Mark em mim
quando estou fazendo o meu melhor para mantê-la a salvo deles. O que
temos feito durante toda a semana é mantê-la segura. Então, você pode redirecionar todo o esforço que tem feito para agir como uma pirralha e
aplicá-lo em algo útil, ou pode continuar impotente nas situações em que
a vida a coloca. Você escolhe, amor, porque não vou continuar tomando
essas decisões por você.
Eu tinha esquecido como era ser realmente repreendida como uma
criança. Minha mãe fazia isso com frequência, mas considerando que é
tudo o que ela já fez, parecia menos uma repreensão e mais uma
conversa normal com ela.
Mas agora? Eu não me sinto nada além de pequena e fora de
forma, como um pedaço de papel amassado no punho de Zade. O
orgulho resiste a esse sentimento, e eu não quero nada mais do que atirar
algo inteligente de volta e manter minha dignidade.
Eu só provaria que ele estava certo, no entanto. Ele me olharia
com superioridade, e eu só me encolheria ainda mais abaixo dele.
— Ok — eu cedo. — Tudo bem. Eu só vou ficar brava com você
por ser um idiota então. — Faço uma pausa, odiando as palavras, mas
sabendo que precisavam serem ditas. — Sinto muito por colocar a culpa
nas pessoas erradas, mas não sinto muito pela surra que você está prestes
a levar.
Ele reprime um sorriso, mas não consegue conter a emoção em
seus olhos de cores diferentes: orgulho, diversão e algo mais profundo, e
muito mais assustador do que a mão de Zade envolvendo minha
garganta.
Não me dou tempo para entrar em pânico, nem me entrego ao
calor que ele invoca, apenas deixo meu corpo assumir. Eu o empurro
para a esquerda, trazendo meu cotovelo para baixo em seu braço
estendido antes que ele possa piscar.
Seu aperto afrouxa. E eu aproveito o momento, despejando toda a
minha frustração em meus membros. Posso não ser capaz de odiá-lo por
Max me culpar equivocadamente pela morte de Arch ou pelos olhos
errantes de Mark, mas posso usar isso contra ele de uma maneira
diferente. De uma forma que importa.

Eu enrolo meu punho e o balanço para trás e depois para o seu
rosto e, em seguida, esmago meu cotovelo diretamente em seu nariz.
Sua cabeça puxa para trás bem a tempo, meu cotovelo acertando
em cheio, mas dificilmente o suficiente para ser agraciada com a visão
do seu nariz sangrando.
Ele me solta e parece que finalmente posso respirar. Não porque
ele estava apertando forte o suficiente para realmente me sufocar, mas
porque eu finalmente consegui.
Ele ri, profundo e baixo, enquanto se afasta de mim. O bastardo
não parece nem um pouco irritado, mas escolho não ficar analisando
sobre isso. Se eu me concentrar em tudo o que não fiz, estarei apenas me
despojando do poder.
— Aí está. Isso foi muito bom, querida.
— Não me chame assim — murmuro, mas, na verdade, sinto uma
ponta de orgulho crescendo no fundo do meu peito.
— Ou o que? — ele desafia. Eu suspiro, não tendo capacidade
mental para treinar com Zade agora. Eu preciso de um banho quente e,
em seguida, um longo banho de banheira. Recuso-me a entrar na
banheira sem lavar a sujeira primeiro. Não gosto de passar horas
mergulhada em água suja.
Ele faz os movimentos comigo por mais uma hora, forçandome a
executar o movimento repetidamente até que eu estou ofegante, e ele tem
um hematoma se formando sob seu olho.
De alguma forma, isso só o faz parecer mais sexy, e eu quero socá-
lo na cara pela décima vez novamente por isso.
— Isso é o suficiente por hoje — ele anuncia, sorrindo, apesar do
fato de eu ter acabado de acertá-lo no rosto novamente com o cotovelo.
— Bom, porque eu preciso tomar um banho, e você precisa sair
porque você definitivamente não chegará a menos de um metro e oitenta
de distância desse banheiro — reclamo, plantando minhas mãos em
meus quadris.

Um sorriso curva seus lábios de forma lenta e lasciva, até que as
chamas lambem minhas bochechas novamente.
Homem desgraçado.
— Quem disse que eu preciso estar na mesma casa para ver você
tomar banho?
Meus olhos se estreitam em fendas finas.
— Não há câmeras no banheiro.
Ele ri com os mesmos tons pecaminosos. Ele agarra meu pescoço
em sua mão mais uma vez, mas meu corpo se recusa a passar pelos
movimentos novamente. Sua intenção é perigosa, mas não dirigida à
minha vida.
Mas sim à minha vagina.
Traidora, coisa inútil, isso sim que você é.
— Que você saiba — ele provoca em um sussurro e rouco antes de
colocar um beijo suave em meus lábios e efetivamente me silenciar. É
rápido e tudo, menos doce. Sua mão flexiona, e minha boceta pulsa em
conjunto. — Só não se esqueça de gritar meu nome quando estiver
segurando o chuveirinho na sua boceta. Fique sabendo que vou gritar o
seu também.
Ele me solta, desliza uma rosa na minha mão e sai do quarto,
lançando-me um último olhar aquecido antes de fechar a porta atrás
dele.
Eu olho para a rosa, girando-a na minha mão enquanto o mundo
ao meu redor fica borrado. Eu nem sou capaz de considerar onde ele
estava escondendo-a esse tempo todo. Meu coração está firmemente
alojado na minha garganta enquanto tento processar suas palavras. Elas
estão atualmente percorrendo a excitação animalesca envolvendo meu
corpo e lutando para chegar ao meu cérebro.
Ele estava apenas brincando comigo? Ou estou realmente prestes a
destruir meu banheiro inteiro em vez de tomar um banho bem-
merecido? Porque eu tinha planos com aquele chuveiro, e o nome de
Zade tende a se soltar da minha língua quando eu me obrigo a gozar.

Não quero que ele testemunhe isso.
Eu balanço na ponta dos pés, decidindo se eu deveria apenas
chutar a bunda dele novamente.
Mas meus ossos estão cansados, o suor está escorrendo em lugares
que apenas minha bucha deveria tocar, e estou verdadeiramente excitada
agora. Chutar a bunda dele de alguma forma se transformará em ele
chutando a minha, e estou muito cansada para me colocar nessa
situação.
Que seja. Ele pode olhar apenas dessa vez, mas, pelo menos, o
idiota não pode me tocar por trás de sua tela estúpida.

14 de fevereiro, 1946
John fez com que eu e Sera quase morrêssemos hoje.
Ainda nem consigo direito escrever sobre isso. Já é tarde. A polícia
esteve aqui o dia todo. Estou cansada e meus nervos estão disparados,
mas eu preciso colocar isso no papel.
Meu marido – um estúpido, estúpido homem, quase nos matou. Ele deve
dinheiro a algumas pessoas. E ele não tem conseguido pagar,
aparentemente. isso explica o porquê de quase termos perdido a nossa
casa. Graças a Deus pelo Ronaldo, que pagou todas as nossas contas.
Embora John ainda não acredite que eu consegui o dinheiro de uma
amiga minha.
Mas do que importa, já que os hábitos do John vão acabar matando eu
e minha filha de qualquer forma?
Dois homens invadiram a casa e me ameaçaram com uma arma
enquanto Sera se escondeu no quarto. Eles queriam que eu desse
dinheiro a eles. Dinheiro que eu não tinha.
John acabou aparecendo no meio disso, e Frank estava com ele. Os dois
homens fugiram e conseguiram se safar.
Eu rezo para que Frank os encontre.
Mas a pior parte?
John ainda não se desculpou. Ele acha que não fez nada de errado.
E eu... eu quero matá-lo.

Assombrando Adeline Onde histórias criam vida. Descubra agora