doce de banana

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Tenho esquecido das coisas tão depressa que me sinto aflita. Apavorada, na verdade. É essa rotina exaustiva, essa repetição diária de pequenos apagões emocionais que vai tirando um pouco a cada dia. É o fato de que esquecer não é um evento extraordinário. Não. Esquecer acontece num dia comum, enquanto você toma café ou espera o ônibus. E então, você percebe que aqueles gostos, vozes e pessoas estão sumindo aos poucos. Vez ou outra, minha mãe comenta que, quando eu era criança, eu adorava cor de rosa. Não sei o que aconteceu com as roupas no meu armário, quando passou a existir somente preto. Já me esqueci do toque de alguém, que um dia foi o centro do meu mundo. Venho me esquecendo de como amei tanto algumas pessoas e, de como isso parece ser tão insignificante e inexistente agora. Ou pior, você não percebe, e um dia se dá conta de que já se passou muito tempo. E dói de um jeito que é difícil até explicar. Não é uma dor que te faz chorar de imediato, mas uma dor constante, como um peso no peito que não alivia nunca. Eu vou tentando me agarrar às coisas, tentando manter elas vivas, tentando recriar as conversas, os momentos. Minha psicóloga disse que tenho o costume de me agarrar ao passado, como se tivesse medo do futuro. E eu fico nesse limbo. Nem uma coisa, nem outra. Mas ultimamente, parece que a vida, de algum jeito, tem me empurrado para novas oportunidades. Eu que sou cabeça dura, como quando, coloco alguma coisa na cabeça e não tiro por nada. Em vez de esquecer e seguir em frente, ainda quero lembrar. Mas venho sofrendo pequenos apagões emocionais. Me sinto aflita. Apavorada, na verdade.

o doce amargo das despedidas Onde histórias criam vida. Descubra agora