CAPÍTULO CINCO

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Eu estava deitado, distraidamente enrolando uma mecha do meu cabelo entre os dedos, quando Sakura entrou no quarto. Sua voz suave quebrou o silêncio.

- Você está com fome? - ela perguntou, com um tom cuidadoso.

Levantei o olhar brevemente em sua direção, mas logo desviei, sem muita vontade de conversar.

- Não - respondi de maneira seca, voltando a encarar o teto, tentando encerrar o assunto antes que ela insistisse.

Ela permaneceu ali, parada, por mais tempo do que eu esperava. Mesmo sem olhar diretamente para Sakura, pude sentir o peso da sua presença no quarto, quase como se ela quisesse dizer algo, mas estivesse hesitando. O silêncio entre nós ficou incômodo, e eu me perguntava o que ela estava esperando.

- Tem certeza? - ela insistiu, com uma voz um pouco mais baixa, quase como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado - Você não comeu nada o dia todo.

Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo, tentando ignorar a sensação de culpa que a preocupação dela me trazia. Eu sabia que ela estava apenas tentando ajudar, mas parte de mim simplesmente não queria lidar com isso.

- Tenho certeza - respondi, desta vez com um suspiro, ainda sem encará-la.

Ouvi seus passos se aproximarem da cama. Ela se sentou na beirada, e senti o colchão afundar levemente ao seu lado. Quase pude ouvir o som da sua respiração lenta e hesitante. Não conseguia me forçar a olhar para ela, mas sabia que se eu a ignorasse por muito mais tempo, as coisas ficariam ainda mais desconfortáveis.

- O que você quer? - perguntei, enquanto ela me encarava com aquela expressão indecifrável.

- O que nós somos? - A pergunta saiu hesitante, quase tímida, mas havia uma tensão crescente em sua voz.

Eu ri, um riso curto e amargo.

- O quê? - respondi, com cinismo - Não somos nada.

Ela ficou em silêncio por um segundo, tentando processar o que ouviu, antes de se levantar e dar alguns passos em minha direção.

- Como assim, nada? - Sua voz ganhou força - Você dorme na minha casa!

Dei de ombros e voltei a enrolar uma mecha do meu cabelo nos dedos, como se aquilo não tivesse a menor importância.

- E daí?

- O que eu sou pra você? - insistiu, a urgência clara em suas palavras.

- Nada - A palavra saiu fria, sem peso, e vi o efeito que ela teve quando ela deu dois passos para trás, como se tivesse levado um golpe.

- NADA? - ela gritou, a dor transformando-se em raiva. Sua voz aumentava de volume, e a situação rapidamente saía de controle.

Levantei-me num ímpeto, meus movimentos rápidos e decididos. Antes que ela pudesse continuar, a empurrei contra a parede, tampando sua boca com a mão.

- Para de gritar - murmurei, aproximando meu rosto do dela, mantendo o controle - E vai fazer algo de útil em vez de ficar me enchendo o saco.

Eu a encarava, firme, meus olhos nos dela. Havia uma mistura de medo e surpresa em seu olhar, enquanto ela tentava entender o que acabara de acontecer. Eu mantinha minha expressão impassível, controlando a situação com uma frieza calculada.

- Vou fazer algo... - ela murmurou, seu olhar vazio.

Soltei-a lentamente, e sem dizer uma palavra, ela saiu do quarto apressada, quase como se quisesse fugir da situação. O som da porta se fechando atrás dela ecoou no silêncio, deixando um vazio pesado no ar.

On You - NaruSasu *ABO*Onde histórias criam vida. Descubra agora