CAPÍTULO DEZENOVE

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O capítulo ainda é na visão do Naruto. Este capítulo será mais curto que os demais.

- Não faz barulho, ele tá dormindo - sussurrei ao abrir a porta, fazendo sinal para que ela entrasse - Obrigado por vir, Tsunade.

- Você me chamou, e eu ainda te devia uma - ela respondeu enquanto entrava, seus passos silenciosos.

- Ele está exausto, e o sono dele é pesado... Vamos torcer para que não acorde durante a viagem - falei, mantendo o tom baixo.

- Posso dar um pouco de lírio azul para garantir - ela sugeriu.

- Não, isso vai fazer mal a ele - respondi de imediato, balançando a cabeça.

Tsunade se virou para mim, o olhar dela sério e questionador.

- Naruto, você tem certeza de que quer que eu o leve comigo?

Parei por um instante, sentindo o peso da decisão, mas logo assenti.

- Ele nunca vai te perdoar por isso - ela disse com firmeza, cruzando os braços - E "nunca" para um vampiro é um tempo muito, muito longo.

As as palavras dela me atingiram como um soco. Fiquei ali, parado, encarando o chão, tentando ignorar o nó que se formava em minha garganta. Ela estava certa, é claro. Eu sabia disso desde o início, desde o momento em que decidi que o melhor para ele seria ficar o mais longe possível daqui.

- Não é sobre o perdão dele, Tsunade - murmurei, mais para mim mesmo do que para ela - É sobre mantê-lo vivo. Essa casa já não é mais segura, qualquer vampiro pode entrar aqui.

- E quem vai manter você vivo depois disso? - ela perguntou, sua voz cheia de uma dureza que eu sabia ser preocupação disfarçada.

Respirei fundo, sentindo o peso da decisão ameaçar me esmagar. A ideia de deixá-lo ir, de não vê-lo por sabe-se lá quanto tempo, era insuportável. Mas pior do que isso seria vê-lo ferido, vê-lo sofrer.

- Isso não importa agora - respondi finalmente, lutando para manter minha voz firme - Apenas... cuide dele, por favor.

Ela me olhou por um momento que pareceu durar uma eternidade, como se estivesse procurando alguma rachadura na minha determinação. Então, com um suspiro pesado, ela assentiu.

- Farei o meu melhor - prometeu.

Fui até a porta do quarto e a abri lentamente. Lá estava ele, dormindo tranquilamente, o rosto relaxado como se estivesse alheio ao caos que eu havia trazido para nossas vidas. Senti um aperto no peito e me aproximei, ajoelhando ao lado da cama.

- Eu sinto muito - sussurrei, a mão trêmula acariciando suavemente o seu rosto - Eu sinto tanto...

Levantei-me, lutando contra a vontade de me deitar ao seu lado e fingir que tudo estava bem, que tudo ficaria bem. Em vez disso, virei-me para Tsunade.

- Leve-o agora, antes que eu mude de ideia.

Ela apenas assentiu, e eu assisti, impotente, enquanto ela se aproximava e envolvia seu corpo adormecido em seus braços, preparando-se para levá-lo embora.

Enquanto ela o carregava para fora, senti meu corpo enrijecer, como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada à força.

O silêncio no quarto tornou-se insuportável, e por um momento, considerei gritar, mandá-la parar, dizer que eu tinha cometido um erro, que ele tinha que ficar comigo, que eu precisava dele mais do que precisava de ar.

Mas a realidade era que se ele ficasse, eu não seria capaz de protegê-lo, e isso era um risco que eu não podia permitir.

Me forcei a segui-los até a porta de entrada, cada passo se tornando um desafio contra o peso que parecia prender meus pés ao chão. Quando Tsunade chegou à saída, ela se virou uma última vez, os olhos dela se encontrando com os meus.

- Naruto - ela começou, como se estivesse prestes a oferecer algum tipo de consolo.

Mas eu não queria ouvir. Eu não queria mais justificativas, mais advertências. Eu sabia que isso iria me destruir, mas era um preço que eu estava disposto a pagar.

- Apenas... vá - consegui dizer, com a voz falhando - Antes que eu não consiga deixá-lo ir.

Ela não disse mais nada. Simplesmente assentiu e saiu, desaparecendo na escuridão da noite com ele nos braços, levando consigo a última fagulha de calor que eu ainda tinha. Assim que a porta se fechou, senti meu corpo perder as forças e me deixei deslizar até o chão, a cabeça apoiada na madeira fria.

O silêncio agora era absoluto, um vazio que parecia ecoar pelos cantos da casa. Lágrimas que eu nem percebi que estava segurando começaram a rolar pelo meu rosto, quentes e amargas.

- Eu... Te amo - sussurrei para o vazio, sabendo que ele nunca ouviria.

Fiquei ali, perdido na escuridão, tentando aceitar que talvez a última imagem que eu teria dele seria a de seu corpo adormecido, sendo levado para um lugar onde eu não poderia segui-lo.

On You - NaruSasu *ABO*Onde histórias criam vida. Descubra agora