CAPÍTULO NOVE

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Eu estava deitado na cama de um hotel, o teto era o único companheiro do meu silêncio. Minha mente não parava de rodar, revivendo os acontecimentos das últimas semanas.

Naruto, Orochimaru, lobos... Nada do que eu pensava saber fazia sentido agora. Tudo o que eu tinha aceitado como verdade durante anos estava se desmoronando diante de mim, como um castelo de cartas.

Descobrir que lobos existem e que a mordida deles pode matar um vampiro? Nunca imaginei que haveria algo tão letal para mim.

E mesmo assim, não eram essas revelações que me incomodavam mais. Não, o que me destruía por dentro era o que eu tinha feito com Naruto.

Meus sentimentos, minha humanidade, estavam retornando, como fantasmas que eu achava ter enterrado para sempre. Eu podia sentir a saudade corroendo por dentro, a culpa por ter usado Naruto como uma marionete, por ter tirado dele qualquer escolha. E o amor... aquele maldito amor que eu tentei sufocar e apagar, mas que persistia, me deixando mais vulnerável do que nunca.

Eu estava à beira de um colapso, lutando contra a maré de emoções que não sabia mais como controlar. Precisava acabar com isso.

Não sabia como, mas não podia continuar assim, preso entre a culpa e o desejo, entre a saudade e o vazio.

Eu queria sentir nada, ser nada. Mas cada vez que pensava em Naruto, tudo em mim gritava para voltar.

O silêncio do quarto era quase palpável, quebrado apenas pelo som abafado dos meus próprios pensamentos. Eu me virei na cama, encarando o teto como se ele pudesse me dar as respostas que eu buscava. Mas a verdade é que eu já sabia o que precisava fazer, só não queria admitir.

Naruto. Seu nome passava pela minha mente repetidamente, como uma maldição. Ele era o centro de tudo. Era ele que fazia minha humanidade, essa maldita parte de mim que eu achei ter deixado para trás, começar a emergir de novo. Eu havia apagado suas lembranças, arrancado qualquer vestígio de mim de sua vida, mas e eu? Como eu o esqueceria?

Suspirei, sentindo o frio da realidade se instalar. Não havia como voltar atrás. Eu sabia disso. Mas cada segundo que passava me dizia que eu não podia simplesmente seguir em frente e fingir que nada havia acontecido. Eu precisava acabar com isso, de alguma forma. Acabar com a culpa, com o conflito, com a dor que eu estava causando, tanto a mim quanto a ele, mesmo que ele não se lembrasse mais.

Me levantei da cama e fui até a janela do hotel, puxando as cortinas com um movimento brusco. O céu começava a escurecer, e com ele, a escuridão dentro de mim parecia crescer. Talvez essa fosse a solução, desaparecer de vez. Me livrar do mundo, dos erros, dos sentimentos.

Saí do hotel, sentindo o ar da noite fria bater contra o meu rosto. As ruas estavam desertas, apenas algumas luzes tremeluzentes iluminavam o caminho. Meus pensamentos estavam em turbilhão, mas o instinto de sobrevivência e a fome me guiavam. Caminhei pela escuridão, meus passos silenciosos, como um predador em busca de presa.

Num piscar de olhos, usei minha velocidade sobre-humana para alcançá-la, empurrando-a para dentro do beco. O choque em seus olhos logo deu lugar ao pânico. Ela tremia, seus olhos arregalados refletiam o medo absoluto. A adrenalina dela só tornava o cheiro de seu sangue mais forte, quase insuportável para mim.

Eu me aproximei, cada vez mais, até não haver mais espaço entre nós dois. Ela tentou recuar, encostando-se contra a parede de tijolos frios, mas eu não a deixei. Minha fome gritava dentro de mim, e eu sabia que não conseguiria parar agora.

Sem hesitar mais, meus dentes afundaram na carne de sua jugular, perfurando a pele macia. O sabor metálico do sangue invadiu minha boca, e eu comecei a drená-la com um desespero faminto. Seu corpo ficou fraco em meus braços, mas eu continuei sugando, bebendo até que não restasse mais nada.

On You - NaruSasu *ABO*Onde histórias criam vida. Descubra agora