Capitulo 34

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Passei todo intervalo tentando descobrir quem poderia ser o indivíduo, mas as tentativas falhas ponderavam em minha cabeça, logo mais ouço o sinal para retornar a aula de biologia, era uma senhora aparentemente que se cuidava extremamente bem, pois somente algumas marcas algumas marcas de rugas apareciam em seu rosto, seriam duas longas aulas, introdução da matéria e outros assuntos.

- Vamos sentar no fundo por favor. — Ouço Fernanda suplicar atrás de mim enquanto procurava um lugar para sentar.

- Venham para cá. — Diego sussurra ao pegar alguns assentos no fundo da sala.

- Vamos. — Diz ela pegando em minha mão e me arrastando até a mesa, a medida que os alunos sentavam dava para perceber que a professora olhava o rosto de cada um que se sentava.

A aula se arrastava  a cada minuto, não de modo entediante, mas como se o tempo tivesse parado, eu só queria um pouco de descanso, a medida que a professora explicava algum assunto do qual eu não prestava atenção pois meu olhar se fixava pela janela a fora, uma brisa fraca e gélida passava por meu rosto, olho para o relógio que ficava acima do quadro de anotações e havia se passado meia hora, foi bem rápido, acho que preciso olhar para janelas mais vezes.

- Professora, com licença, será que posso tomar um ar ali fora, não estou muito bem. — Mentira, apenas queria passar um tempo fora de sala, e sozinho.

- Tá tudo bem amigo?. — Seu tom de preocupação era nítido e apoio a mão em seu ombro para indicar que estava bem, pude ver o rosto de Diego de relance que parecia meu pai quando me via mal ou algo do tipo.

- Claro querido, se não se sentir melhor pode pedir autorização na coordenação para ir para casa. — Assente ela com a cabeça.

Pego apenas meu celular e digo para minha amiga ficar de olho nas mensagens caso eu mandasse algo pra ela, e saio pela porta, olho pelos corredores vazios e ouvia sons abafados das salas e resolvo ir até o local que eu havia ficado para descansar na vez passada, e por um acaso passo do lado da sala onde tinha ficado com Felipe na vez passada, e sim, eu sei que é burrice pensar nele nessa altura do campeonato, mas queria tirar a "fumaça" da minha mente e também  por querer apenas um pouco de paz, ando por mais dois minutos até chegar lá, e me pego lembrando do susto que Diego havia me dado no dia em que fui me sentar embaixo de uma cerejeira, era ali que eu queria um pouco de paz.

Chego mais perto da árvore e dou uma volta ao seu redor até achar uma sombra fresca, o vento era suave e fresco, fecho os olhos para sentir o ar puro e o remexer das folhas nos galhos da árvore, olhando mais um pouco dava para ver uma parte do corredor que  onde alguns alunos circulavam, por fim me sento onde as raizes se dividiam em um espaço maior e se aprofundavam terra a dentro, era como se fosse alguém com os braços abertos, prontos para um abraço caloroso, encosto minhas costas na árvore e era como sentir ela respirar olho para cima e era possível ver os raios de sol que ainda restavam enquanto o tempo fechava na tentativa de passar entre a brecha das folhas, permaneço um tempo assim e perco a noção dos sentidos, meus ouvidos ficam apenas no farfalhar das folhas sob minha cabeça, e fico assim por um longo tempo. Várias coisas passaram pela minha cabeça, o dia em que beijei Felipe a primeira vez, o cara que conheci na boate, e por um breve momento me desligo destes devaneios quando ouço vários "clics" e nisso meus olhos abrem rapidamente mas não vejo ninguém perto de onde eu estava, somente pessoas que passavam no corredor a frente.
Eu me levanto ao ver em meu celular mensagens de Fernanda dizendo e ao notar a hora faltavam apenas cinco minutos para a última aula, saio dali e vou em direção ao corredor principal alguns alunos ajeitavam seus livros nos armários e outros deambulavam para outros cantos.

- Com licença. — Peço assim que abro a porta da sala e ver a professora sentada em sua cadeira.

- Entre, sente-se melhor?. — Pergunta preocupada, afirmo com a cabeça ao passar do seu lado e ir para meu lugar.

- Tudo bem aí?. — Me pergunta Diego, sua expressão no rosto era de espanto e preocupação ao mesmo.

- Sim, sossega. — Falo forçando um sorriso para acalma-lo.

Logo o sinal toca e saímos para a próxima aula, português, não era minha favorita pois o professor tinha uma cara nada legal, assim que entramos era notável o estilo de arrumação das cadeiras, cinco fileiras com dez cadeiras, ou seja, nada de duplas, e ao que parecia seria algum tipo de mapeamento e em minha cabeça vários xingamentos internos ecoavam para ele, infelizmente eu não podia dizê-los.

Sentamos em nossos "respectivos" lugares meus amigos ficaram em lugares separados, eu estava na primeira fileira na terceira cadeira, Diego e Fernanda sentavam na mesma fileira porém em lugares diferentes, ele na última cadeira enquanto ela se encontrava na primeira era cômico, pois não era como se ela fosse menos estudiosa, pelo contrário, sempre era uma boa aluna porém não demonstrava seus trejeitos em sala. A aula seguiu em silêncio pois quaisquer tentativas de bagunça eram cortadas rispidamente por aquele professor, sua voz estridente ecoava em meus ouvidos de uma maneira entediante. Minha garganta estava nitidamente seca, pois a saliva descia rasgando goela abaixo me deixando totalmente desconfortável, peço permissão para encher a garrafinha já que a minha estava morna, assim que ele autoriza procuro o bebedouro que fica perto dos banheiros, assim que chego lá lavo a garrafinha para esfriar um pouco e quando termino de enche-lá me viro para voltar até a sala, mas esbarro nas costas de alguém.

- Meu Deus, me desculpe, olha o que eu fiz. — Falo assim que pego a garrafinha do chão na qual estava quase vazia novamente.

- Tudo bem, eu que não prestei atenção, tava conversando com esse aí e andando de costas, já sabe que não dá certo. — Diz e assim que meus olhos encontram os seus percebo que era o garoto do refeitório. - Toma.

Ele me estende a tampa da garrafinha, volto ao bebedouro e encho novamente, bebo um pouco para "molhar" a garganta, olho para ele que estava escorado na parede um pouco mais afastado.

- Acho que não nos apresentamos ainda não é?. — Ele diz ficando um passo a minha frente e estendendo a mão para me cumprimentar. - Mee chamo Kaio.

- Gustavo. — Aperto sua mão e era como se uma corrente elétrica estivesse passando através de meu corpo assim que o cumprimento. - Tenho que ir, estou em aula agora. — Me despeço saindo pelo corredor.

Volto para a sala e o professor não nota o meu  atraso já que estava bastante entretido ai escrever no quadro, me sento onde estava e começo a anotar o que ele havia passado o mais depressa possível, e a aula passou exatamente assim, escrevendo coisas, botava tamanha força na caneta que os dedos doíam só pelo esforço, e após quarenta minutos o sinal toca finalizando aquela segunda-feira naquela escola.

Diferente de mim Livro I - Vivências Onde histórias criam vida. Descubra agora