12. Roberto, Roberto!

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Cecília Bianchi Alencar.
RJ

Após uma semana, eu e meu irmão continuamos estranhos, o ignorava o quanto podia.
Ver minha mãe fazendo os gostos dele, e as falas esperançosas do meu Pai, firmando o desejo de ainda querer o filho médico, tudo aquilo me dava náusea.

Aceitei o convite de Catarina para sair, distrair a mente. Uma noite das garotas, tentar esquecer o caos que essas semana tem me trazido, sumiço do Roberto, a volta de Rodrigo.

Eu decidi que essa noite eu iria me arrumar, coloquei meu melhor vestido e o batom mas escuro que encontrei, o cabelo solto 'pra jogo. E é isso! Hoje eu traria a Cecília do antigo testamento. Se é que ela já existiu.

Catarina buzinou para mim. Pego minha bolsa com pressa e descendo as escadas dou de cara com Rodrigo.

— Vai sair Ciça?. - seu olhar curioso é perceptível.

— Vou. - ele nota meu tom rude.

— Onde vocês duas vão? - arqueio uma
sombrancelha com sua pergunta; como se fosse da conta dele.— Vi Catarina com o carro lá fora...-

— Vamos aproveitar a noite, só isso! - ele não parecia se convencer com minha resposta, como se buscasse algo mais.

— Vai ver o Capitão hoje. ? - meu olhar muda da água pro vinho, como Rodrigo sabia dele? Como ele sabia que Roberto era capitão?. Me envolvi com Roberto antes de Rodrigo voltar.

— C-como você...- ele me interrompe antes que eu possa terminar.

— Tenho muitos amigos na cidade e você sabe - amigos, mas que amigos eram esses? — eu disse que vou cuidar de vocês agora! - ele se aproxima de mim, me pareceu uma tentativa de um abraço.

Dou alguns passos para trás, ele sabia de Roberto, tudo naquela conversa me parecia muito estranho. E que droga de amigos eram esses que sabiam da minha vida? Até onde eu sabia Rodrigo não tinha contando com seus antigos amigos.

— Não estamos mas juntos, nem sei se um dia estivemos.... - eu ainda sentia a falta a dele, do toque, do beijo, chacoalhei a cabeça afastando aqueles pensamento. Essa noite não avia espaço para saudade e nem para as loucuras do meu irmão, apenas para boas doses de tequila, com a minha melhor amiga— E eu também não preciso do seu cuidado, Rodrigo!

Eu dou a volta por ele, e saio. Não queria mas ouvi-lo, mesmo pairando sobre mim a curiosidade de saber quem ou como, veio até ele a informação do meu envolvimento com Roberto, saímos apenas duas vezes, mas isso era assunto para uma outra hora.

Entro no carro de Catarina e seguimos para o bar. No meio do caminho a luz da lua reflete sobre o vidro do carro, me fazendo abaixá-lo para vê-lá melhor. Linda, tão linda quanto na noite que ele cozinhou pra mim.

Finamente após alguns minutos chegamos, era o mesmo bar que nos conhecemos. Eu gostava muito desse lugar, era arejado, sua decoração era bonita. Não sei quem é o dono, mas foi um lugar pensando com muito carinho. As músicas sempre agradáveis ou um bom samba ou um MPB clássico.

Ao entrar Catarina ja corre para o banheiro, mas uma vez fico na função de achar uma mesa. Algumas coisas nunca mudam.
Como aquele quadro, e o quanto ele me encantava. Uma praia e um pôr do sol, a fotografia perfeita.

Fotografia, tão diferente da medicina. Uma captura os momento da vida, e a outra salva.

Me apaixonei pela fotografia muito piquena quando meu pai me deu minha primeira câmera, não era profissional nem 'nada. Mas era a mais incrível e bonita do mundo para mim, minha mãe me deu um rolo de câmera também, e eu amava tirar fotos. Eu tirava foto de tudo que eu via, e que gostava.

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