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Quando a noite caiu, Felix estava sentado na cama de seu quarto, já com seu pijama de seda. Ele não conseguia se concentrar em nada. Tentava, mas sua mente sempre voltava para a mesma expectativa, como se algo estivesse prestes a acontecer. Ele fechou os olhos e suspirou, passando os dedos pelos cabelos loiros, bagunçando-os levemente. Por mais que quisesse relaxar e esquecer os eventos recentes, uma parte dele esperava que Hyunjin batesse à sua porta mais uma vez.

E foi exatamente o que aconteceu.

As batidas suaves o tiraram de seus pensamentos. Felix engoliu em seco, sentindo o coração acelerar. Ele caminhou até a porta e, antes de girar a maçaneta, respirou fundo. Assim que abriu, lá estava Hyunjin, da mesma forma que na noite anterior: sem camisa, os cabelos molhados e pingando suavemente sobre seus ombros largos. Felix o observou por um momento, tentando manter a compostura.

Hyunjin não perguntou se podia entrar desta vez. Ele simplesmente cruzou a entrada e passou por Felix, fechando a porta atrás de si sem cerimônia. Felix sentiu uma onda de tensão percorrer seu corpo, mas tentou disfarçar, indo em direção à cama enquanto Hyunjin olhava em volta, como se estivesse à vontade naquele quarto, como se já fosse parte do lugar.

— Você já viu Cisne Negro, não é? — Hyunjin perguntou, a voz baixa e casual, enquanto se aproximava lentamente da cama.

Felix ergueu uma sobrancelha, sem entender de imediato aonde ele queria chegar. Ele assentiu, ainda observando Hyunjin, agora parado ao lado da cama, claramente confortável demais com a situação.

— Claro. Quem no nosso meio não viu? — Felix respondeu, tentando manter um tom neutro, embora sua atenção estivesse fixa na presença de Hyunjin, que parecia ocupar todo o espaço ao redor.

Hyunjin fez um gesto afirmativo com a cabeça e deu um sorriso enigmático, aquele mesmo sorriso que ele usava durante os ensaios, que parecia esconder mais do que revelava. Ele sentou-se na ponta da cama, os cabelos ainda pingando levemente sobre seus ombros.

— Lembra daquela cena em que os dois cisnes... dormem juntos? — Hyunjin perguntou, o tom de sua voz carregado de insinuações. Ele cruzou os braços sobre o peito, os músculos de seus braços flexionando levemente com o movimento.

Felix sentiu o rosto esquentar imediatamente. Ele sabia exatamente a qual cena Hyunjin se referia. Tentou desviar o olhar, mas não pôde evitar que seus olhos ficassem presos no corpo exposto de Hyunjin, tão perto e tão... tentador.

— Isso era só uma alucinação, Hyunjin. — Felix retrucou, sua voz mais firme do que ele se sentia por dentro. Ele se recostou contra a cabeceira da cama, tentando colocar um pouco de distância emocional entre ele e Hyunjin.

Hyunjin inclinou a cabeça ligeiramente, seu sorriso apenas se alargando com a resposta de Felix. Ele não parecia minimamente abalado ou intimidado.

— Uma alucinação? — Hyunjin murmurou, olhando de relance para Felix, seus olhos escuros parecendo penetrar mais fundo do que o necessário. — Ou talvez uma expressão dos desejos mais profundos dela.

Felix tentou não demonstrar a reação que aquelas palavras causaram nele. Ele se mexeu desconfortavelmente, puxando levemente as mangas de seu pijama de seda, tentando encontrar algo em que focar para manter o controle. Ele sabia onde essa conversa estava indo, e não estava certo de como lidar com aquilo.

— Não acho que estamos aqui para... reencenar filmes. — Felix respondeu, a voz tentando soar firme, mas ele sabia que Hyunjin podia perceber a hesitação subjacente.

Hyunjin deu uma risadinha baixa, quase como se achasse a situação divertida.

— Não estamos. — Ele admitiu. — Mas não acha curioso? Dois cisnes, dois opostos... mas eles se entendem de maneiras que mais ninguém poderia entender.

Felix olhou diretamente nos olhos de Hyunjin desta vez, o coração batendo mais forte em seu peito. Havia algo no olhar dele, uma mistura de desafio e desejo que Felix não sabia como processar. Ele estava ciente da tensão que pairava no ar, a mesma tensão que dominava os ensaios e agora se infiltrava em seus momentos fora do palco.

— E o que você quer dizer com isso, Hyunjin? — Felix perguntou, sentindo a coragem brotar de algum lugar dentro de si. Talvez fosse o cansaço, ou a frustração, mas ele estava disposto a confrontar aquilo de uma vez.

Hyunjin se levantou da cama, inclinando-se levemente sobre Felix, ficando mais próximo do que antes. O cheiro de seus cabelos molhados invadiu o espaço entre eles, misturado com o aroma suave do sabonete que ele provavelmente havia usado no banho.

— Quero dizer... que às vezes, nem tudo é só uma alucinação. — Hyunjin disse suavemente, sua voz baixa e sedutora.

Felix manteve o olhar firme, mesmo que por dentro sentisse o corpo reagir à proximidade de Hyunjin. Ele sabia que estava sendo testado, provocado, mas não estava disposto a ceder tão facilmente.

— Então, o que você sugere? — Felix perguntou, desafiando-o, as palavras saindo mais atrevidas do que ele planejava.

Hyunjin se aproximou mais um pouco, seus lábios quase tocando a orelha de Felix enquanto sussurrava:

— Talvez devêssemos descobrir.

Felix fechou os olhos por um breve segundo, sentindo o calor subir por seu corpo. Ele sabia que Hyunjin estava brincando com ele, mas também sabia que aquela brincadeira estava começando a tomar proporções perigosas. Com um movimento rápido, Felix se afastou ligeiramente, forçando um sorriso confiante.

— Acho que você deveria voltar para o seu quarto, Hyunjin. — Ele disse, a voz controlada, mas ainda com uma ponta de provocação. — Já é tarde.

Hyunjin o encarou por alguns segundos, claramente surpreso com a resistência de Felix, mas logo um sorriso satisfeito apareceu em seu rosto. Ele deu um passo para trás, erguendo as mãos em um gesto de rendição.

— Como quiser, Cisne Branco. — Ele murmurou, se afastando lentamente em direção à porta. — Mas essa história está longe de acabar.

Antes de sair, Hyunjin lançou um último olhar sugestivo para Felix, que permaneceu firme, embora sentisse as pernas um pouco fracas. Assim que a porta se fechou, Felix soltou a respiração que nem percebeu que estava segurando.

Ele sabia que aquela noite era apenas o início de algo maior. E, de uma forma perturbadora, parte dele ansiava por descobrir o que viria a seguir.

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