CAP 31 - Ameaça

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GABRIEL RAMSÉS NARRANDO *

Eu estava jogado na cama, com o rosto enterrado no travesseiro, tentando sufocar os soluços que escapavam involuntariamente. Cada pensamento sobre Eithan só aumentava a dor dentro de mim. O que Eithan havia dito ainda estava nos meus pensamentos “Eu amo você.” Era tudo o que eu queria ouvir de alguém, mas ao mesmo tempo, era o que mais me machucava. Como eu poderia amar alguém e não ter a coragem de pedir para ele ficar? A certeza de que Eithan estava partindo me deixava em frangalhos.

O silêncio do quarto era opressor, quebrado apenas pelos meus lamentos. A luz fraca do início da noite entrava vagarosamente pelas cortinas. Eu fechei os olhos, tentando bloquear a realidade, mas não consegui. A lembrança dele me encarando, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto, não saía da minha cabeça. Ele queria ser feliz, e eu não podia ser o motivo de sua infelicidade. A sensação de impotência me consumia.

Então, o barulho da campainha me tirou dos pensamentos. Tocou muitas vezes até que eu  reconheci o som alto e insistente, como um martelo batendo contra um muro dentro da minha cabeça. Mas eu não me movi. Me sentia quebrado demais para qualquer movimento mínimo.

Depois de alguns gritos eu sabia exatamente quem estava lá do outro lado.

— Gabriel! Eu sei que você está aí! — Thalles gritou, a voz dele estava cheia de irritação.

Eu não conseguia enfrentar ninguém, muito menos ele. As batidas na porta se tornaram mais fortes, como se Thalles estivesse tentando quebrá-la em cada golpe.

— Gabriel, abre a porra dessa porta! Precisamos conversar! — Ele estava determinado, e eu apenas queria me esconder, me proteger desse mundo que parecia tão cruel.

A respiração estava descompassada, e o peso da culpa e da tristeza me esmagava. As palavras de Thalles ecoavam, mas eu não conseguia formular uma resposta.

— Não, não, não... —eu murmurava para mim mesmo, enquanto as lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto.

As batidas pararam por um breve momento, e eu segurei a respiração, pensando que talvez ele tivesse desistido. Mas logo em seguida, ouvi o som de algo arrastando-se pelo chão, e então Thalles estava batendo a porta novamente, mais firme.

— Gabriel, não é hora de se esconder! Olha, se não abrir, vou arrombar isso! — Ele estava muito irritadol.

Mas eu não podia abrir. Não assim, não agora. Eu queria gritar que estava quebrado, que minha cabeça estava uma bagunça, que não sabia como enfrentar o que estava sentindo. O que eu sentia por Eithan era confuso e intenso, e eu não tinha certeza do que fazer com isso e que eu só queria ficar sozinho.

Com o coração apertado, permaneci em silêncio, me encolhendo mais sob as cobertas, desejando que o mundo parasse de girar e que todas as minhas inseguranças se dissipassem como a luz do dia. Mas Thalles não desistia. Eu sabia que ele continuaria insistindo. E, com isso, o peso da realidade se tornava ainda mais insuportável.

As batidas insistentes na porta continuavam. A ideia de ele arrombar a porta me fez levantar. Se isso acontecesse, teria problemas com meu pai, e eu não precisava de mais um motivo para me sentir um lixo.

Caminhei lentamente até a porta, cada um dos meus passos pesando como chumbo. Ao abri-la, não tive tempo de falar uma palavra. Thalles entrou sem hesitar, fechando a porta com um movimento decidido atrás de si. Ele parou na minha frente, e o olhar preocupado dele era de raiva.

— O que aconteceu? — ele perguntou, seus olhos se fixando em meu rosto inchado, marcas visíveis das lágrimas que não consegui controlar.

Antes que eu pudesse responder, ele me puxou para um abraço apertado. O toque dele era firme, mas havia uma hesitação em seu corpo, como se ele estivesse tentando se certificar de que eu não iria empurrá-lo para longe.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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