7. Amber

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O som da chuva abafado tomou os ouvidos de Amber. Seus olhos ainda estavam fechados, não os abria ainda por dois motivos: suas pálpebras estavam pesadas pelo cansaço, e ela também escutava vozes desconhecidas perto de si. Aos poucos, venceu a dor e o medo, e a luz fraca da lamparina a óleo iluminou lentamente sua visão.

- Olhe! Veja quem está acordando! - disse uma voz feminina alegre.

- Você está bem?! - perguntou uma voz de garoto com certa ansiedade.

Primeiro, olhou para os lados, não moveu sua cabeça, doía muito para isso. Estava em um quarto pequeno com paredes na qual a tinta branca e vermelha estavam descascando. Já estava noite lá fora e a chuva de verão aumentava a todo instante. Logo após, viu três pessoas no quarto.

A primeira que viu era uma garota de cabelos castanhos, curtos, ondulados e cheios, além de cobrir sua testa com uma franja loira, claramente pintada. Seus olhos eram de um castanho escuro e usava dois braceletes com pedras roxas nele.

Depois, viu o garoto. Seu rosto era semelhante ao da menina, mas sua pele era mais morena e seus cabelos mais claros, além de seus olhos de uma coloração castanha esverdeada.

As roupas dos dois eram semelhantes, usavam preto e um cinto vermelho, mas mudavam em estilo. Ela, uma blusa com mangas abotoadas e uma bermuda; ele, a blusa preta desabotoada, virando uma espécie de jaqueta sem mangas, junto com uma blusa regata branca por baixo e uma bermuda.

Mais ao fundo, outra mulher estava no quarto, era mais alta, mas não parecia tão velha. Encostava na parede com os braços cruzados, apenas observando os três. Seus cabelos eram de cor fantástica: um rosa meio arroxeado assim como seus olhos. Usava uma calça colada e um casaco das mesmas cores que aqueles dois à frente da garota desorientada. Esses, novamente, voltavam a falar, mas não prestava atenção por conta da tontura; estavam ansiosos e não paravam de se mover. Tudo parecia girar em torno de Amber.

Até que então, pôs para fora. Virou-se para o lado esquerdo da cama e vomitou.

- Ainda bem que colocamos um balde de cada lado - disse a garota triunfante de seu feito. - Experiência própria - ela se aproximou com um sorriso. - É algo comum para os corredores-de-primeira-viagem - Amber respondia seu sorriso com um olhar indiferente, não a conhecia, não havia o porque, nessa situação, retribuir uma gentileza. - Mas, acho que vai se acostumar se ficar.

- Ficar? - a voz de Amber saia fraca e rouca. - Ficar onde? Quem são vocês?

A mulher mais ao fundo mexeu-se um pouco, Amber percebeu. Não saberia dizer o que era. Talvez apenas mudou de posição ou havia algo em sua fala que despertou interesse. A garota animada puxou o garoto ao seu lado com uma chave de braço sem a intenção de machucá-lo.

- Meu nome é Leka! - responde apontando para si mesma. - E esse idiota aqui é Hiroshi! - apontou para o garoto que a respondeu com um olhar sério. Mesmo tendo aparência semelhante, eram completamente diferentes.

- Sério? - a voz do garoto soava diferente de sua expressão, como se estivesse acostumado com aquilo, quase em brincadeira. - Já falei que não gosto que me chame assim - voltou seu olhar a Amber mais suave e amigável. - É Hiro meu nome.

- Vocês dois. Fora! - a voz de uma mulher enfurecida saiu pela fresta da porta de madeira vermelha na sua frente.

Em resposta, Hiro abaixou seus ombros e tremeu um pouco, enquanto a garota apenas rolou os olhos.

- Que coisa chata - respondeu a garota com deboche - Nem podemos apresentar à garota seus salvadores.

- Eu disse - a voz percorreu todo o pequeno quarto como se estivesse ali dentro. - Fora. Agora.

O Demônio Do Jardim SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora