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CECÍLIA

Cheguei ao restaurante que o Jonathan escolheu, e estava com mais curiosidade do que fome.

– Estou muito curiosa para saber o motivo desse almoço. – digo, ao chegar próximo da mesa.

– Senta aí. – ele responde.

– Me conta, estou ansiosa. Qual o motivo desse almoço? – falo, com impaciência.

– Lembra de um dia que a gente foi almoçar, você me disse que às vezes a gente demora a perceber o porquê de certas coisas terem acontecido, você me abriu os olhos, me fez enxergar certas coisas. – ele começa a falar.

– Por que você está dizendo isso? – pergunto, achando tudo muito suspeito.

– Porque às vezes, a gente convive tanto tempo com uma pessoa que não percebe certas coisas. – ele continua, mas eu digo impaciente e curiosa.

– E o que você percebeu? – perguntei, por fim.

– Percebi que muitas vezes essa pessoa reprimiu seus sentimentos, anulou seus desejos, suas vontades, me apoiou, me deu suporte e de tanto estar acostumado com sua presença, eu não soube dar o devido valor. – ele diz e eu sorrio. Finalmente o Jonathan conseguiu perceber o que eu sinto.

– Sério? Você percebeu isso agora? – pergunto, porque preciso que ele confirme.

– Sim, eu estava cego. A verdade é que essa pessoa merece muito mais valor do que eu tenho dado. – ele fala com certa firmeza no tom de voz.

– Não sei o que te dizer, Jonathan... – falo sendo sincera.

Meu coração estava batendo descompassado, minhas mãos tremiam e suavam.

– Não diz nada, Cecília, não precisa, só me escuta. – ele pede e eu concordo, balançando levemente a cabeça.

– Eu fui um cego, estava tudo tão óbvio esse tempo todo. – ele fala chateado com as próprias atitudes.

– Jonathan, eu... – ia dizendo que o amava, mas ele me cortou. Queria gritar "eu te amo" para todo mundo no restaurante ouvir meu grito entalado por anos.

– Cecília, por que eu nunca percebi o tanto que a Manuela se sacrificou por mim, por nós? – Jonathan diz e meus olhos se enchem de lágrimas, meu coração parece que vai rasgar meu peito.

Me senti em um circo, onde eu sou a palhaça e o Jonathan está na plateia rindo de mim.

Quanta ilusão, quanta ingenuidade achar que ele finalmente tinha me enxergar.

Não consegui dizer nada ao jogador, nada mesmo.

Estava tentando processar a fala dele enquanto brigava comigo mesma para não chorar na frente dele.

– Diz alguma coisa, não fica aí calada. – ele diz com um sorriso satisfeito. Sorriso de quem está feliz e realizado.

– Acho que tive uma queda de pressão, com licença. – junto minhas forças para dizer isso, depois me levanto e vou até o banheiro feminino.

Não sei como consegui chegar até o banheiro sem ter um desmaio.

– Burra, burra, burra. – bato com a mão fechada no vidro do banheiro, e isso fez com que eu quebrasse o espelho e acabasse me cortando.

– Não podia ser pior, não é Cecília. – falo sozinha ao me dar conta do líquido vermelho em minha mão.

– Moça, o que aconteceu? - uma funcionária perguntou.

– Acho que passei mal, fui me segurar e acabei acertando o espelho. – minto com a cara mais deslavada.

– Vem, vou te levar pra gente tentar dar um jeito nisso. – ela fala sendo super gentil comigo.

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