CECÍLIA
– O que aconteceu, Liana? – pergunto, sentindo uma terrível dor de cabeça e dificuldade de abrir os olhos.
– Te liguei várias vezes, você não atendeu, fiquei preocupada e vim aqui. Quando abri a porta, te encontrei no sofá, desmaiada. Você tomou um monte de bebida. – ela explica.
– Meu Deus... – eu falo, começando a me lembrar do que fiz na noite anterior.
– Não faz mais isso não, Ceci. Misturar bebida do jeito que você misturou, pode dar muito ruim. – minha amiga diz.
– Eu precisava esquecer umas coisas que vi no Instagram. – falo com os olhos fechados.
– O que? Coisas do Calleri, né? – ela me pergunta.
– Ele jantando com a Manuela, com direito a anel e tulipas. – eu falo, lembrando das fotos.
– Silencia eles, pelo amor de Deus. Isso não é saudável. Você quer entrar numa depressão por causa dele? – ela pergunta, chateada.
– Não, mas é difícil ver tudo isso, saber o tanto que eu ajudei o Jonathan, para ver se ele esquecia dela e no fim das contas, fiz foi juntá-los. – digo, tentando abrir os olhos.
– Ceci, você fez o que achou que era certo, para de se punir por isso. Se olha um pouco, pense em você um pouquinho. Você acha que merece essa situação toda? Você acha que merece o fundo do poço? Que alguém venha aqui e te encontre como eu te encontrei? – Lia vai falando e mais uma vez, tenho vontade de chorar.
– Se eu pudesse controlar o que sinto, há muito tempo eu tinha esquecido o jogador. – falo, mas dou uma pausa.
Me sentei na cama e parecendo uma criança que aprontou, baixei a cabeça e comecei a chorar, chateada, constrangida e triste por tudo que fiz.
– Desculpa te fazer passar por isso, Lia, desculpa mesmo. Eu não queria dar trabalho, só bebi para poder esquecer tudo que eu vi. – explico mais uma vez.
– Cecília eu me preocupo com você, não quero te ver nessa situação. Você não merece, minha amiga. – ela fala, me abraçando em seguida.
– É difícil, Lia. O homem que eu amo é feliz com outra. – desabo em meio ao nosso abraço.
– Vamos levantar, tomar banho, tomar café e depois ir ao supermercado fazer compras? Hoje eu vou ser a Masterchef. – ela fala, tentando me animar e eu solto um riso forçado.
Levantamos, tomei banho gelado que parecia castigo. A água estava no ponto de sorvete, mas se não fosse desse jeito, eu ia passar o dia com ressaca.
Peguei um vestido no armário, vesti, coloquei uma rasteirinha e prendi o cabelo em um coque. Não passei nada no rosto, apenas peguei um perfume e borrifei algumas vezes pelo corpo.
– O cheirinho do café invadiu o apartamento. – digo, ao chegar na cozinha.
– Forte e sem açúcar. – ela diz.
– Ninguém merece, Lia. – falo, fazendo careta.
– Não se cura ressaca com café fraco e adoçado. – ela fala séria.
Coloquei a bebida na xícara e tomei. Era horrível, mas ela tinha razão.
– Me lembre de nunca mais beber desse jeito. – falo, ao terminar a xícara de café.
– Essa é a intenção. – ela diz, rindo.
– Malvada. – brinco.
– Você vai me agradecer depois. – ela diz.