Capítulo 30 - Azul

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A madrugada ia embora.

O céu pintado com belos tons de laranja, rosa e lilás, mesclado no azul ciano da pós noite, repleto de pequenas pintinhas brilhantes que sumiam junto à lua. Era uma visão única, que apenas um bom madrugador apreciaria, e Jisung era um madrugador de excelência, não por vontade própria, porém. O vento cortante daquela manhã de inverno queimava seu rosto, com gotículas finas que indicavam o começo da temporada de neve em Busan, um tanto mais atrasado que no resto do país.

Frio, fazia muito frio. O ar era melancólico por si só, e, com as palmas aquecidas pela xícara de chá, suas mãos suavam.

Jisung não pregou os olhos, continuava sentindo e sentindo, mais do que se é saudável sentir. Talvez, nem Hyunjin estivesse daquele jeito, no andar acima de onde estava, acompanhando Eunhee em seu preparo pré operatório. Yongbok estava com ele, Minho também estava, mas Jisung foi para a sacada, escolhendo aturar o sereno congelante moendo seus ossos.

Odiava a aura que rondava o quarto, mesmo que todos estivessem confiantes, ainda assim parecia uma despedida. Era uma despedida, apesar de tudo.

A esperança de que tudo corresse bem preenchia cada coração dos que acompanhavam Hyunjin e Eunhee; Dona Soomin, na lanchonete, acendera velas e rezara no meio da noite, as enfermeiras escreveram cartinhas com preces e desejos de melhoras, e até mesmo Jeongin estava ali naquela madrugada gelada. Todos os médicos do hospital se prontificaram para qualquer complicação na cirurgia.

Eram atos de bondade e amor para com os dois, mas não deixava de ser desesperador, pelo menos para Jisung.

— Hyung? — o silêncio que tomava a sacada do hospital foi preenchido pela voz baixa de Jeongin.

Jisung não se virou para ele, nem o respondeu, não demorou para que o adolescente estivesse ao seu lado, debruçado sobre a mureta que dava vista ao vasto jardim e à cidade adormecida.

— Que frio desgraçado. — Jeongin reclamou, soprando ar quente nas mãos avermelhadas. — Você não vai entrar?

— Que horas vão começar a cirurgia? — pergunta, com os olhos fixos no céu multicolorido.

— Daqui meia hora. — Jeongin se espreguiçou, jogando um dos braços sobre os ombros de Jisung, descansando o rosto em seu braço. — Cê tá bem, Hyung?

— Acho que sim... Só tô meio nervoso.

— Meio que tá todo mundo assim. — o adolescente riu, soltando um muxoxo quando o vento gelado soprou contra eles. — Meu Deus, Hyung, vamos pra dentro!

— Que chatice, você não vai pra escola não? — Jisung franziu o cenho, erguendo o braço para que Jeongin desgrudasse de si.

— Claro que não! Eu preciso tá aqui quando a princesa acordar, não é? E outra, quem vai cuidar do Minjae quando você for trabalhar? O Doutor Coelho vai passar o dia todo em cirurgia.

Senhor Coelho • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora