Capítulo 1 - O Hospital

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Notas da autora »

🫧

Han Jisung tinha os olhos presos na porta branca, inexpressivo, piscando lentamente com as pálpebras pesadas de cansaço. O barulho do hospital era o mesmo de sempre, burburinhos, macas arrastadas, vez ou outra gritos, e sempre o som dos aparelhos.

Piii... piii... piii...

Já estava farto daquilo, do cheiro de anti séptico e água sanitária por todos os corredores. No hospital não tinha cor a não ser o branco, não tinha luz do sol, não tinha alegria. Ele já estava cansado. Mas precisava persistir.

Seu devaneio entristecido foi cessado pela porta se abrindo, e o velho médico saindo de dentro da sala com sua máscara cirúrgica cobrindo parte do rosto tão exausto quanto o de Jisung.

— Senhor Han, pode entrar na sala. — ele disse, com a mão na fechadura atrás de si.

Jisung suspirou e assentiu, dando um pequeno sorriso em direção ao senhor em que depositava sua esperança todos os dias há mais de 2 anos.

O homem entrou na sala gelada, acompanhado do mais velho, andando por entre as pequenas caminhas até chegar em uma específica com uma pelúcia azul de coelho.

— Conseguimos estabilizar a respiração e conter as convulsões, mas a melhora dele depende do coraçãozinho, que o senhor sabe que está muito fraco... Por enquanto podemos somente esperar e manter a fé. — o médico disse calmo, a voz tentando confortar o coração daquele pobre pai que há meses está no hospital, sozinho.

Jisung olhou para a pequena caminha, vendo o rostinho do pequeno bebê quase coberto pelos tubos que ligavam aos aparelhos respiratórios.

Han Minjae era um bebê frágil desde seu nascimento precoce, em uma tentativa de aborto. Jisung descobriu que sua namorada havia fugido horas depois do parto, o deixando sozinho em Busan, sem família ou amigos que pudessem ajudá-lo.

Jisung não podia ter filhos, ou pelo menos era o que achava quando engravidou ela aos 20 anos e fugiram juntos para o litoral da Coreia, sendo abandonado lá, sem uma explicação, um adeus, com uma criança que nascera com 6 meses de vida à beira da morte.

Só Deus sabia o quanto ele a amava e o quanto a chegada de Minjae era a realização de um sonho, um milagre pessoal para ele que não tinha pais ou a possibilidade de ter uma família sua, mas Haerin não queria aquilo. Ela ao menos o amava na mesma intensidade.

Por fim, Jisung deu sua vida pela de Minjae, passando horas do dia no hospital e o restante delas em uma loja de conveniência, sem nunca ter cogitado a ideia de abandoná-lo como a mãe havia feito.

— Fé? — Jisung riu num sopro — Eu tenho fé desde que ele nasceu.

— Então continue a mantendo dentro de si... — o doutor Lee disse, pondo uma das mãos enrugadas no ombro dele. — Jisung, vou repassar seu caso para outro médico.

— O que? — Han olhou assustado para o outro — O senhor é o único que pode me ajudar! Por favor, doutor Lee, não nos abandone!

— Não vou abandoná-los, e não sou o único, Jisung, mas quando meus serviços não trazem resultado eu prefiro repassar para alguém que lide melhor.

Senhor Coelho • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora