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Sakura estava concentrada no movimento preciso de suas mãos. Cada corte, cada sutura era executado com maestria. A sala de cirurgia estava imersa em silêncio, interrompido apenas pelo som das máquinas monitorando os sinais vitais do paciente.

Sua mente era uma extensão da técnica cirúrgica, o bisturi se movendo como uma segunda natureza. As luzes brilhantes do centro cirúrgico iluminavam o abdômen aberto à sua frente.

Ela mal percebia o tempo passar quando, de repente, algo a distraiu. Seu olhar se desviou por um breve segundo em direção à janela que dava para o corredor, uma visão periférica a fazendo franzir a testa. Do outro lado do vidro, Temari, uma das enfermeiras mais próximas dela, a observava de forma incomum.

Não era a postura descontraída e confiante de sempre, mas uma expressão de preocupação contida, um alerta silencioso. Sakura desviou o olhar, voltando sua atenção para o paciente, o bisturi cortando suavemente o tecido para o último reparo. Não havia espaço para erros.

Ela respirou fundo, ignorando a tensão que crescia em seu peito, enquanto fechava a incisão com uma sutura precisa. Quando finalmente terminou, o abdômen estava fechado, a pele marcada por uma fina linha de pontos que cicatrizaria com o tempo.

— Tudo certo — disse com firmeza, dirigindo-se ao anestesista. A voz calma, porém carregada de cansaço.

O anestesista, um homem de meia-idade com olhos atentos, assentiu com a cabeça, preparando o paciente para a recuperação.

Sakura retirou os instrumentos de sua mesa e, com um gesto quase automático, tirou as luvas de látex, descartando-as no recipiente adequado. Enquanto fazia isso, seu corpo ainda carregava a tensão da cirurgia, mas sua mente já estava longe, tentando adivinhar o motivo da expressão perturbada de Temari.

Ao sair do centro cirúrgico, ela se deparou com a loira, que a esperava pacientemente do lado de fora. Sakura percebeu que a preocupação no rosto da amiga não havia diminuído.

— Temari? — perguntou, o tom de voz levemente curioso, mas ainda profissional.

Temari se aproximou, hesitando por um momento antes de falar.

— Desculpa te incomodar, Sakura, mas... seu advogado ligou. Seu celular estava na sua bolsa e ele tocou várias vezes. Eu acabei atendendo. — Ela suspirou, parecendo desconfortável com o que precisava dizer. — Ele disse que é sobre a papelada do divórcio. Parece que chegou a hora de assinar.

Sakura ficou imóvel por um segundo, absorvendo as palavras. Ela suspirou, sentindo uma pressão familiar se formar em seu peito.

O divórcio.

Aquela palavra tinha se tornado um fardo constante nos últimos anos, mesmo que soubesse que era o único caminho. Não havia mais volta, ela sabia disso, mas ainda assim, era doloroso.

A dor não era pela separação em si, pelo contrario, havia uma sensação de liberdade, como se a medica finalmente pudesse respirar depois de todos aqueles anos. Mas ela sabia que era dificil para os filhos, por mais que eles ja tivessem mais acostumados agora.

Ela não queria que as coisas tivessem terminado assim, mas não havia outra maneira.

— Entendo — Sua resposta foi curta, quase mecânica, mas o peso emocional por trás dela era enorme.

Temari permaneceu ao seu lado em silêncio, respeitando o momento.

Ela sabia da história de Sakura e Naruto, sabia que o casamento, que já fora tão forte, tinha se deteriorado ao longo dos anos.

O que começou como um conto de fadas, com dois jovens apaixonados, que sairam do nada e cresceram juntos na vida, se transformou em uma sequência de mágoas silenciosas e desentendimentos acumulados, talvez o trabalho de ambos fosse o culpado também, Sakura pegava muitos plantoes e não tinha muito tempo em casa, Naruto, por ser politico, estava constantemente viajando.

P̴a̴s̴t̴ - NarusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora