Fixação.

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Shikamaru caminhava de volta pra casa junto a sua mãe. Fazia mais ou menos um mês desde que as aulas haviam voltado, e desde então as coisas estavam... animadas na classe.

Acontece que um aluno foi transferido de classe esse ano, e desde o momento em que o Nara colocou os olhos no loiro, ele soube. O quê, ele não entendeu, mas ele soube.

Desde então Shikamaru o observava de longe. Eles nunca conversaram antes, mas isso nunca impediu os dois de trocarem olhares ou resmungos. Eles sempre, sempre, estavam nos mesmos lugares, sempre se vendo.

Se isso não fosse obra de Shikamaru, você poderia dizer que era o destino. Mas não, na verdade era só o Nara, que não conseguia mais ficar tão longe de seu lindo sol.

Naruto era uma obra dos deuses, Shikamaru tinha certeza. Cabelos loiros vibrantes, como se tivesse sido feito do próprio sol. Olhos azuis claros, como o céu que o Nara gostava tanto de observar. Cílios medianos que, sempre que o garoto piscava, trazia uma leve sombra as bochechas rechonchudas. Lábios finos e suaves, de um tom salmão saudável e a parte superior bem marcada no arco do cupido.

E, claro, seus bigodes nas bochechas, delicados, como sua marca registrada.

Shikamaru teve que verificar várias vezes se não estava tendo alucinações ou preso em um genjutsu, e sendo sincero, até hoje o Nara se perguntava se Naruto não era um anjo que veio a terra ou algo assim.

Infelizmente, o que o Uzumaki tinha de beleza, ele tinha de pavio curto. Então era comum você ver o garoto metido em várias lutas, ganhando todas elas, o que dificultava um pouco pra Shikamaru se aproximar. – Ele tinha receio do loiro pensar que ele o odiava como os outros.

— Você parece pensativo garoto. - Disse seu pai.

Shikamaru estava tão perdido em sua cabeça, que não percebeu que já haviam chegado em casa. Ele até já estava a mesa com seus pais, servindo-se do jantar. É isso o que Naruto faz com ele. Problemático.

— ...Não é nada pai. - O Nara mais velho assentiu, mas visivelmente não estava convencido.

— Se fosse, você não pareceria tão alheio garoto. - Sua mãe, que se aproximava com uma panela, concordou.

— Seu pai tem razão filho. Você esteve fora por todo esse tempo! O que te incomoda pequeno cervo?

Shikamaru ponderou, sem saber o que dizer. Ele não sabia ao certo o que sentia por Naruto, mas sabia que algo o fazia ficar apegado ao loiro, sendo sempre, sempre atraído pra ele. Como um imã, como se algo dentro do Uzumaki gritasse pra ele pra ir ir ir

Ele disse isso ao pai, disse o que sentia. Eles pareceram surpresos por um momento, depois, trocaram olhares que pareciam conversar, voltando a encara-lo depois de um momento. Foi sua mãe quem falou primeiro.

— Querido... acho que precisamos conversar.

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