Presságio de tempestade.

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Shikamaru estava sentado sob uma árvore frondosa no parque de Konoha, seus olhos voltados para o chão, onde as folhas secas se acumulavam. Ele sempre apreciara o silêncio e a tranquilidade daquele lugar, mas hoje algo o incomodava.

Uma sensação estranha se acumulava em seu peito, como se uma tempestade se aproximasse no horizonte. Ele não conseguia identificar a causa, mas seu instinto lhe dizia que algo estava muito errado.

Era o aniversário de 9 anos de Naruto, e Shikamaru planejava um presente simples, algo que pudesse iluminar o dia de seu anjo, mas também algo que não fizesse o loiro ter ainda mais receio e raiva do que ele já tinha do Nara.

Era a primeira vez que ele daria um presente a seu sol, ele estava um pouco nervoso. Ele esperava que seu Rei pudesse apreciar o que ele escolhesse, então ele teria que fazer um bom trabalho. Mas enquanto preparava tudo, uma inquietação crescente se instalava em sua mente.

Shikamaru olhou ao redor, observando as pessoas passarem. Normalmente, Konoha estava cheia de vida e celebração, mas naquele dia em específico ele sentia uma estranheza no ar, uma ausência de alegria que o deixou alerta.

Os rostos das pessoas passavam de pressa, evitando olhar para as crianças que brincavam, e os adultos conversavam em sussurros, como se estivessem escondendo algo.

Ele se perguntava o que exatamente estava acontecendo, o olhar se perdendo nas sombras que dançavam ao redor de seus pés. Suas próprias sombras pareciam inquietas, movendo-se de forma quase animada, como se fossem afetadas por sua ansiedade.

Ele fechou os olhos por um momento, tentando se concentrar. Se ao menos conseguisse encontrar Naruto, saberia que o dia ainda poderia ser bom. Mas, como sempre, Naruto parecia ter desaparecido. O garoto tinha o hábito de se esconder, especialmente quando as coisas ficavam difíceis. No entanto, dessa vez, era diferente; havia um peso no ar, uma urgência que o impedia de relaxar.

Shikamaru levantou-se, decidido a procurar sua fixação. Ele se movia com a graça de uma sombra, silencioso e atento, mas sua mente estava em alvoroço.

O festival da Kyuubi estava acontecendo, embora ele não se lembrasse disso. Para ele, e tantas outras crianças de clã, o nome da besta só trazia lembranças de histórias antigas e sussurros de medo. O clima do dia era opressivo, e ele sentia um arrepio percorrer sua espinha, um aviso de que algo estava prestes a acontecer.

Ele passou por várias ruas, sentindo a tensão crescer à medida que se afastava de sua zona de conforto. As sombras pareciam seguir seus passos, ondulando e se remexendo como se quisessem alertá-lo sobre algo que ele não conseguia ver. A cada esquina que virava, o mal-estar aumentava.

Enquanto isso, Shikamaru não pôde deixar de notar como os adultos pareciam se deleitar na angústia. Seus risos soavam quase maníacos, e seus olhos brilhavam com um prazer sádico, como se estivessem esperando algo acontecer. A atmosfera era carregada de uma energia perturbadora, e ele sentiu um nó se formar em seu estômago.

Os olhos do Nara captaram um grupo de crianças brincando à distância, mas mesmo elas pareciam estranhas, seus risos se misturando com murmúrios desconexos. Ele se aproximou, mas a alegria estava ausente. As vozes soavam como ecos distantes, e algo no brilho dos olhos delas fez seu estômago se revirar.

Ele não tinha certeza do que estava acontecendo, mas a ideia de que Naruto pudesse estar sozinho durante um dia como aquele o deixou mais inquieto. Seu gatinho não merecia estar em perigo, especialmente em seu aniversário.

Por fim, ele decidiu voltar para o parque, onde tudo parecia um pouco mais calmo. As sombras se moviam menos ali, e a atmosfera parecia mais leve. Mas a sensação de que algo estava prestes a acontecer ainda persistia, como um farol piscando em meio à névoa. Ele se sentou novamente sob a árvore, tentando controlar sua respiração.

Shikamaru fechou os olhos, suas sombras finalmente se acalmando ao seu redor. Ele precisava se concentrar, precisava encontrar uma maneira de proteger Naruto. Mesmo que não soubesse o que estava prestes a ocorrer, sua intuição o dizia que deveria estar pronto. A vida de seu Rei dependia disso.

Enquanto ele pensava, uma rajada de vento frio percorreu o parque, fazendo as folhas dançarem e sussurrarem segredos que ele não conseguia ouvir. E, por um breve momento, Shikamaru sentiu que algo estava mudando no coração de Konoha, uma tempestade prestes a eclodir, e ele precisava fazer o possível para proteger seu sol.

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