Brincadeira de raposa.

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A floresta de Konoha era um refúgio para Naruto. Entre as árvores altas e sombras densas, ele encontrava um pouco de paz, longe dos olhares de ódio e murmúrios dos aldeões.

Ali, ele podia se esconder, e como uma raposa, ele sabia cada curva, cada trilha oculta, cada lugar onde a luz do sol mal tocava o chão.

Nos últimos dias, ele tinha passado mais tempo na floresta do que o normal. Os aldeões haviam ficado mais hostis, e ele sabia quando era melhor desaparecer por um tempo.

Seu estômago roncava, mas ele estava acostumado com isso. Caçar pequenos animais na floresta tinha se tornado uma habilidade natural para ele, e ele o fazia com a destreza de um predador. Ele se movia silenciosamente, pegando coelhos e lebres, e sempre encontrava o suficiente para se manter. Afinal, ele era um sobrevivente.

Mas, havia algo a mais que o fazia voltar para a floresta, algo que ele não conseguia entender muito bem. Desde aquela briga com o garoto Nara, vários dias atrás, o menino de clã parecia diferente.

Eles não tinham trocado palavras desde então, mas algo estranho estava acontecendo. Toda vez que Naruto corria para a floresta, Nara aparecia. Sempre à distância, sempre observando, como se quisesse brincar.

E, estranhamente, era exatamente isso que acontecia. Um jogo de esconde-esconde silencioso havia se formado entre eles. Naruto, astuto como era, sempre sabia quando Shikamaru estava por perto.

Ele sentia sua presença, como uma sombra, e começava a se esconder, desaparecendo entre as árvores, subindo em galhos altos, ou simplesmente se misturando ao ambiente. Por algum motivo, ele deixava o menino de clã procurá-lo, mas nunca facilitava as coisas.

Por que ele faz isso? Naruto se perguntava enquanto se escondia atrás de uma grande árvore, observando a sombra do Nara se mover à procura dele. Ele não me odeia também? Então por que ele está me seguindo? Por que esse jogo?

Ele não entendia, mas não questionava. Esse era um dos únicos momentos em que, na verdade, fugir não era parte de sua sobrevivência, não era pra se manter seguro, vivo. Eles continuaram então, ele gostava, mas nunca admitiria.

Naruto era rápido, mais rápido do que Shikamaru esperava. Cada vez que o menino Nara parecia se aproximar, Naruto escapava por um atalho ou subia em uma árvore. A perseguição era silenciosa, quase como um teste entre eles.

O Uzumaki, sem entender o motivo, começava a se divertir com isso. Era a primeira vez que alguém prestava tanta atenção nele, e, de certa forma, ele gostava disso. Mesmo que ainda tivesse dúvidas, receio.

Enquanto o Nara se aproximava, Naruto deslizava silenciosamente por trás de um arbusto e saltava para outro lugar, rindo baixo consigo mesmo. Ele nunca vai me pegar. E a cada tentativa frustrada do moreno, o Uzumaki não podia deixar de sentir um pequeno orgulho por sua habilidade de escapar. Afinal, ele era como uma raposa — astuta, rápida e difícil de ser capturada.

Ainda assim, mesmo que ele estivesse se divertindo, Naruto não esquecia o que havia acontecido na última vez que eles realmente conversaram. Eles tinham discutido na floresta, e Naruto ainda não sabia o motivo exato.

O Nara parecia distante, e Naruto, sempre sensível ao tratamento dos outros, tinha sentido aquela dor aguda de rejeição. Por que, então, ele estava ali, atrás dele, brincando de esconde-esconde? Era um mistério.

Enquanto se escondia em um galho alto, Naruto se pegou olhando para o Nara, que estava parado lá embaixo, claramente frustrado. Ele não faz sentido... por que ele simplesmente não vai embora? Naruto balançou a cabeça, sem entender.

Parte dele queria sair da árvore, confrontá-lo, perguntar por que ele estava fazendo aquilo. Mas a outra parte — a parte mais ferida e desconfiada — preferia continuar o jogo à distância. Era mais fácil assim.

Os pensamentos giravam na mente de Naruto enquanto ele observava o moreno desistir da busca, aparentemente cansado. Mas mesmo enquanto o garoto Nara se afastava, Naruto sabia que aquilo não era o fim.

Ele voltaria. E Naruto, por mais que quisesse entender o motivo, começava a aceitar que, de alguma forma, aquela estranha perseguição era parte de suas vidas agora.

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