Memórias Póstumas.

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Naruto encarava seu reflexo no espelho quebrado de seu banheiro. Seus cabelos loiros estavam cada vez maiores, como ele queria que ficasse, e seus caninos definitivos estavam finalmente ficando do tamanho que deveriam.

Tudo estava normal, como sempre fora, como era pra ser. Exceto... uma das coisas que ele mais odiava em si mesmo. Seus bigodes.

Ele não odiava seus bigodes em si. Não, na verdade ele não tinha muitos problemas com eles além da ocasional coceira sutil. O problema na verdade se tratava dos habitantes de Konoha.

Que qualquer um da vila da folha parecia o odiar já estamos cientes. Mas, quando eles viam seu rosto, viam seus bigodes, eles pareciam ter sido infectados pelo vírus da raiva. Faltavam só espumarem pela boca, e isso sempre, sempre ocasionava em perseguições longas e, se fosse pego, muita surra. — Tentativa de assassinato se você quiser ser mais explicativo.

E nem vamos começar a falar da academia ninja. Aqueles idiotas que ele era obrigado a conviver não paravam de zoar com sua cara, mesmo depois de Naruto já ter acabado com a maioria deles na porrada. Nada mudava, mesmo assim.

Ele aprendeu a esconder seu rosto por isso, mas seus cabelos loiros incomuns não o ajudavam muito a passar despercebido. Ele odiava não poder esconder seus bigodes desde então.

Na verdade, ele odiava o fato de que precisaria esconder seus bigodes pra se manter seguro, que precisava se tornar o menor e mais indetectável possível se não quisesse apanhar ou, quem sabe, ser morto.

Ele estava cansado. Naruto estava cansado. Ele só tinha oito anos, mas parecia mais velho. Ele nem se lembra da última vez que pode brincar como as outras crianças, ele sequer se lembra de ter brinquedos ou qualquer coisa assim. Ele, alguma vez, teve permissão pra ser uma criança? 

Ele esta cansado, ele quer desistir, ele quer deixar-se apagar da existência. Mas ele não pode. E então ele lembra.

Ele lembra deles. De seu amor. De seu carinho. De suas promessas.

Ele lembra. Ele lembra, mas é tão difícil... Ele continua mesmo assim, ele havia prometido. Eles também tinham, mas que melhoraria.

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