Desespera mais um parágrafo pelo seguinte
Este pobre coitado não sabe como vai morrer
Se de ponto final, exclamação ou interrogado
Tal como este há outros que são quase vinte
Na pressa de escrever os olhos que o vão ler
Perdeu a compostura, viu-se ditado e não lido
Pura tese de estilo académico, quase verborreia
Importante e imponente perante os seus pares
Quando se estendia pela língua tutora de letras
Do orador que esbracejava para plateia e meia
Na leitura incessante daquelas páginas ímpares
Que tontas lhe cambaleavam na boca, ególatras
O fogo queimava o pavio estimulado com azeite
E derretia a cera sobre um candelabro macabro
Negro e forrado a pequenas caveiras sorridentes
As folhas cheias de verbos rostiam-se em deleite
A orgia linguística dos frades era um descalabro
E todos os sós riam gloriosos, com e sem dentes
VOCÊ ESTÁ LENDO
OLHAR CEGO
PoetryColeção notável de textos do site Luso-Poemas. Junte-se a nós em www.luso-poemas.net