Dizer que prefere a folhagem à flor marca uma imprecisão
Traduzida por um clarão que tem em evidência só o verde
Significaria fazer uma pausa justo quando a música eleva
É como sugerir que o verão em seus avanços e retrocessos
Conjure sua luz de modo a penetrar só as janelas traseiras
Até que por fim chegue o momento final, a luz nos pertence
Diz-se ser o álibi perfeito para ocultar uma eventual soçobra
A iluminação inconstante, permite ou não negar o desastre
Mas quem ama às escuras, sabe que pode amar sem olhar
Fazer desse amor duas mentiras: o antes e quando se acaba
Restando apenas um estilhaço a afirmar que fora uma festa
A nota de oboé inadiável, um tangido de língua do rouxinol
Um repicar dos sinos à maneira qual já fez repicar outrora
Negar tudo, seria como reconhecer que a vida foi cegueira
Contudo o que me surpreende é que são só dez da manhã
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OLHAR CEGO
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