(13) «Poema inútil», de rosafogo

92 4 1
                                    

hoje sou uma folha transviada

num espelho de águas

neste poema onde as palavras

se apagaram da memória,

restam as mágoas.


este é um poema torpe e inútil

para encerrar a vida com alguma

lucidez,

virá a desmemória tudo se apagará de vez

entre o sol e um voo

até ao obscuro.


contarei as rugas novas

continuarei a viver?

sei que é duro!

e com lucidez interrogo-me

serão minha última derrota?

talvez a amargura se vá fundindo

e eu resistindo.


tenho a certeza de ter vivido

escrevo este poema, meu universo

pode não fazer sentido,

na minha insanidade é verso

mais um verso


confuso meu rosto desolado

lembra quando a vida ardia,

hoje derrubado,

- resiste a mais um dia.

OLHAR CEGOOnde histórias criam vida. Descubra agora