(32) «O sal não magoará tanto como a saudade», de Agniceu

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Na pele do papel,

A dor escorre,

A tinta da lembrança

De uma vida que se apagou

Para aquela menina de cabelo curto,

Que preenchia os dias

Com latidos e travessuras.


Filha de estimação,

Guardava a família

De tudo o que surgia,

Até dos insetos rastejantes,

Sem falar dos lençóis que dançavam

Ao sabor das correntes.


Era a nossa imperatriz das lambidelas;

Corria com o chão nas mãos

Em direção aos nossos braços,

Como fazem os soldados

Nos regressos.


Agora,

Aqui,

Nesta tela,

O reflexo das águas

Embaça as letras,

E as memórias

Dilatam as veias.


Aqui,

Perto do peito,

A maré da saudade

Permanecerá cheia.


Não haverá magreza nas vagas;


E na arrebentação do coração,

Soará o ladrar

Do seu amor,

Como um eco do nosso...


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