O Que Ficou Para Trás (Parte II)

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À primeira vista, o plano de Mewthazar havia falhado miseravelmente. De fato, as chances de ter sucesso eram praticamente mínimas e ainda assim, ele resolveu arriscar. Ele se perguntava se teria  sido melhor ter tentado falar com Odimyuus primeiro, ou talvez, se simplesmente já fosse tarde demais para seus arrependimentos.

Sendo assim, ficou ali, deitando-se de costas sobre a relva brilhante e encarando melancolicamente o céu estrelado, onde a magnífica constelação de Mizantri podia ser vista a olho nu.

 Resolveu esperar que seu pai Mewrilin voltasse furioso com Devimyuu, após acusá-lo. Já tinha demonstrado falta de coragem em tantas situações em sua vida, que decidiu que aquela não seria mais uma, então de forma alguma tentaria fugir ou se esconder.

Ainda a respeito de seu pai, sabia que sua reação com certeza não seria nada boa, porém, imaginava que depois dos eventos recentes, não havia como decepcioná-lo mais.

Aquela reflexão lhe doeu; afinal, seu pai sempre se orgulhou, lhe apoiou, e lhe deu um voto de confiança até mesmo quando Mewthazar duvidou si mesmo. Todo o afeto e cumplicidade que sua mãe intolerante deixava a desejar, era compensado pelo amor de Mewrilin infinitas vezes mais. Contudo, agora a relação de ambos estava abalada, e uma das coisas que Mewthazar mais temia, era que não houvesse mais como reatá-la.

Exalando um suspiro doloroso e profundo, o felin seguiu observando o fulgor sobrenatural das estrelas de tom azulado e prateado, que formavam a silhueta de um grande cetro — o símbolo do domínio mágico. Ao redor dele, pequenos pontos luminosos giravam lentamente, simbolizando os ciclos eternos e imprevisíveis da magia, lembrando a todos da presença contínua de Mizantri sobre Magispell.

 Ao redor dele, pequenos pontos luminosos giravam lentamente, simbolizando os ciclos eternos e imprevisíveis da magia, lembrando a todos da presença contínua de Mizantri sobre Magispell

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Observar a constelação de seu deus ancestral o fez novamente repensar em sua vida. Em trinta e seis anos dela, sentia que não havia feito nada de significativo, e quando finalmente teve a chance, a desperdiçara por Heimewdall. Permitindo que ele destruísse suas convicções, plantando medo e insegurança, o manipulando como um fantoche. 

Guimewvere — sua madrasta e mãe de Heimewdall — estava certa. Havia algo de muito ruim em Heimewdall. Ele poderia ter escolhido mudar e interromper o ciclo, contudo, preferiu seguir fazendo a roda do infortúnio girar rumo a um destino catastrófico, sendo a verdadeira personificação do erro de seu pai Mewthur, pela forma ilícita e egoísta que o concebeu sem o consentimento de Guimewvere; a enganando, e depois manipulando não somente a ela como todos que estavam à sua volta para que ela gestasse e desse à luz o fruto de seu pecado secreto.

Aquela história era feia para se dizer o mínimo, e sórdida para se resumir. O falecido antigo rei Mewthur não era o que todos pensavam, no entanto, persuadir outros a pensarem exatamente como ele queria era sua especialidade. E ao que tudo indicava, Heimewdall herdara todos os dons manipulativos de seu pai.

Poucos sabiam dessa verdade. O próprio Mewthazar soubera dela recentemente, quando, para sua surpresa, Guimewvere foi a única a acreditar nele, quanto ao fato de ter dito não rejeitar Devimyuu como seu aprendiz por ser reverso. Ela sabia que seu próprio filho detestável só podia estar por trás das atitudes de Mewthazar.

Reinos de Mysticat II - Elos Entre Irmãos Onde histórias criam vida. Descubra agora