008- Rosamaria Montibeller

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Estou no meio da quadra, observando a movimentação do time, ajustando minha lente para captar o melhor ângulo possível

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Estou no meio da quadra, observando a movimentação do time, ajustando minha lente para captar o melhor ângulo possível. Os rostos delas estão concentrados, como se o mundo lá fora não existisse, e o único objetivo fosse aquela bola cruzando o ar entre redes e bloqueios. Gritos de incentivo, ordens, o eco das batidas fortes dos pés no chão de madeira. O ambiente é intenso, quase como se fosse carregado por uma energia elétrica, prestes a explodir.

Mas meu foco, hoje, é uma pessoa em especial.

Rosamaria.

Ela se movimenta com uma graça que contrasta com sua força. Vejo os músculos de suas pernas contraírem e relaxarem conforme ela salta. Quando seus pés tocam o chão novamente, há uma precisão que me fascina. Cada ação, cada movimento parece ensaiado, calculado, mas ainda assim há uma leveza ali que me faz esquecer de respirar por alguns segundos.

— Isis, você conseguiu pegar o bloqueio?—pergunta Tati, uma das assessoras de comunicação da confederação, me tirando do transe.

— Ah, sim. Acho que consegui algo bem interessante aqui—Dou uma olhada rápida na tela da câmera para garantir que a foto está perfeita, mas a verdade é que nem sei direito o que capturei. Minha mente estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa.

Rosamaria salta novamente, dessa vez mais perto de onde estou posicionada. Consigo ver cada detalhe: a tensão em seus braços enquanto bloqueia, o leve franzir de suas sobrancelhas e o grito de esforço que ela solta ao tocar na bola. Meus dedos disparam no botão da câmera quase por instinto.

— Peguei agora— respondo, com um sorriso disfarçado, enquanto sinto meu coração acelerado, como se eu também estivesse em uma competição.

O treino termina alguns minutos depois. As jogadoras começam a se dispersar, algumas se jogam no chão exaustas, outras riem e conversam em pequenos grupos. Estou arrumando meu equipamento, organizando as lentes e cartões de memória, quando sinto uma sombra se aproximar.

— Você parece muito focada enquanto fotografa— diz uma voz firme e, quando me viro, Rosamaria está ali, mais perto do que eu imaginava.

Ela está suada, mas com um brilho nos olhos que não é só cansaço. É uma mistura de curiosidade e... talvez algo mais?

— É o meu trabalho— respondo, tentando soar casual, embora sinta um nó se formar no estômago— Mas vocês tornam isso fácil. Todo movimento de vocês é tão preciso, tão cheio de força."

Rosamaria dá um sorriso tímido, algo raro de se ver.

— Eu sempre me perguntei como é estar do outro lado da lente, sabe? Ver o que vocês veem. Deve ser diferente do que nós sentimos enquanto estamos em ação.

Tento não me perder na ideia de vê-la de uma forma que ninguém mais vê. De estar ali, capturando momentos que talvez ela mesma nem perceba.

— É... é uma perspectiva única, eu diria. Mas acho que o que vocês sentem é ainda mais intenso.

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