006- Jude Bellingham

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Eu não sabia quem ele era quando o vi pela primeira vez

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Eu não sabia quem ele era quando o vi pela primeira vez. Jude Bellingham. Para mim, era apenas mais um rosto curioso que apareceu no museu numa tarde qualquer. A exposição que o Real Madrid estava patrocinando havia sido a sensação da temporada, e isso atraía todos os tipos de visitantes. Desde famílias comuns até os mais apaixonados por arte. Mas naquele dia, aquele jovem com aparência atenta parecia diferente. Ele observava as pinturas e esculturas com uma estranha mistura de fascínio e desconforto, como se tentasse entender algo que escapava ao seu entendimento.

Eu estava restaurando uma escultura em uma das salas laterais, afastada do burburinho principal, quando ele apareceu pela porta. Como de costume, o avental manchado e as luvas brancas cobriam boa parte da minha aparência, mas eu sentia sua presença ali, me observando com curiosidade.

— Desculpe, eu não queria atrapalhar — ele disse, a voz baixa, educada, mas com um certo peso.

Olhei por cima do ombro e sorri, acostumada a receber visitantes interessados no processo de restauração.

— Não está atrapalhando. Na verdade, pode ficar à vontade. — Voltei a concentrar-me na escultura, movendo os pincéis com precisão.

— O que você está fazendo? — A curiosidade em sua voz era genuína.

Sorri de novo, apreciando o interesse, algo raro entre os visitantes que costumavam preferir a grandiosidade das peças finalizadas.

— Estou restaurando essa escultura do século XVIII. É uma figura mitológica, o deus Hermes. Ele está danificado pelo tempo e pelas condições a que foi exposto. Meu trabalho é tentar devolvê-lo ao estado original, ou o mais próximo possível disso.

Ele se aproximou lentamente, ficando ao meu lado. Senti a energia de alguém acostumado a mover-se pelo mundo com confiança, mas que ali, naquele momento, parecia hesitante.

— Fascinante... Você está dando vida a algo que estava meio... perdido? — Ele hesitou, buscando as palavras certas.

Levantei a cabeça e o observei. Havia algo na maneira como ele olhava para a escultura, como se não estivesse apenas vendo uma peça de arte antiga, mas buscando algo mais profundo. Foi então que percebi, pela primeira vez, seus olhos escuros e intensos.

— Acho que é isso que fazemos. Restauradores lidam com o tempo. Tentamos entender o passado, o desgaste, e trazer de volta o que foi perdido. Mas nunca fica exatamente igual. Há sempre marcas do tempo.

Ele sorriu levemente, ainda observando a escultura, mas parecia estar pensando em algo além das minhas palavras. Depois de um momento de silêncio, ele se virou para mim.

— Eu sou Jude, a propósito.

Eu o cumprimentei, sem pensar muito nisso, e voltei ao trabalho. Mas, por alguma razão, ele ficou. Não apenas naquele dia, mas em muitos outros que vieram depois.

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