014- George Russell

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Sempre odiei como o paddock cheirava a gasolina e borracha queimada

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Sempre odiei como o paddock cheirava a gasolina e borracha queimada. Cresci rodeada por esse cheiro, ouvindo o barulho ensurdecedor dos motores e vendo os flashes incessantes dos fotógrafos que perseguiam meu pai a cada passo que ele dava. A Fórmula 1 nunca foi só sobre corridas para mim; foi sobre carregar o peso de um sobrenome famoso e me acostumar com olhares que sempre diziam: "Você é filha do Piquet." Para muita gente, isso era um privilégio. Para mim, era uma jaula dourada.

Hoje, em Silverstone, o mesmo cenário se repetia. Eu andava pelos bastidores com a expressão treinada: sorriso neutro, olhar calmo, passos decididos. George tinha me convidado para a corrida, mas eu hesitei até o último momento antes de decidir vir. Tudo entre nós ainda era novo, incerto. Nem eu sabia definir o que estava acontecendo. Uma amizade que havia se transformado em algo mais, mas que ainda não sabíamos como nomear. Uma aposta arriscada, como uma corrida sem garantias de bandeira quadriculada no final.

Quando o vi no grid mais cedo, ele parecia impecável como sempre. Seu macacão preto da Mercedes moldava seu corpo magro e forte, e seus olhos azuis brilhavam sob o capacete levantado, mesmo em meio à tensão pré-corrida. George era diferente de todos os pilotos que eu conhecia. Ele era paciente. Não forçava nada. No começo, pensei que era só charme britânico — aquela calma típica que esconde tempestades internas. Mas ele realmente era assim. Não existiam jogos, nem promessas vazias. Com ele, tudo parecia simples, até quando não era.

— Torça por mim hoje, certo? — ele sussurrou quando nos despedimos mais cedo.

Eu não respondi com palavras. Apenas dei um sorriso tímido e toquei levemente a mão dele, escondendo o gesto dos fotógrafos ao redor. Estávamos à beira do abismo, e eu não sabia se conseguiríamos saltar juntos.

Agora, sentada na sala VIP da Mercedes, com as vozes da transmissão ecoando pelos alto-falantes e o ronco dos motores rasgando o ar lá fora, eu me sentia uma intrusa. Estava cercada por dirigentes da equipe, esposas de outros pilotos e gente que vivia nesse mundo como se fosse sua segunda pele. Mas, para mim, tudo isso ainda era desconfortável. Eu sempre preferi assistir às corridas de longe, evitando os holofotes. Só que, por George, decidi estar ali. Ele não me pediu diretamente, mas eu sabia que minha presença significava algo para ele. Era como se estar ali fosse uma espécie de aposta silenciosa.

A corrida começou bem para George. Ele largou em quarto e, com habilidade cirúrgica, avançou para o segundo lugar na décima volta. Assisti à corrida com o coração na boca, apertando as mãos contra o joelho cada vez que ele fazia uma ultrapassagem ousada. Tudo nele era controle e precisão. Uma parte de mim invejava essa confiança absoluta — eu nunca tinha certeza de nada.

Mas então, na volta 36, tudo desmoronou. O rádio da equipe explodiu em gritos quando o carro dele se desequilibrou na curva Copse. De onde eu estava, só consegui ver o Mercedes dele rodar no asfalto e bater na barreira de proteção com uma força brutal. O impacto me tirou o ar, como se alguém tivesse me socado no estômago. Um silêncio gelado caiu sobre a sala VIP, quebrado apenas pelos gritos abafados dos engenheiros no rádio.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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